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Anti-ostentação e homem de um time só. O legado de Tim Duncan na NBA

Do UOL, em São Paulo

12/07/2016 06h00

Um dos melhores jogadores de basquete da história, Tim Duncan aposentou-se aos 40 anos. E como de costume, preferiu fazê-lo sem chamar atenção. O ala-pivô de 2,11 m fez da sua despedida imagem e semelhança da vitoriosa carreira. Um jogador brilhante, que tinha tudo para ser um superstar num país que venera como poucos seus heróis, mas que sempre evitou os holofotes.

De tão discreto, nada afeito à ostentação que marca a atual geração de esportistas, Duncan não chegou nem mesmo a anunciar sua aposentadoria. Nada de carta nem turnê de despedida. O anúncio foi feito pelo San Antonio Spurs mesmo. E pasmem: não havia sequer uma aspa de “Timmy” no comunicado oficial.

Duncan deixa a NBA com cinco anéis de campeão. Chegou há 19 anos no San Antonio Spurs, onde foi draftado para a liga de 1997. Numa época em que os grandes astros têm trocado com frequência de camisa, ele foi homem de um time só. Enquanto jogou basquete, a franquia do Texas jamais esteve fora dos playoffs. Quando ele chegou, os Spurs nunca havia sido campeões. Ao ir embora, ele deixa a franquia como pentacampeã.

Duncan é o único jogador da história da NBA a começar e terminar uma campanha de título em três décadas diferentes. Foi 15 vezes selecionado para o All-NBA Team e para o All-Defensive Team. Ele foi o calouro do ano em 1998, eleito duas vezes MVP da temporada regular e três vezes MVP das finais. Ele lidera os Spurs em pontos, rebotes, tocos, minutos e jogos disputados.

Junto a Tony Parker e Manu Ginobilli, Duncan fez parte do trio mais vencedor da história da NBA. Ele marcou 31.668 pontos em 1.643 jogos. Ele venceu 1.072 partidas de temporadas regulares, perdendo apenas 428 jogos – melhor marca de um atleta nos últimos 19 anos das quatro principais ligas esportivas dos EUA, a saber, NFL, MLB, NHL e NBA. Não há dúvida: “Timmy” marcou uma era no esporte, não só o da bola laranja.

Duncan - REUTERS/Mike Segar - REUTERS/Mike Segar
Duncan abraça a bola antes da final da NBA em 2013. Gesto era um de seus rituais
Imagem: REUTERS/Mike Segar

Em recente eleição da ESPN norte-americana, na qual a emissora consultou especialistas do mundo inteiro, Duncan foi eleito o 8º melhor jogador de basquete da história – à frente de Kobe Bryant, 12º, e Shaquille O’Neal, 9º, por exemplo.

Entre todos os fãs e companheiros, talvez ninguém sentirá mais falta de Duncan que Greg Popovich, técnico do San Antonio Spurs desde 1996. Ao longo das duas últimas décadas, Greg tornou-se amigo e confidente de “Timmy”. Juntos, eles formaram a segunda dupla técnico-jogador mais vitoriosa da história da NBA - atrás somente de Michael Jordan/Phil Jackson. 

Em quadra, o ala-pivô notabilizou-se pelo completo domínio de fundamentos, pela inteligência e íntima relação com a tabela de basquete. Seus arremessos tabelados transformaram-se em sua grande marca, além da ótima capacidade defensiva e dos chutes certeiros da cabeça do garrafão. Tudo isso sem jamais perder a frieza e a classe – nem fazer questão de ser o centro das atenções.

Diante de todo esse legado, porém, Duncan não merecia uma despedida espetacular, midiática, com todos os louros e pompa a que tem direito? Merecia. Mas não quis. Simplesmente não é o jeito dele. Nunca foi enquanto marcou época com a camisa 21 dos Spurs. Nem seria na hora de dizer adeus.

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