Prodígio Raulzinho vai de contestado a herói e põe em xeque até capitão
Raulzinho viveu uma verdadeira ‘montanha-russa’ na seleção brasileira no último mês. De nome mais contestado da convocação de Rubén Magnano, o jogador de 22 anos assumiu o posto de herói com uma atuação de gala na vitória sobre a Argentina nas oitavas de final e já aparece como real candidato ao posto de titular da armação verde-amarela.
Raulzinho não se intimidou diante de todo o peso que pairava sobre o confronto do último domingo. Fez 21 pontos, todos no segundo tempo, e comandou a primeira vitória brasileira em mata-matas de grandes competições neste século. Triunfo que quebrou um tabu de 12 anos sobre o maior rival em jogos eliminatórios e recolocou o país entre os oito melhores do mundo pela primeira vez desde 1986.
"É muita felicidade pela vitória, mas acho que nosso objetivo é maior. A gente não veio para ganhar da Argentina. Vamos chegar ao mais alto possível e tem muito campeonato pela frente", comentou o armador.
Desde o período preparatório, Raulzinho tem surpreendido e sido um dos destaques da seleção brasileira, mesmo diante dos adversários mais difíceis. No Mundial, saindo do banco, são 7,8 pontos e 2,5 assistências de média. Mais que as estatísticas, porém, chama atenção a melhora de rendimento do Brasil com o jovem armador em quadra, que tem ofuscado o principal nome da era Magnano.
Titular incontestável até então, Marcelinho Huertas não tem conseguido repetir o bom desempenho que o tornou ‘homem de confiança’ do treinador, registrando os piores números desde que o técnico assumiu a equipe (7,3 pontos e 3 assistências por jogo).
Situação inimaginável no começo da preparação brasileira. Raulzinho foi o nome mais contestado da lista final de Magnano para o Mundial, após atuações erráticas com a ‘seleção B’ durante o Sul-Americano. Era esperado que o treinador optasse por levar outro jovem, Rafael Luz, um dos destaques da equipe na competição continental. O técnico argentino, porém, bancou a convocação. E mostrou estar certo.
Raulzinho tem contado com a confiança de Magnano desde que o treinador chegou à seleção. Com apenas 18 anos, foi convocado para o Mundial de 2010, terceira opção na armação atrás de Huertas e Nezinho. Ainda esteve nas Olimpíadas de Londres-2012 e na fatídica campanha na Copa América do ano passado.
"Nós temos 12 jogadores que estão preparados para entrar e jogar. E o Raulzinho é um deles", disse Magnano, após a atuação de gala de seu pupilo.
Ainda adolescente, Raulzinho surgiu como uma das revelações do Minas Tênis no NBB. Atuou pelo time mineiro entre 2008 e 2011 antes de se transferir para o basquete espanhol, segunda liga mais importante do mundo. No Velho Continente, o então mirrado armador teve a esperada evolução física e técnica, com boas temporadas pelo Gipuzkoa Basket.
Desempenho que chamou a atenção da NBA. Foi chamado para testes junto a outras promessas internacionais, agradou e acabou selecionado pelo Utah Jazz como 47ª escolha do draft de 2013. Sem espaço no elenco, porém, a franquia optou por deixar o brasileiro em evolução no basquete europeu, onde defenderá o Murcia na próxima temporada.
Se a chance na NBA ainda não veio, o armador tem feito do Mundial uma ótima vitrine e conquistado a admiração de especialistas e torcedores. Durante a partida contra a Argentina, Raulzinho foi o nome mais falado e elogiado nas redes sociais, chegando a ser um dos tópicos mais comentado no Twitter. Até o Jazz já manifestou interesse em explorar o lado ‘boa pinta’ de seu jogador para mobilizar as fãs femininas. Algo inimaginável um mês atrás, quando o armador chegava em baixa à seleção. Uma verdadeira ‘montanha russa’.
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