Topo

Oscar Pistorius admite que não tinha "motivos objetivos" para atirar

Do UOL, em São Paulo*

10/04/2014 07h53

O sul-africano Oscar Pistorius, que passa por um longo julgamento pela morte da namorada Reeva Steenkamp, admitiu que não tinha reais motivos para atirar nela na noite do dia 14 de fevereiro de 2013. Durante audiência realizada nesta quinta-feira, ele foi interrogado pelo promotor do caso, Gerrie Nel, e foi confrontado sobre a versão que dá. Ele admite ter atirado em Reeva, mas diz que pensou ser um ladrão que invadiu sua casa. 

O promotor fez diversas acusações quanto ao comportamento do campeão paraolímpico no atletismo e o acusou de matar Reeva após uma discussão. Ele tenta desconstruir a imagem feita pela defesa de que Pistorius é um homem lutando para esclarecer um “terrível erro”, acontecido em fevereiro de 2013. "Você culpa todo mundo, menos você", afirmou o acusador.

Para Nel, não havia reais indícios de que um ladrão havia entrado na casa, como Pistorius disse, e que portanto não havia motivo para ele disparar sua arma. "Nós sabemos de fato, que você não tinha razão para atirar", disse Nel. Pistorius respondeu: "Isso está correto."

"Eu não disparei deliberadamente. Eu atirei de medo, eu não queria puxar o gatilho", disse Pistorius, que lembrou ter dado quatro tiros na noite do incidente. "O barulho vindo do banheiro me fez atirar, eu ouvi um barulho no banheiro e descarreguei a arma."

Apesar da admissão, Pistorius segue dando a versão de que tudo não passou de um acidente.

Nel tentou provar a negligência de Pistorius em relação ao seu manuseio de armas, alvo de polêmicas anteriores à morte da namorada. Ele já foi acusado de disparar uma arma em um restaurante. O promotor questionou se o fato de ele levar armas para todo lugar não seria negligência – ainda mais pelo fato de ela sempre estar carregada.

“Por que você deixaria suas armas sem cuidados? Isso é negligência”, afirmou Nel. Pistorius admitiu que seu comportamento era negligente. Um caso abordado foi quando o sul-africano deu uma festa em um barco, levou uma arma para lá e a deixou - carregada - sem cuidados, colocando os convidados e ele próprio em risco.

Sobre o tiro no restaurante, Pistorius alegou que a arma entregue a ele sob a mesa, por um amigo, disparou sozinha. Semanas atrás, em depoimento ao tribunal, um policial chamado Chris Mangena disse que isso era impossível de acontecer.

O réu disse não ter explicação para o disparo espontâneo, e criticou seu advogado Barry Roux por ter decidido não interrogar Mangena.

"Agora você culpa seu advogado, o dr. Roux", rebateu o promotor. "Você está mentindo. Você simplesmente se recusa a assumir a responsabilidade por qualquer coisa."

Pistorius reagiu às acusações apontando imprecisões, mas não negou que os fatos tenham ocorrido. Em outro momento, em tom emotivo, disse: “eu nunca tive a oportunidade de dizer a Reeva que a amava”.

* Com agências internacionais