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Governo vê CBB como 'ponto frágil' e ameaça cortar verba do basquete

Ricardo Leyser fez duras críticas à gestão da CBB e admitiu que entidade pode perder verbas do Governo - Carol Guedes/Folha Imagem
Ricardo Leyser fez duras críticas à gestão da CBB e admitiu que entidade pode perder verbas do Governo Imagem: Carol Guedes/Folha Imagem

Daniel Neves

Do UOL, em Fortaleza*

24/02/2014 06h00

A complicada situação financeira da CBB pode ficar ainda pior. Procurado pela Fiba Américas para uma série de reclamações, o Ministério do Esporte mostrou-se insatisfeito com a gestão da confederação que rege o basquete nacional e ameaçou cortar o apoio econômico que dá à entidade caso não ocorram mudanças imediatas.

Há essa chance, pois a situação da CBB é uma situação muito delicada. É um desequilíbrio financeiro muito grande. O nosso patrocínio do Governo olha o basquete inteiro e coloca [dinheiro] em alguns pontos. Se o sistema como um todo não estiver rodando, não adianta o Ministério resolver um pedaço”, disse Ricardo Leyser, secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, ao UOL Esporte.

“Temos investimento na Confederação, mas temos também no NBB, na LDB, nos estados. Isso forma um todo. Para que a gente mantenha o investimento no basquete, esse todo tem que funcionar. E hoje a gente percebe que o ponto frágil desse sistema todo é a Confederação”, completou.

A CBB tem apresentado dificuldades financeiras nos últimos anos. Em entrevista ao UOL Esporte em outubro de 2013, o presidente Carlos Nunes admitiu que a entidade devia a bancos, empresas de turismo e até para o condomínio em que está sediada. A dívida estaria em cerca de R$ 6 milhões (balanço de 2013 ainda não foi divulgado).

A situação financeira precária da CBB foi duramente criticada pelo secretário-geral da Fiba Américas, Alberto García, que se reuniu com Leyser durante o Jogo das Estrelas do NBB.  O dirigente revelou que a CBB ainda não pagou totalmente a taxa de 1 milhão de francos (cerca de R$ 2,6 milhões) pelo convite para o Mundial masculino e que desistiu de sua candidatura à sede dos Pré-Olímpicos para o Rio-2016 por não ter como pagar US$ 30 mil de inscrição.

Atualmente o Ministério do Esporte possui sete convênios com a CBB, no valor de R$ 14,8 milhões, voltados para o suporte das seleções nacionais. A Confederação ainda captou R$ 11,5 milhões através da Lei de Incentivo.

OPINIÃO DE FÁBIO BALASSIANO

  • Todos os pontos mencionados pelo Ministério do Esporte e FIBA Américas são relevantes, conhecidos e reais, mas não são novos. O ponto que para mim não fecha é: o que teria acontecido, então, de um mês para cá, para que Leyser e Garcia tenham cuspido fogo com força em Nunes e companhia? Leia mais

A principal exigência do Ministério para que o investimento seja mantido é a mudança no modelo de gestão da CBB. Recentemente a entidade contratou a IMX para cuidar da área de marketing e fez mudanças em área de comunicação. Atitudes consideradas necessárias, mas ainda tímidas, pelo Governo.

“Para haver um apoio público, tem que ter uma avaliação da necessidade e da capacidade de gerir. A avaliação do Ministério é que a CBB chegou ao seu limite de gerir. Não adianta o Ministério ampliar os recursos se a CBB não ampliar sua capacidade de gestão”, afirmou Leyser.

“Ainda há uma avaliação geral de que são passos tímidos, é preciso que a CBB realmente faça uma coisa mais radical no sentido da sua profissionalização. É preciso que a CBB tenha respeito no mercado do basquete, dos patrocinadores, das televisões, que hoje ainda não é o ideal”, concluiu.

O UOL Esporte ligou para o presidente Carlos Nunes e a assessoria de imprensa da CBB, mas até a publicação da reportagem não conseguiu contato.

* Viajou a convite da Liga Nacional de Basquete