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Nem Hélio, nem Helinho. O basquete se despede dos homens do clã Garcia

Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

31/10/2014 06h00

Hélio Rubens Garcia, o segundo técnico com maior numero de jogos no NBB - 101 por Franca e 54 por Uberlândia -, não estará no banco de nenhuma das 18 equipes que iniciam a sétima temporada da Liga Nacional de Basquete.

Hélio Rubens Garcia Filho, o Helinho, se condiciona para a última temporada de sua carreira. Vai defender Franca.
 
O clã Garcia, que também teve dois irmãos de Hélio Rubens -  Fransérgio, ex-presidente de Franca e atualmente medico ortopedista na cidade, e Totô, dono de uma academia em Ribeirão Preto – a partir de maio de 2015, com o fim do NBB, não terá mais nenhum representante em quadra.
 
"Por pouco tempo", diz Hélio. “Na Olimpíada de 2032, o Benício, meu neto, vai ser uma sensação. O menino é bom demais, vai ser um craque”.
 
A previsão é ousada. Benício Garcia Canalli, filho de Ana Beatriz, tem apenas dois anos de idade. “Ele liga para mim e diz, vovô me leva no treino”, conta o decano.
 
Hélio, treinador exigente, fala com alegria incontida das qualidades do garoto. “A coordenação motora dele é incrível, a postura corporal, nem se fala. Ele domina toda a mecânica dos movimentos do arremesso. Faz o movimento da munheca com perfeição”.
 
Benício pede que o avô e o tio o levantem para poder cravar. E comemora.
 
Ter um herdeiro não é uma obsessão de Hélio, mas o ex-capitão da seleção brasileira sempre incentivou o filho. Era comum, em intervalos de jogos da seleção, ver o pequeno Helinho praticando arremessos. Uma prática que o ajudou a manter índice de 90% de aproveitamento nos lances livres. “O que eu fazia com o Helinho, estou repetindo com o Benício. Ele vai ser muito bom, tenho certeza”.
 
Enquanto Benício não estreia, a família não ficará totalmente longe das quadras. 
 
“Minha preferência atualmente é por um cargo de supervisor técnico. Quero cuidar da organização do clube em todos os setores, toda a estrutura administrativa. Fiz esse trabalho no Vasco de 2000 a 2003 e foi um sucesso”, diz Hélio, que conta ter recebido um convite de Franca para esse cargo.
 
Esteve pronto a aceitar, mas como recebeu convites de clubes do Uruguai, Venezuela e Argentina, ainda vacila. “Estou pensando, mas não vou parar, não. Ainda posso trabalhar com bons resultados”.
 
Com uma história ligada ao basquete de Franca, Hélio foi convidado por Lula Ferreira, atual treinador da equipe, para uma palestra. Ele aceitou, mas não acredita que sua presença crie uma pressão sobre o treinador. “Nada disso, foi até ele que convidou, sabe do meu amor pela cidade e pelo time. Vou na quadra, torço, todo mundo entende isso”.
 
E, se Hélio pode ir para a supervisão, Helinho pode ira para a direção. “Eu não vou deixar o basquete. Minha intenção é fazer alguns cursos no EUA e Europa e começar algum trabalho como assistente técnico e depois assumir uma equipe”.
 
No final do NBB passado, foi possível ver algo de Helinho como treinador. Como armador do Uberlândia, ele é quem dava orientações nos pedidos de tempo de Brasília, o treinador. Só Helinho falava. “Até por ser armador, tenho facilidade para ler o jogo, em mostrar as mudanças que devem ser feitas. E aprendi muito com meu pai. É o caminho que vou seguir”.
 
Pai e filho apontam o Flamengo como o time a ser batido no NBB. Bauru é o grande rival. “E depois há uma série de cinco ou seis times lutando e com chances de aprontar”, diz Hélio. “Nós vamos fazer de tudo para estar entre os quatro primeiros e depois brigar pelo título”, fala Helinho.
 
Com 40 anos, Helinho é um dos armadores de Franca, ao lado do argentino Figueroa. Casado, ele tem duas filhas: Maitê, seis anos, e Luma, cinco. Não se anima a tentar um herdeiro para o clã. “Acho que vou parar por aqui”, brinca. 
 
A bola – dentro da cesta – ficará mesmo com Benício.