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Medalhista olímpico Nelson Prudencio morre após sofrer com câncer no pulmão

Nelson Prudêncio, medalhista olímpico que morreu vítima de câncer no pulmão - Divulgação
Nelson Prudêncio, medalhista olímpico que morreu vítima de câncer no pulmão Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

23/11/2012 08h24

O ex-atleta do salto triplo Nelson Prudêncio morreu na madrugada desta sexta-feira, na Casa da Saúde da cidade de São Carlos. Ela sofria com um câncer de pulmão.

Prudêncio estava desde a manhã da última terça-feira na UTI do hospital em coma em um quadro decorrente de complicações de um câncer de pulmão. Segundo familiares, os médicos que cuidam do caso informaram que a situação do medalhista olímpico de 68 anos era irreversível.

"Ele descobriu o câncer há pouco tempo, não deu tempo de fazer nada", afirmou Cristiana, filha de Nelson Prudêncio, em contato com a reportagem do UOL Esporte, ainda na terça-feira.

O velório já está sendo realizado, e o enterro será às 16h30, no cemitério municipal nossa Senhora do Carmo, na cidade de São Carlos.

Prata nos Jogos do México em 1968 e bronze em Munique em 1972, Prudêncio foi surpreendido pela notícia de que sofre de câncer de pulmão há poucas semanas. O ex-atleta passou por uma internação no começo de novembro e retornou ao hospital nos últimos dias. O avanço da doença foi acelerado e rapidamente conduziu o herói do salto triplo nacional ao quadro de coma.

Nos últimos anos, Prudêncio vinha trabalhando na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), como professor Doutor em Educação Física. Paralelamente atuava como vice-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo.

Em entrevista para o UOL Esporte em junho passado, Prudêncio discorreu sobre o estudo acadêmico de sua autoria que prega o auxílio da ciência para reconduzir o Brasil ao pódio olímpico do salto triplo, prova que, além de suas façanhas, teve no país Adhemar Ferreira da Silva e João do Pulo como ícones.

FRASES SOBRE NELSON PRUDÊNCIO

  • "“Em termos de referência, foi a minha maior, não só no começo da carreira, como depois também. Ele foi o motivador da minha carreira e me ajudou muito a chegar onde estou", Maurren Maggi, campeã olímpica.
  • "Nelson Prudêncio, descanse em paz. Será sempre uma referência para todos nós", Paula, ex-jogadora de basquete
  • "Educador nato, em todos os sentidos, homem de conciliação, jamais utilizava uma palavra áspera para se referir a pessoas ou fatos", Roberto Gesta, presidente da CBat

 

"Existe um hiato de 32 anos sem medalhas. Isso me motivou. A finalidade deste trabalho era essa, preencher esta lacuna. Tivemos uma série com o Adhemar, eu e o João Carlos, mas tudo produto do acaso. Nunca existiu uma sistematização", afirmou Prudêncio na entrevista em junho, concedida em sua sala no campus da UFSCar.

A Confederação Brasileira de Atletismo emitiu uma nota nesta manhã, assinada pelo presidente Roberto Gesta de Melo, em que lamenta profundamente a morte de Prudêncio, vice-presidente da entidade. A CBat declarou luto oficial de sete dias.

"O Brasil ficou menor. Em um País com poucos expoentes nas mais diferentes áreas de atividade, acabamos de perder uma das raras referências históricas de nosso desporto. Deixou-nos  o Mestre Nelson Prudêncio, duas vezes medalhista olímpico, recordista mundial do salto triplo, professor universitário, doutor, dirigente maior, conselheiro das novas gerações de desportistas, companheiro leal e participante sempre presente na luta pelo desenvolvimento da modalidade que tanto engrandeceu", diz trecho da nota.

O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) declarou luto oficial de três dias.

RECORDISTA MUNDIAL POR ALGUNS MINUTOS NA OLIMPÍADA

O ex-atleta Nelson Prudêncio foi um dos protagonistas de uma das finais mais equilibradas da história olímpica. A disputa pelo ouro na Cidade do México em 1968 teve nove quebras do recorde mundial em apenas quatro horas, no embate entre o futuro professor brasileiro, o soviético Viktor Saneyev e o italiano Giuseppe Gentile.

Na oportunidade, a marca subiu de 17,03 para 17,37 metros, mas, no desfecho, o melhor salto acabou sendo o do soviético Saneyev. Pouco antes, no entanto, Prudêncio havia alcançado 17,27 metros, desfrutando por alguns minutos a inesperada conquista do recorde mundial.

"Eu não estava preparado para aquilo. Pensei: 'quem sou eu para ser recordista mundial?'. Tinha ido lá para bater o recorde brasileiro, que era de 16,56 m. Desmoronei emocionalmente", relatou Prudêncio, que tinha 24 anos na época, em entrevista ao UOL Esporte em junho passado.

SALTO TRIPLO - MEDALHAS DO PAÍS NAS OLIMPÍADAS

Ouro – Adhemar Ferreira da Silva – Helsinque-1952Bronze – Nelson Prudêncio – Munique-1972
Ouro – Adhemar Ferreira da Silva – Melbourne-1956Bronze – João do Pulo – Montreal-1976
Prata – Nelson Prudêncio – Cidade do México-1968Bronze - João do Pulo – Moscou-1980