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Dinheiro, reforços de peso e repatriação. Interior de SP domina o NBB

No confronto do primeiro turno, Limeira venceu o Bauru, em casa, por 77 a 71 - JB Anthero/Divulgação
No confronto do primeiro turno, Limeira venceu o Bauru, em casa, por 77 a 71 Imagem: JB Anthero/Divulgação

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

28/01/2015 06h00

Um dos polos mais importantes do basquete brasileiro em toda a história, o interior de São Paulo vive um período de vacas magras quando o assunto são títulos nacionais. Desde que o COC/Ribeirão Preto ficou com a taça em 2003, um time da região não consegue subir ao lugar mais alto do pódio. Nestes 12 anos que se passaram, Brasília e Flamengo criaram uma hegemonia. Juntos, ganharam oito dos dez campeonatos disputados e pouco foram incomodados neste período.

Mas pelo que se viu até agora na temporada 2014/2015 do NBB, este domínio de cariocas e candangos está bastante ameaçado. Passadas 18 de 32 rodadas do torneio nacional, duas equipes do interior lideram com certa folga. Limeira e Bauru venceram 16 jogos, estão na ponta desde o início, e a cada semana se aproximaram de garantirem vaga direta nas quartas de final. O Flamengo é terceiro com 11 vitórias em 16 jogos e o Brasília amarga somente o 12º posto. São seis triunfos em 17 partidas.

O sucesso da dupla interiorana está no alto investimento realizado para a temporada.

Depois de ser eliminado nas quartas de final do campeonato passado pelo Flamengo, o Bauru abriu os cofres. Com um orçamento de cerca de R$ 7 milhões (o segundo maior do NBB) para a temporada, tirou Alex de Brasília, o americano Robert Day de Uberlândia, Jefferson de Sçao José, e fez a contratação de maior impacto do basquete brasileiro: repatriou o pivô Rafael Hettsheimeir, que estava há mais de uma década atuando na Europa e foi figurinha carimbada na seleção brasileira ao longo dos últimos anos.

Eles se juntaram a uma base já forte que contava entre outros nomes com o armador Larry Taylor e o pivô Murilo. Na primeira parte da temporada, o time já faturou o bicampeonato paulista e obteve a inédita conquista da Liga Sul-Americana. Tudo sob o comando de Guerrinha, treinador da equipe há mais de oito anos.

Rafael Hettsheimeir é destaque de Bauru no NBB. Ele é o quarto principal pontuador do campeonato  - Henrique Costa/Bauru Basket - Henrique Costa/Bauru Basket
Rafael Hettsheimeir é destaque de Bauru no NBB. Ele é o quarto principal pontuador do campeonato
Imagem: Henrique Costa/Bauru Basket

“Nosso projeto veio crescendo ano a ano, viemos fortalecendo e crescendo um pouquinho a cada temporada. Com o fortalecimento que o basquete vem tendo, a Paschoalotto, nossa patrocinadora, mostrou que estava disposto a montar equipe competitiva. Foi um planejamento bem calculado e estamos caminhando de acordo com o que imaginávamos”, disse ao UOL Esporte Vitor Jacob, diretor técnico e gestor do Bauru.

O clube, que foi campeão nacional em 2002 com Leandrinho em seu elenco, conta atualmente com cerca de 16 parceiros e um projeto de sócio-torcedor que possui 700 associados, uma marca expressiva tendo em vista que o ginásio Panela de Pressão não comporta mais de 2 mil torcedores.

O projeto consolidado de Bauru, que esteve presente em todas as sete edições do NBB, e a ambição por voos maiores foram determinantes para Hettsheimeir abraçar a proposta.

“Joguei na Europa por muito tempo e sentia que estava na hora de voltar para o Brasil para ficar perto da minha família. Quando recebi a proposta do Bauru e avaliei o projeto que estava sendo montado aqui não pensei duas vezes em voltar, sem contar que Bauru é próximo a Araçatuba, minha cidade natal e onde minha família mora. Juntei a fome com a vontade de comer”, disse o pivô.

O desejo de chegar mais longe e romper a barreira das quartas de final, o limite até hoje em suas participações no NBB, foi o que também motivou Limeira a montar uma equipe forte. Apesar de investir um pouco menos, cerca de R$ 4 milhões, manteve o americano David Jackson, MVP da última edição e o armador da seleção dominicana Ronald Ramón. Aliado isso, contratou o armador Nezinho, que passou vários anos em Brasília e o pivô Rafael Mineiro. Para o comando, resolveu apostar em Dedé, que até o ano passado era assistente de Demétrius.

David Jackson 3 - Divulgação/LNB - Divulgação/LNB
David Jackson foi o MVP do último NBB
Imagem: Divulgação/LNB

Mesmo sem contar com um programa de sócio-torcedor, não tem dificuldades para encher o acanhando ginásio Vô Lucatto, apto para receber 1.200 pessoas. Além do apoio de empresas privadas, conta ainda com injeção de verba da prefeitura por meio de um convênio.

“Para brigar no topo, é  preciso ter uma boa equipe, boa estrutura e  um patrocinador sólido. Temos isso há alguns anos. Então creio que é uma questão de tempo para conquistarmos um título nacional. Neste ano, Flamengo, Bauru e Limeira estão um patamar acima e vão brigar em termos de igualdade pelo título”, analisou o ex-jogador e atual gerente do Limeira Renato Lamas. 

Nesta semana, Limeira e Bauru estarão em ação. Os bauruenses recebem o Macaé nesta quarta-feira e na sexta também serão anfitriões contra o Flamengo. Também na sexta, os limeirenses recebem a Liga Sorocabana. A fase de classificação do NBB vai até o dia 3 de abril.