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Londres supera problemas e transforma ex-"montanha de geladeira" após Jogos

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Imagem: Divulgação

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

10/08/2017 04h00

Foram mais de 4 milhões de visitantes a partir de 2013, após sua construção para a realização dos Jogos Olímpicos de 2012 e a expectativa é de que 15 mil vagas de trabalho sejam geradas até 2025 na região. Mas garantir o legado do Estádio Olímpico não foi um mar de rosas. E custou caro aos cofres públicos no Reino Unido.

A ideia de construir uma arena que pudesse ser usada para o atletismo e para o futebol começou ainda em 2003 e demorou anos para tomar forma. Isso porque os projetistas acreditavam não ser possível conciliar as duas modalidades. Foram várias as reviravoltas ao longo dos anos, incluindo a proposta do Tottenham de derrubar a estrutura que já estava sendo levantada para a Olimpíada e construir um novo estádio para o clube, ideia rechaçada pelo então prefeito de Londres Boris Johnson.

Em 2011, foi decidido que o estádio ficaria com o West Ham, ainda que uma série de brigas judiciais tenham feito com que o contrato fosse assinado apenas em 2013, após os jogos. O clube ganhou o direito de usar o espaço por 99 anos, tendo de cedê-lo para grandes eventos, como o Mundial de Atletismo, e ficando com a obrigação de usá-lo para atividades que envolvam a comunidade e a educação de crianças.

Os 160 milhões de libras - cerca de 655 milhões de reais - vieram da venda do estádio antigo, de um restante do orçamento da Olimpíada, ajuda governamental e um empréstimo feito junto à sub-prefeitura local, com juros de 35%. Além disso, o West Ham paga um aluguel anual de pouco mais de 10 milhões de reais, o que foi apelidado de “o negócio do século” pelos críticos da transação.

Mas o orçamento acabou sendo muito maior e já foram gastos, no total mais de 750 milhões de libras, ou 3 bilhões de reais na construção e renovação do estádio, conta que vem sendo dividida entre a empresa que gere o parque olímpico e a sub-prefeitura local, ou seja, o contribuinte segue pagando a conta do estádio mais de cinco anos depois de sua construção.

parque olímpico londres - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Para garantir o futuro da arena, construída em um local que antes era um dos maiores depósitos de eletrodomésticos usados da Europa, foi criada em abril de 2012 uma instituição, chamada Companhia do Legado do Parque Olímpico e formada por profissionais de várias áreas de atuação, desde especialistas em transportes até eventos culturais. Além de se certificar de que a área fosse usada adequadamente, a entidade se comprometeu a promover atividades que incluíssem a população local.

Afinal, todo o projeto de Londres para receber os Jogos em 2012 visou valorizar uma parte menos favorecida e marcada pela diversidade étnica, em Stratford, que viu seus imóveis sendo valorizados em pelo menos 50% desde o início das obras. Uma das maneiras de garantir isso é dando prioridade a moradores locais para trabalhar nas atividades realizadas dentro do Parque Olímpico, que hoje vão desde uma academia com direito a piscina com padrão de competição a 120 reais por mês até um centro de excelência para o basquete de cadeira de rodas.

Como são usadas as arenas:

ArcelorMittal Orbit: maior escultura do Reino Unido, com 114,5m de altura, o Orbit é utilizado hoje como ponto de observação da cidade e também como um escorregador gigante, de 40s de queda.

CooperBox Arena: arena usada para o handball, pentatlo moderno e goalball durante os Jogos e hoje recebe desde eventos esportivos promovidos por escolas até jogos de basquete profissionais e lutas de boxe. É a sede oficial de times londrinos de basquete, handball e netball.

Centro de tênis e hóquei Lee Valley: recebeu após os jogos assentos vindos da quadra de basquete e sedia grandes eventos de hóquei, além de ter se tornado um centro de excelência para basquete com cadeira de rodas.

Velopark: outra estrutura vendida para a empresa Lee Valley, que manteve o uso inicial, também abrindo ao público para a prática de ciclismo e BMX.

Centro aquático: Só foi reaberto dois anos após os jogos e hoje tem a capacidade de público bastante reduzida (apenas 2.500 lugares) para se tornar uma academia e creche para a população local, com mensalidades a partir de 30 libras - cerca de 120 reais - por mês.

Estádio Olímpico: última estrutura reaberta ao público, o estádio recebeu a Copa do Mundo de Rúgbi em 2015, mas foi oficialmente reaberto apenas ano passado, quando passou a receber os jogos do West Ham, além de ter se tornado um centro de treinamento de atletismo, voltado tanto para crianças, quanto para o alto rendimento.