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Frenesi de torcida dos Raptors tem praças lotadas e até bronca de prefeito

Aaron Vincent Elkaim/AP
Imagem: Aaron Vincent Elkaim/AP

Do UOL, em São Paulo

21/05/2016 06h00

Placar de 2 a 0 para Cleveland Cavaliers, um Lebron James inspirado para brecar e a desconfiança de especialistas de que pode fazer frente aos outros três finalistas de conferência da NBA. O cenário desfavorável pode até influenciar o desempenho do Toronto Raptors em casa neste sábado, mas em nada vai tirar a empolgação de uma cidade que tem vivido um frenesi a cada partida de playoffs desde a última temporada.

A franquia canadense, única da liga com sede fora dos Estados Unidos, já é responsável por uma cena peculiar. Além de ter lotação máxima a cada partida – a quarta melhor média da temporada com 19.825 dos torcedores por jogo-, os Raptors têm levado milhares de pessoas à praça em frente ao Air Canade Centre – que ganham tanta atenção da transmissão quanto os torcedores de dentro do ginásio e fizeram com que o local ganhasse o apelido de Jurassic Park.

Acima de tudo, a caminhada dos Raptors rumo à primeira final de conferência de sua história reflete uma luta constante para se afastar da imagem de um “patinho feio” da NBA. Com dificuldades para atrair grandes estrelas por ser considerado um mercado menor dentro da liga, a franquia apostou em uma receita que se mostrou certeira para envolver a cidade e transformar uma equipe competitiva em finalista, mesmo sem ter no elenco nomes de peso como Lebron James, Kevin Durant ou Stephen Curry.

Os Raptors se notabilizaram por ter elencos com muitos estrangeiros. Na atual temporada, o congolês Bismack Biyombo, o argentino Luis Scola, o lituano Jonas Valenciunas e os brasileiros Bruno Caboclo e Lucas Bebê são as provas de que a diversidade cultural dentro de quadra está em sintonia com uma cidade reconhecida por receber imigrantes de braços abertos.

“Nós temos o público mais diverso da NBA. Você vai a uma partida dos Raptors e você vê asiáticos, indianos, todos (os povos) da cidade”, disse o torcedor símbolo da franquia, Nav Bhatia, em uma entrevista para o Globe and Mail por ocasião da passagem do All Star Weekend pela cidade em fevereiro.

Receita que ajudou a tornar popular uma franquia tardia na cidade, fundada apenas em 1995. Nesta época, o Toronto Blue Jays já era bicampeão da MLB (liga de beisebol) e o Toronto Maple Leafs carregava uma tradição de mais de 80 anos na NHL  (liga de hóquei). Buscar um público alternativo ajuda a explicar o frenesi visto nos últimos anos na Jurassic Park, onde facilmente é possível perceber a diversidade alcançada.

Kyle Lowry, jogador do Toronto Raptors - Chris Young / AP - Chris Young / AP
Imagem: Chris Young / AP
Kyle Lowry é a maior estrela dos Raptors, mas está longe de ser a maior estrela da NBA 

Ainda uma zebra em busca de respeito

Com a mobilização da cidade garantida, o Toronto Raptors tem batalhado na sua terceira aparição consecutiva nos playoffs em uma tarefa mais árdua: conquistar o respeito dentro da liga. E até o prefeito da cidade, John Tory, entrou nesta luta. Ele escreveu uma carta para a emissora CBS defendendo a cidade e a franquia, chamada de “Outra” em uma enquete da emissora para apontar o campeão da atual temporada.

“Nós não estamos nem um pouco ofendidos. Na verdade, estamos acostumados a ser subestimados. Há apenas alguns dias o Lebron James disse que já pensava no jogo contra o Heat (derrotado pelos Raptors na série anterior), um time que agora está de férias. Dwyane Wade pensou que poderia treinar arremessos enquanto o hino do Canadá era executado. Bem, nós mostramos como nos sentimos em relação a eles”, disse na carta, compartilhada mais de 20 mil vezes no Twitter.

O peso de ser tratado como azarão e falhar na hora H começou a ficar para trás nestes playoffs, com as vitórias no sétimo e decisivo jogo tanto contra Indiana Pacers como diante do Miami Heat, fazendo valer a segunda melhor campanha da Conferência Leste na temporada regular e o mando de quadra.

O desafio agora parece ser maior. Melhor time do Leste, o Cleveland Cavaliers ‘varreu’ suas duas séries até aqui e já venceu os dois primeiros confrontos diante dos Raptors. Agora a série vai para Toronto, onde o frenesi da torcida apaixonada tentará ajudar a franquia a barreira que antes parecia intransponível. O jogo terá início às 21h30 (de Brasília).