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Do vício ao título mundial em 3 anos: como atleta escapou da droga da moda

Luvo Manyonga foi prata no Rio-2016 e campeão mundial em Londres - Richard Heathcote/Getty Images
Luvo Manyonga foi prata no Rio-2016 e campeão mundial em Londres Imagem: Richard Heathcote/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

09/08/2017 04h00

Junho de 2014. Campeão mundial júnior do salto em distância e após cumprir 18 meses de suspensão por doping, Luvo Manyonga chega ao fundo do poço. Mario Smith, o treinador que identificou seu talento ainda criança, morre na África do Sul. Pouco antes do enterro do homem que ele considerava como seu pai, Manyonga encontra alguns amigos e usa novamente o tik, a droga na qual é viciado. Ele perde o velório do ex-treinador e retoma o uso da droga.

Dois anos depois, no Rio de Janeiro, Manyonga conquista a medalha de prata na Olimpíada. E em 2017, no último fim de semana, torna-se campeão mundial em Londres. Se a queda desse atleta sul-africano foi grande, seu ressurgimento foi quase tão rápido. E um técnico irlandês, John McGrath, é o responsável direto por isso.

Ex-coletor de lixo reciclável, faixa preta em cinco artes marciais e ex-atleta de competições de força, McGrath morava na África do Sul quando conheceu a história de Manyonga. O saltador estava viciado no tik, forma como os sul-africanos chamam o cristal de metanfetamina, e McGrath o levou para sua academia.

Como não entendia de saltos, o irlandês recolocou Manyonga em contato com seu treinador, Mario Smith. Tudo ia bem até que, em junho de 2014, Smith morreu em um acidente de carro. "Aos 30 anos, você pode estar em cima de um pódio ou dentro de um caixão", disparou McGrath para Manyonga, quando este teve a recaída nas drogas com os antigos amigos.

O choque deu certo. E a irmã de Manyonga resume assim o papel do irlandês na recuperação do saltador.

“Luvo [Manyonga] estava nas drogas e nós estávamos assustados. Então ele nos apresentou John, que nos ajudou com dinheiro para comida e eletricidade. Eu poderia escrever dez páginas sobre como John é bom para a gente. Anos atrás, só ele quis ajudar Luvo”, contou ela ao "The Guardian".

Hoje, Luvo Manyonga tem como sua melhor marca no salto em distância 8,65m. Na atual temporada, seis das dez melhores marcas são suas. Para alguns, ele tem capacidade para superar o recorde mundial do norte-americano Mike Powell, de 8,95m, registrado em 1991. Aos 26 anos, Manyonga é o 11º melhor de todos os tempos, por enquanto.

Mas ao mesmo tempo em que ele foca nas próximas metas, uma não sai da sua cabeça: manter-se longe das drogas. “Serei um viciado em processo de recuperação para o resto da minha vida”, enfatiza o sul-africano.