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Ela ficou mais forte jogando basquete. E teve de abandonar vida de modelo

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

24/02/2015 06h00

Ela é loira, tem olhos verdes, mede 1,85m e pesa 75 kg.  Sempre que entra em quadra chama atenção pelos seus atributos físicos e arranca gritos e aplausos mais empolgados do público masculino.

A atleta em questão é Ingrid Santana Vasconcelos, defende o América (PE) e já ganhou, ainda de que maneira informal, o título de musa  da Liga de Basquete Feminino (LBF), competição da qual a sua equipe é líder com 13 vitórias em 15 jogos.

“Os torcedores são muito simpáticos comigo e me tratam com muito carinho. Teve um jogo que nem entrei direito, fiz só dois lances livres e veio todo mundo tirar foto comigo e me elogiar. Um torcedor disse que eu tinha jogado muito bem, sem eu não ter feito quase nada (risos). Na parte da auto-estima, me ajuda muito. Mas não me acho uma musa, tem tantas outras meninas bonitas jogando também”, diz Ingrid, que é ala-pivô e tem apenas 20 anos.

Chamar a atenção pela beleza não é algo novo na vida desta pernambucana. Pelo contrário. Seus atributos físicos já lhe renderam prêmios e a possibilidade de representar grifes famosas nas passarelas por todo o país. Até os 15 anos de idade, Ingrid se dedicava à carreira de modelo. Mas teve de deixá-la de lado, pois começou a ganhar massa muscular em virtude do basquete.

Afinal, conciliava a vida nas passarelas com os treinos desde que tinha 12 anos. Foi com esta idade, que por influência dos pais, técnicos de basquete, começou a praticar a modalidade da bola laranja.

"Comecei a carreira de modelo com dois anos. Minha mãe sabia que eu seria grande e não queria que eu fosse desengonçada, sem jeito. Queria que eu tivesse uma boa postura. Então me matriculou no balé e depois me colocou para fazer desfiles. E eu adorava. Com quatro anos, ganhei um concurso e não parei mais. Fiquei desfilando até 2009, quando tinha 15 anos. Mas aí começaram a falar que eu estava muito alta e precisava emagrecer. O basquete estava me deixando muito forte, e para seguir só como modelo, teria de emagrecer. Nesta época, tinha acabado de ser chamada para a seleção sub-15 e fui campeã sul-americana. Aí decidi me dedicar apenas ao basquete", conta.

Depois que decidiu seguir somente no esporte, mudou-se para São Paulo para defender o time do Bradesco, em Osasco. Começou a se destacar e ganhar espaço nas seleções de base. Além de jogar no time sub-15 em 2009, defendeu a equipe nacional no sul-americano sub-17 de 2011, quando o país terminou na terceira colocação.

Em 2012, foi obrigada a dar uma pausa na sua carreira pois ficou grávida de Ian. Deixou São Paulo de volta para o Recife. Em 2013, recebeu o convite do técnico Roberto Dornelas para defender o Sport Recife. Integrou a equipe que ficou com o vice-campeonato da LBF. Em 2014, todas as jogadoras do Sport foram para o América, e Ingrid seguiu o mesmo caminho.

Por causa da pouca idade, ela tem atuado pouco nas partidas e sempre começado no banco de reservas. Tem médias de 3,4 minutos, 1,3 pontos e um rebote por partida. Isso, porém, não a preocupa.

"Quando tiver uma chance, tenho de dar o meu máximo. mas conseguirei mostrar mais do meu jogo no campeonato sub-21 que vai ter, no qual enfrentarei meninas da minha idade. Este ano, planejo também defender o Brasil na Universíade (entre os dias 3 e 14 de julho em Gwagjnu-CDS). É meu grande objetivo", diz a jogadora que tem algumas passagens pelo basquete universitário e também pratica o 3x3, modalidade na qual já foi bicampeã brasileira.

Apesar do assédio, Ingrid está solteira e garante que não pretende se envolver em um relacionamento tão brevemente. Seu foco está no basquete e na criação do filho de dois anos.

"Sou mãe solteira e quero ficar mãe solteira. O Ian é meu único amor. Não quero que ele confunda um namorado com o pai", disse.