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Após vacilo do irmão, Esquiva estreia para por os Falcão de volta ao eixo

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

15/02/2014 06h00

Esquiva e Yamaguchi Falcão se tornaram a esperança do boxe brasileiro com suas medalhas olímpicas de prata e bronze, respectivamente. Deslumbrados pelos ganhos do profissionalismo, eles abandonaram o sonho do ouro no Rio-2016. O primeiro foi o mais velho, Yamaguchi, mas o resultado foi uma estreia vexatória em vários sentidos e que terminou sem resultados. Agora, na madrugada deste domingo, cabe a Esquiva recolocar os discípulos do folclórico Touro Moreno no caminho correto, rumo ao cinturão.

Contratado pela Top Rank, empresa que tem o filipino Manny Pacquiao como carro-chefe, Esquiva faz sua primeira luta profissional na Califórnia, num duelo de seis rounds contra Joshua Robertson, na categoria supermédio. O rival tem cartel modesto, com 5 vitórias e quatro derrotas, sendo que suas últimas três lutas foram com derrotas. O SporTV anuncia transmissão às 2h de sábado para domingo.

Esquiva, como era de se esperar, acompanhou com apreensão a estreia de Yamaguchi. O irmão mais velho lutou em Santos contra o argentino Martin Fidel Rios, mas o duelo ficou sem resultado. O árbitro desclassificou ambos por atitudes antidesportivas após trocas de empurrões e cuspidas.

“O nervosismo atrapalhou e muito na luta dele. Ele estava lutando em casa, com a torcida brasileira, e o adversário argentino... Imagina o coração dele... Eu acredito que estava a mil por hora. Ele lutou, fez a parte dele, mas acabou caindo no jogo do argentino. Na minha opinião, o juiz tinha que tirar ponto dos dois atletas. Caberia uma desclassificação para os dois caso fossem avisados e o erro se mantivesse”, analisou o vice-campeão olímpico.

“Mas isso não atrapalhou em nada, isso vai ajudá-lo mais ainda nas próximas lutas. (Ele) entrará mais confiante e sabendo o que fazer, ele vai controlar esse tropeço muito rápido e acredito que na próxima luta ele vai bem melhor. Sinto no meu coração que eu e meu irmão vamos mudar o boxe brasileiro. Somos dois irmãos abençoados por Deus, dois irmãos que conseguiram medalha olímpica e agora estamos em busca e vamos conseguir o título mundial”, prometeu.

Apesar da pressão gerada pelo resultado de Yamaguchi, Esquiva sabe que a estreia é só um passo num caminho longo, em que ele ainda enfrenta a adaptação do boxe amador – mais veloz por causa da pontuação dada por golpes acertados – para o jogo mais agressivo do profissional. O momento é de aprender, e ele trocou o Brasil pelos Estados Unidos para isso.

“O boxe profissional é menos velocidade e mais força para sempre buscar um nocaute. Meu treinador Miguel Dias está me ensinando como colocar o golpe sempre no lugar correto e forte, esse tempo em Las Vegas está me ajudando muito a trocar meu estilo amador para o boxe profissional”, explicou Esquiva, que ainda tem o pai, Touro Moreno, como seu eterno “assistente técnico".

E dá para esperar nocaute, Esquiva? “Eu sempre falei que meu estilo é de nocauteador, eu não gosto de ganhar as lutas por pontos. Estou treinando para dar ao público nocautes. Estou trabalhando muito o jogo de cintura, treino duas vezes ao dia e a dedicação do meu treinador é fazer com que eu mova o tronco e coloque os golpes fortes em lugares que pode machucar até chegar no nocaute”, detalhou o capixaba de 24 anos.

Esquiva Falcão fez sua preparação em Las Vegas, na academia da Top Rank. A empresa comandada por Bob Arum tem dado status de VIP ao brasileiro, considerado uma promessa com caminho certo rumo ao cinturão. “Estou sendo tratado como um boxeador que vai fazer história no mundo. Tratamento de campeão”. Então, que comece a caminhada.