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Brasil se vinga de 2010, cala ginásio e encerra jejum de 16 anos contra a Argentina

Tiago Splitter é marcado por Luis Scola em ataque do Brasil contra a Argentina - Andres Stapff/Reuters
Tiago Splitter é marcado por Luis Scola em ataque do Brasil contra a Argentina Imagem: Andres Stapff/Reuters

Daniel Neves

Em Mar del Plata (Argentina)

07/09/2011 19h40

Exatamente um ano após o duelo das oitavas de final do Mundial, Brasil e Argentina voltaram a se encontrar nesta quarta-feira pelo Pré-Olímpico das Américas. E desta vez a história foi bem diferente. Os comandados de Rubén Magnano ignoraram a pressão da torcida de Mar del Plata, fizeram uma grande apresentação na defesa e venceram por 73 a 71.

OS MELHORES MOMENTOS DA VITÓRIA

Além de aumentar a confiança para a sequência da competição, a vitória desta quarta-feira encerra um jejum de 16 anos do Brasil sem vencer seu principal rival em Mundiais ou Pré-Olímpicos. O último triunfo havia ocorrido no torneio classificatório para os Jogos de Atlanta-1996, ainda com a geração de Oscar em quadra.

BALA NA CESTA

É uma vitória que não garante a vaga olímpica, mas dá uma confiança absurda para o confronto de amanhã contra Porto Rico e para a semifinal de sábado.

E a quebra do jejum não poderia ter vindo de forma mais especial. Ocorreu diante de um ginásio lotado pela pulsante torcida argentina, que ao contrário dos demais jogos gritou e pressionou o jogo inteiro. Mas, no final, teve que se render à grande apresentação dos brasileiros.

Foi a primeira derrota dos anfitriões, que vinham de uma sequência de seis triunfos consecutivos no Pré-Olímpico. O resultado deixou a classificação do torneio completamente embolada. Brasil e Argentina estão empatados com 11 pontos e ainda serão alcançados pelo vencedor do duelo entre Porto Rico e República Dominicana, que jogam às 20h30.

Assim como em 2010, Luis Scola deu muito trabalho para os brasileiros com 24 pontos. Desta vez, porém, o argentino teve pela frente o surpreendente jovem Rafael Hettsheimeir, que comandou a vitória brasileira com 19 pontos e ainda contribuiu para que o pivô rival deixasse a partida na metade do último quarto com cinco faltas.

JOGADORES QUEREM FOCO EM PORTO RICO

"Todo mundo jogou bem. A
vitória é nossa, não minha.
A Argentina é um grande
time, com grandes jogadores.
Mas agora vamos nos
concentrar para pegar Porto
Rico amanhã"

Rafael Hettsheimeir,
cestinha do Brasil

"Jogamos no contra-ataque
 e a defesa foi incrível.
Viemos preparados para
tudo. Se for Argentina (na
semi), será Argentina. Se
for Porto Rico, será Porto
Rico. Estamos preparados"

Marquinhos,
ala do Brasil

No dia anterior o técnico Julio Lamas cogitou poupar seus principais jogadores contra o Brasil, mas mudou de ideia. Ele mandou à quadra força máxima e deve ter se arrependido. Logo no bola ao alto, Andrés Nocioni torceu seu tornozelo direito e teve que deixar a quadra amparado. De acordo com os médicos, o ala sofreu uma lesão leve e deve retornar à equipe só para as semifinais - a Argentina ainda enfrenta a República Dominicana, na quinta.

Com quase nenhuma rotação de ambos os lados, o primeiro quarto mostrou duas equipes com grande intensidade defensiva. A marcação sobre Luis Scola e Manu Ginobili funcionou bem e o Brasil só não abriu boa vantagem no placar por sofrer com os tiros de Carlos Delfino, que manteve a diferença em apenas 19 a 17 para os visitantes. Destaque para os sete pontos de Marcelinho Huertas, sempre eficiente no pick and roll.

O Brasil seguiu melhor até a metade do segundo quarto e teve a chance de ampliar sua vantagem para 10 pontos, mas não aproveitou e sofreu a reação argentina. Foram seis minutos sem marcar, nove pontos consecutivos da Argentina e a virada por 28 a 27. Scola encontrou atalhos para passar pela marcação e comandou os donos da casa com sete pontos no período.

Magnano voltou para o segundo tempo com Rafael Hettsheimeir em quadra e o jovem jogador correspondeu. Fez grande marcação sobre Scola no início do período e ajudou o Brasil a abrir 10 pontos de vantagem na partida. Lamas mandou à quadra Federico Kammerichs que, ao lado de Ginobili e Scola, comandaram nova reação dos donos da casa e cortaram a diferença para 53 a 47.

A partida ficou dramática no último quarto, com o Brasil mantendo uma vantagem no placar. A Argentina perdeu Scola com cinco faltas, mas contou com cinco pontos de Carlos Delfino nos últimos minutos para cortar a diferença de sete pontos para apenas dois. Mas Alex converteu dois lances livres e confirmou a histórica vitória do time verde-amarelo.

MELHORES E PIORES DO JOGO

LUIS SCOLA
Mais uma grande exibição contra o Brasil. Foram 24 pontos e 11 rebotes, apesar de ter saído com a quinta falta
MANU GINÓBILI
Marcou 14 pontos, mas foi bem marcado por Alex e sumiu nos momentos decisivos. Decepcionante
RAFAEL HETTSHEIMEIR
Não se intimidou diante de Luis Scola, deu um toco espetacular no astro e ainda terminou a partida com 19 pontos
TIAGO SPLITTER
Não acertou nenhum dos seis arremessos de quadra que realizou. Terminou com um ponto marcado em lance livre

FICHA TÉCNICA

BRASIL 73

Marcelinho Huertas (17), Alex (7), Marquinhos (14), Guilherme Giovannoni (13) e Tiago Splitter (1). Entraram Rafael Hettsheimer (19), Marcelinho Machado (0), Rafael Luz (0), Augusto Lima (2) e Vítor Benite (0).

ARGENTINA 71

Prigioni (13), Ginóbili (14), Delfino (12), Nocioni (0) e Scola (24). Entraram J. Gutiérrez (2), Jasen (2), Oberto (0) e Kammerichs (4).