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Pistorius tira próteses em tribunal para simular noite do crime

Do UOL, em São Paulo

08/04/2014 08h26

Oscar Pistorius deu continuidade a seu depoimento no julgamento pela morte da modelo Reeva Steenkamp. Nesta terça-feira, o campeão paraolímpico relatou em detalhes a noite do crime, voltou a afirmar ter confundido a namorada com um invasor e disse ter pensado que a modelo estava a seu lado na cama quando atirou contra a porta de um banheiro. No momento mais dramático de seu depoimento, tirou suas próteses para simular o momento em que disparou.

Quem acompanhou o julgamento nesta terça-feira ficou chocado com uma peça dramática preparada pela defesa. Utilizando suas próteses, Pistorius dirigiu-se até a porta do banheiro atingida pelos tiros, trazida de sua casa ao tribunal como prova do crime. Depois, dramaticamente, retirou as pernas artificiais e, apoiado sobre suas amputações, voltou a se aproximar da porta.

Antes, o campeão paraolímpico relatou passo a passo a noite da morte de Steenkamp. Pistorius disse o casal jantou normalmente e conversou sobre o contrato que a modelo estava prestes a assinar. Após comerem, os dois assistiram televisão no andar térreo da casa e o atleta afirmou ter fechado as cortinas.

Pistorius disse ter seguido Steenkamp até o quarto e fechado o cômodo à chave, como costumava fazer todas as noites. Também colocou a arma debaixo de seu travesseiro. Antes de ir dormir, o atleta ainda conversou por meia hora com um primo ao telefone, enquanto a modelo fez exercícios de alongamento e iôga.

“Quando terminei de conversar, Reeva se levantou e foi ao banheiro. Também fui ao banheiro para escovar os dentes e, quando voltei ao quarto, ela já estava deitada na cama”, relatou Pistorius, que em seguida deu sua versão sobre o momento do crime.

“[De madrugada] Ouvi um barulho de janela sendo aberta no banheiro. Já estava com medo de algo assim. A primeira coisa que me veio à cabeça foi que tinha que encontrar uma arma para proteger Reeva e eu. Saí furtivamente da cama, peguei minha arma debaixo do travesseiro e disse a Reeva [pensou que estava a seu lado] que desceria para chamar a polícia”, alegou Pistorius.

O julgamento entrou em recesso para almoço justamente no momento em que Pistorius daria sua versão para os disparos contra a porta do banheiro onde estava Steenkamp. A paralisação de mais de uma hora irritou a família da modelo, que foi ao tribunal acompanhar a declaração do campeão paraolímpico.

Na retomada das atividades, Pistorius surpreendeu ao trocar sua vestimenta. Deixou o terno de lado e retornou ao tribunal usando camiseta e uma bermuda, com suas próteses à mostra. O atleta disse se sentir vulnerável sem as próteses e reafirmou que estava sem elas quando se dirigiu à porta do banheiro para verificar a suposta invasão. Foi quando realizou a encenação que terminou com a retirada de suas próteses.

Sobre os disparos, o campeão paraolímpico afirmou que estava escuro quando se esgueirou até o banheiro e viu que a janela estava aberta. Ao confirmar que havia alguém no cômodo, disparou quatro vezes contra a porta, temendo ser atacado. Pistorius ainda alegou não ter ouvido os gritos de Steenkamp por estar com os ouvidos 'soando' pelo barulho dos tiros.

"Neste momento ainda não havia me ocorrido que Reeva podia estar no banheiro. Voltei ao canto da cama e tentei me apoiar para subir enquanto falava com Reeva. Ninguém me respondeu. Consegui subir na cama e foi quando percebi que ela não estava lá", disse Pistorius.

"Gritei por ajuda, entrei em pânico, não sabia o que fazer. Eu olhei para ela e... não estava respirando", completou o campeão paraolímpico, em meio a uma crise de choro.

Questionado pela defesa, Pistorius deu longo depoimento sobre sua vida ao lado de Steenkamp. O atleta disse ter conhecido a modelo em 4 de novembro de 2012, através de um amigo vendedor de carros de luxo. O campeão paraolímpico buscou ressaltar que seu relacionamento com a namorada era ótimo, com brigas normais de um casal.

Para isso, leu uma série de mensagens de textos trocadas entre Steenkamp e ele nos últimos meses. A maior parte dos SMSs trazia declarações amorosas e de apoio mútuo entre o casal.

“Reeva adorava colocar as coisas por escrito, achava mais fácil. Eu não gosto de mensagens de texto porque não consigo me fazer entender”, disse Pistorius.