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O câncer deixou este lutador sem andar. Agora ele volta a disputar cinturão

Danny Jacobs nocauteia Josh Luteran na luta em que retornou do câncer - Al Bello/Getty Images
Danny Jacobs nocauteia Josh Luteran na luta em que retornou do câncer Imagem: Al Bello/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

09/08/2014 06h00

Os médicos dizem: foi um milagre. Há apenas três anos, Danny Jacobs viu seu corpo se entregar ao câncer. Das dores na perna a sentar-se em uma cadeira de rodas, um ex-desafiante a cinturão mundial de boxe viu em risco tudo o que construiu devido à doença. Neste sábado, plenamente recuperado, ele tem mais uma chance de ser campeão mundial.

O norte-americano de Nova York encara Jarrod Fletcher em sua casa, o Brooklyn, pelo cinturão dos médios da Associação Mundial de Boxe, hoje vago. É a vitória que pode coroar o renascimento de Jacobs e levá-lo a um nível que ele nunca foi - Jacobs disputou um título mundial antes do câncer, mas perdeu.

"Sou o homem milagre", brincou ele em uma entrevista recente, de acordo com o Huffington Post. "Tudo o que falo é sobre sacrifício. Sobre a força mental que você tem de mostrar", definiu ele, sobre sua recuperação.

Depois de uma vitória em 2011, ele começou a sentir um incômodo na perna. "Eu achei que tinha lesionado um músculo. Depois, a perna esquerda também começou a doer. Fui ao médico usando uma bengala e acharam que era um problema de nervo. Pouco depois, eu já estava de muletas, de andador e cheguei a andar de cadeira de rodas", relatou, ao New York Daily News.

Ele ainda demorou dois meses para passar por uma ressonância magnética, em que os médicos diagnosticaram câncer na coluna. E um tipo nada simples. O tumor estava “enrolado como uma cobra” em sua coluna. Ele passou por sessões de radioterapia, e ainda sem andar, não via o boxe como uma opção para sua vida.

Tudo mudou, no entanto, com a volta ao trabalho – desta vez não na academia de boxe, mas em sessões de fisioterapia. Tudo o que ele queria era voltar a carregar o filho, então com dois anos. E ele conseguiu. Pouco a pouco, recuperou todos os movimentos, até conseguir inclusive retornar a lutar, em outubro de 2012. Desde então, foram cinco vitórias por nocaute. Duas no primeiro round.

Jacobs conta que no começo da doença não foi informado de que seu tumor era maligno. E que, depois dela, o boxe foi um dos maiores motivadores para ele retomar uma vida normal.

“Inicialmente, minha madrinha escondeu de mim que era um câncer. Eu achava que era benigno até começar a radioterapia, pois acharam que seria muito para eu aguentar”, contou ele. Mas Jacobs é um lutador, não esmoreceu. "O boxe foi a segunda força a me motivar. A primeira, minha família, mas com o boxe sempre em mente. Eu tinha que voltar. Não importava a dor, eu pensava em voltar e ter essa oportunidade que tenho agora, de ser campeão do mundo."

Toda a história de superação acompanha Danny Jacobs em sua trajetória. Mas ele tem em mente que isso não pode atrapalhá-lo neste sábado, contra Jarrod Fletcher.

“Eu espero apenas que todas as emoções pelas quais estou passando escoem. Tenho de chacoalhar isso tudo e só pensar na luta, para nada me afetar”, concluiu ele, que pega um rival com 18 vitórias (10 nocauets) e apenas uma derrota na carreira.