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Não de empresas de material esportivo faz federação de atletismo de SP criar sua própria marca de roupa

Mauro Chekin, novo presidente da Federação Paulista de Atletismo - Divulgação/FPA
Mauro Chekin, novo presidente da Federação Paulista de Atletismo Imagem: Divulgação/FPA

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

29/11/2012 06h00

Imagine a cena. Você é o representante da federação estadual mais poderosa do atletismo brasileiro. Em estrutura, só perde para o futebol. E bate à porta das empresas de material esportivo que seus atletas usam para pedir patrocínio. Pode parecer surpreendente, mas todas as respostas que a Federação Paulista de Atletismo recebeu foram não. E, depois de tantas negativas, a entidade desistiu de procurar executivos.

COOPERATIVA PARA CORRIDAS DE RUA FICAREM MAIS BARATAS

  • Sergio Shibuya/ZDL

    Principal atrativo do cadastro de corredores, os descontos nas inscrições das corridas de rua são parte de um projeto maior, que deve tornar o custo de organizar esses eventos menores. A FPA vai encabeçar uma cooperativa com as agências esportivas que realizam as provas, para diluir os custos fixos, como camisetas, números de peito, chips de cronometragem ou placas. “O poder de barganha da Federação, pedindo 400 mil camisetas, vai ser muito maior com os fornecedores do que os dos organizadores individualmente, pedindo dez mil”, completa Chekin. A ação da marca Athletics Federation, porém, não estará ligada à cooperativa das corridas de rua.

A partir de 2013, a FPA terá sua própria marca esportiva. A Athletics Federation SP está no final do processo de registro. Ainda no primeiro semestre, os primeiros produtos devem ser lançados. Camisetas e shorts serão o carro chefe, para atender ao público de corridas de rua, um universo em São Paulo que envolve 458 mil participantes em 480 corridas oficiais disputadas a cada ano.

Além disso, será com sua própria marca que as equipes paulistas vão disputar os Campeonatos Brasileiros a partir do ano que vem. “Nós procuramos várias empresas, mas é sempre é a mesma coisa: 'Agora não dá', 'Não existe o interesse'. Então tudo bem. Vamos partir para o que sabemos fazer, que é cuidar do esporte, e agregar uma propriedade a esse nosso trabalho. Nosso plano é chegar a 100 mil atletas cadastrados em dois anos. É uma pena que nenhuma empresa tenha tido a visão de aproveitar esse potencial”, explica o novo presidente da entidade, Mauro Chekin – ex-diretor, ele assumiu o comando da entidade agora que o antigo mandatário, José Antônio Fernandes, vai assumir a presidência da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).

A marca irá vender produtos em uma loja online e na própria sede da entidade. As vendas, porém, serão turbinadas pelas mudanças que o atletismo paulista deve passar nos próximos meses. A partir de 2013, a FPA promete turbinar seus eventos, transformando os campeonatos em acontecimentos culturais, para atrair público. “Hoje, as arquibancadas dos torneios tem só atleta e familiar. Precisamos criar fatos para atrair público, sejam eles feiras culturais, apresentações de circo. As pessoas vão para o estádio por essas atrações e acabam aproveitando para ver uma competição de atletismo”, explica Chekin.

A maior aposta dos dirigentes, porém, é no universo das corridas de rua. Também a partir de janeiro, a federação vai criar uma espécie de clube de corredores de rua, aberto ao grande público. A ideia é agrupar os cerca de 150 corredores frequentes do estados em um grande programa, que dará descontos em inscrições e benefícios como programas de treinamentos e atendimento odontológico e de fisioterapia básicos.

“Hoje, temos menos de 50 corredores de rua cadastrados. Mas isso é o esperado já que não existe nenhum benefício em ser cadastrado. Agora, com um pagamento de uma anuidade de R$ 30,00, ele terá alguns serviços a sua disposição. E, se você somar, em três ou quatro provas, o desconto paga a anuidade. Por isso, acreditamos que podemos chegar a 50 mil cadastrados em 2013 e bater a marca de 100 mil em 2014”, prevê Chekin.