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Paulista encara último teste para ser 1º brasileiro da MLB e sonha com time corintiano

Paulo Orlando é esperança de fazer o Brasil estrear em partidas da Major League - Arquivo pessoal
Paulo Orlando é esperança de fazer o Brasil estrear em partidas da Major League Imagem: Arquivo pessoal

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

17/02/2012 06h00

Um brasileiro pisando em um campo de beisebol da liga norte-americana talvez equivalha a um jogador de futebol vindo dos EUA para virar titular de um grande clube daqui. O ineditismo da primeira parte da oração anterior está prestes a acontecer, graças ao paulista Paulo Roberto Orlando, que participa da pré-temporada do Kansas City Royals e está próximo de uma oportunidade na centenária MLB (Major League Baseball).

CORINTIANO SONHA COM TIME ALVINEGRO

Se hoje Paulo Orlando vive a expectativa de ingressar nas chamadas "grandes ligas" do beisebol, o jardineiro dos Royals também reserva para o futuro o sonho de atuar em seu país, quem sabe vestindo o preto e o branco do seu Corinthians.

Torcedor fanático do atual campeão brasileiro, Paulo Orlando diz que tem esperança de ver o Corinthians entrar no mundo do beisebol, já que o clube do Parque São Jorge conta atualmente com um time de futebol americano (os Steamrollers), outro esporte típico da terra do "Tio Sam".

"Por que não o beisebol? Seria uma grandeza tremenda. O Corinthians conta com um marketing absurdo, tem um poder muito forte, mundial. Para mim seria impressionante. O esporte iria crescer. Se um dia investir no beisebol, como fez com o futebol americano, seria grandioso", afirma.

O jogador de beisebol conta que não é um torcedor de estádios, mas que sempre acompanha os resultados do Corinthians, principalmente quando está no Brasil. Em 2011, Paulo Orlando visitou um treino do time e teve oportunidade de trocar arremessos de seu esporte com o zagueiro Paulo André.

Aos 26 anos, Paulo Orlando foi convocado para participar do "spring training" (treino de primavera, em tradução livre) do Kansas City, a partir da semana que vem, junto com a equipe principal dos Royals. O desempenho do jardineiro (outftielder) nas partidas deste período de preparação pode lhe assegurar uma chance na próxima temporada, em façanha que jamais um brasileiro pôde comemorar. A projeção deste momento histórico já inspira planos do atleta.

"Não vi nenhum jogador fazer algo assim. O brasileiro tem isso, de fazer comemorações de gol de futebol, mais extravagantes. Imaginei entrar com uma bandeirinha pequena do Brasil no primeiro inning [entrada] que eu jogar na Major League", conta Paulo Orlando em entrevista ao UOL Esporte.

Apesar da agitação da comunidade brasileira do beisebol, Paulo Orlando ainda vê com cautela seu ingresso na liga. O jogador diz que depende de se destacar nos amistosos de pré-temporada. Além disso, afirma enxergar preferência de escolha para os integrantes com mais experiência dentro da MLB, no fechamento do grupo (cerca de 40 atletas) .

"Vai depender do desempenho de cada atleta, em uma ou duas semanas. Existe uma burocracia, aqueles jogadores que recebem mais grana têm o privilégio. Eu sou agente livre, assinei com o Kansas para esta temporada. Mas só de estar lá no 'spring training', no time de cima, já é uma coisa importante. E podem aparecer outros times interessados em uma troca por mim. Estou tranquilo, estou lá para brigar. Se por acaso acontecerem lesões no grupo, quem sabe eu possa ter uma oportunidade no meio da temporada", afirma o brasileiro, ex-membro da equipe de atletismo do Pinheiros.

Paulo Orlando está na batalha para uma presença histórica na MLB há seis anos, enfrentando temporadas de sacrifício fora do país. Recrutado inicialmente pelo Chicago White Sox, o jardineiro passou um período emprestado a uma equipe da República Dominicana, país com tradição de alimentar o beisebol dos EUA com talentos individuais. Lá, conseguiu ser eleito o melhor jogador das finais, atuando pelo Roneros de Chiriquí y Veraguas.

Nos últimos tempos, Paulo Orlando foi passando pelas 'Minor Leagues', representando equipes ligadas aos Royals. O brasileiro foi conseguindo avançar de patamares até a chance deste ano na pré-temporada da equipe de cima. Atuou no torneio correspondente à 7ª Divisão da MLB até chegar ao Triple A, espécie de 'Segundona' da liga.

"A gente dorme no chão, por causa de dinheiro. Precisamos economizar para mandar dinheiro para a família no Brasil. A gente deixa de ter luxo para sobreviver. Dormia na sala na casa de um outro jogador", conta Orlando, que leva para o sonho americano a saudades da filha Maria Eduarda, de 2 anos, e da esposa Fabrícia, que ficam em São Paulo.

Se for aprovado no teste dos Royals, Paulo Orlando certamente deixará a condição de improviso de cama. O salário mínimo da MLB é de U$ 414 mil por temporada, na disputa que dura de abril a setembro.

ENCONTRO COM OS ÍDOLOS DA MLB

A vivência no beisebol americano conferiu a Paulo Orlando piadinhas sobre sua origem brasileira, mas também chances de cruzar com seus principais ídolos do esporte.

Dentre seus grandes ídolos, Paulo Orlando cita o dominicano Albert Pujols, que acaba de assinar com o Los Angeles Angels, e o ex-jogador Ken Griffey Jr., que desempenhava a mesma função do brasileiro no jogo.

Outra grande referência é Derek Jeter, ícone do New York Yankees, com quem Paulo Orlando teve oportunidade de tirar a foto ao lado durante uma edição do All-Star Game. Na imagem, o brasileiro aparece com a camisa da seleção.