Topo

Rivais políticos podem resolver suas diferenças na porrada. Literalmente

Maxim Babanin (esq), da Rússia, e Yoandi Toirac, de Cuba, se enfrentam no World Series of Boxing (WSB) - Alexander Fedorov/Divulgação/WSB
Maxim Babanin (esq), da Rússia, e Yoandi Toirac, de Cuba, se enfrentam no World Series of Boxing (WSB) Imagem: Alexander Fedorov/Divulgação/WSB

Luis Augusto Símon

Do UOL, em São Paulo

28/03/2014 06h00

A World Series of Boxing (WSB), campeonato mundial de boxe que envolve equipes de diversos países, chega à fase decisiva neste final de semana com dois encontros que envolvem uma rivalidade muito maior que a esportiva. Pelas quartas de final da competição estão marcados os duelos Cuba x Estados Unidos e Rússia x Ucrânia.

E a polêmica já começou, antes mesmo dos lutadores subirem ao ringue. O confronto entre Cuba e Estados Unidos deveria acontecer nesta sexta-feira, no Hard Rock Café de Miami, mas foi adiado para o dia 11 de abril. O motivo: um dos treinadores da equipe dos Estados Unidos havia dado informações sobre ilegalidade dos lutadores da WSB, possivelmente envolvendo algum atleta cubano. O duelo da volta em Havana segue marcado para 4 de abril.

O encontro entre Cuba e Estados Unidos será a retomada de algo comum entre 1977 e 1995, quando os dois países se enfrentaram por onze vezes, com dez vitórias cubanas e um empates. Por essa época, dizia-se, sem nenhuma confirmação, que se um pugilista cubano perdesse para um norte-americano ele seria afastado sumariamente da seleção.

A última vez que os cubanos lutaram nos EUA foi em 1999, durante o Mundial de Houston. A delegação cubana, comandada por Felix Savon, que ganharia sua terceira medalha de ouro olímpica no ano seguinte, abandonou a competição alegando decisões deliberadamente equivocadas dos árbitros.

Tudo o que envolve os inimigos políticos há mais de 50 anos toma ares exagerados. Há treinadores cubanos em todo o mundo, mas quando se trata de Pedro Roque, que dirigiu a seleção cubana na Olimpíada de Pequim-2008, no corner dos Estados Unidos, a coisa é diferente. “Sem dúvida, terei sentimentos desencontrados, porque todos esses boxeadores que agora fazem parte da seleção nacional de Cuba são quase meus filhos, mas tenho a responsabilidade de devolver ao boxe dos Estados Unidos seu esplendor do passado e meu trabalho está focado nisso”, disse há alguns dias o treinador, que deixou Cuba em 2009 para trabalhar no México e daí para os Estados Unidos.

O favoritismo é todo de Cuba, que ficou em primeiro no seu grupo na primeira fase do campeonato, com nove vitórias e uma derrota, enquanto os norte-americanos foram quarto em sua chave, com quatro vitórias e seis derrotas.

Nem os reforços devem mudar a situação. A WSB não é uma competição entre países. As franquias podem ter tantos estrangeiros quanto queiram. Ao contrário de Cuba, que só recorre a seus lutadores, Roque terá o chinês Lu Bin e o dominicano Carlos Adames no dia 11. Para o dia 4, em Havana, está escalado o brasileiro Michael de Souza.

Outro confronto que promete chamar bastante atenção é aquele que envolve Rússia e Ucrânia. O primeiro duelo será no dia 31, em Moscou. A volta está marcada para Donetsk no dia 4 de abril. WSB, em comunicado oficial, comemorou que o esporte tenha conseguido se manter longe da política.

Conjuntura política à parte, a Ucrânia aparece como favorita na série. Na primeira fase, venceu oito encontros e perdeu dois. Ficou em segundo lugar, atrás da Itália. A Rússia foi terceira em seu grupo, com seis vitórias e quatro derrotas e ficou atrás de Cuba e Cazaquistão. Os outros dois confrontos de semifinais são entre Azerbaijão x Itália e Alemanha x Cazaquistão.