Splitter troca seleção por férias pela 1ª vez em 8 anos: "Sei que virão críticas"

Pedir dispensa da seleção brasileira de basquete é uma experiência nova para o pivô Tiago Splitter. Presente a todas as principais competições do time nacional nos últimos oito anos, o jogador do San Antonio Spurs não crê que seu histórico amenize as críticas que devem surgir por sua ausência na Copa América, que começa no dia 30 de agosto, em Caracas, na Venezuela.

"Sei que vai ter gente que vai me criticar, é normal. Mas cada um sabe o que é melhor para si. Em todas as decisões da vida você sabe que vai ter gente que vai aceitar, outros que não. Mas preferi fazer um jogo franco, chegar aqui e falar o que estou pensando, qual é minha situação", disse Splitter, em conversa com jornalistas nesta terça-feira, em hotel em São Paulo.

Nome certo na seleção brasileira, Splitter ficará de fora de uma competição importante pela primeira vez desde 2005. Neste período, disputou a Copa América em 2005 e 2009, Pré-Olímpicos em 2007, 2008 e 2011, além dos Mundiais de 2006 e 2010 e a Olimpíada de Londres-2012. As únicas ausências ocorreram nos Pan-Americanos de 2007 e 2011, quando o país abriu mão de levar alguns de seus principais atletas.

Desgaste físico, ausência de férias nos últimos oito anos e a negociação de um novo contrato na NBA fizeram com que o jogador optasse por pedir dispensa ao técnico Rubén Magnano.

“É um ano que permite você ter um descanso. Obviamente se fosse uma Olimpíada ou um Mundial é outra coisa, você faz um esforço. Não quero tirar a importância da Copa América, é importante, mas é um ano de [renovação de] contrato, estou desgastado fisicamente e mentalmente. Tantos anos seguidos de seleção, minha esposa está querendo me matar. Um pouquinho de tudo me fez tomar essa decisão”, contou Splitter.

Os pedidos de dispensa causaram polêmica na seleção brasileira nos últimos anos. Em 2011, Nenê e Leandrinho foram severamente criticados por pedirem dispensa alegando motivos particulares e não integrarem o time nacional no Pré-Olímpico das Américas. Apesar de seu histórico positivo, Splitter não crê que irá receber tratamento diferente.

"Sei que o que importa é agora e que virão críticas, mas acontece. Basquete é assim. Realmente só estou preocupado com meus companheiros, o que vão achar. Por isso eu falei com eles antes, com o Marcelo [Huertas], que é o capitão, faz umas duas semanas", afirmou Splitter. "Realmente é uma pena. Tenho muitos amigos na seleção, depois de tantos anos juntos. Desejo o melhor para eles em Caracas".

Mesmo após conversar com Magnano e solicitar sua dispensa, Splitter foi mantido na lista de convocados divulgada pelo treinador na última segunda-feira. O pivô ainda revelou que a CBB propôs pagar seu seguro para que pudesse participar da competição, apesar do valor ter multiplicado pelo fato de estar sem contrato com alguma equipe.

“Eles tentaram me convencer que eu fizesse o seguro, mas deixei as coisas claras, falei que essa era minha decisão e eles aceitaram. O Magnano foi franco nisso, disse que se eu tinha essa decisão tomada era porque tinha minhas razões”, comentou o pivô.