O pugilista Flávio Leal, 32, campeão brasileiro de boxe na categoria meio-médio ligeiro pela ANB (Associação Nacional de Boxe) afirma temer pelo futuro de sua carreira e diz estar em apuros desde o último sábado, quando espancou um assaltante que rendera a sua família no apartamento em que mora, no centro de Fortaleza. Leal sofreu uma fratura no braço esquerdo e perdeu temporariamente os movimentos de dois dedos da mão esquerda. "Quando eu fecho um pouquinho o dedo mindinho, parece que está dando choque no meu braço". O pugilista gravou um vídeo logo depois de entrar em luta corporal com o assaltante e publicou na Internet. Foram mais de 5 milhões de visualizações (clique aqui para ver o vídeo, que contém imagens fortes).
Leal afirma ter receio de não poder voltar a lutar. Ele e o assaltante serão ouvidos nesta quinta-feira pela Polícia Civil de Fortaleza. O assaltante, depois de medicado, foi liberado e responde pela tentativa de roubo em liberdade. No sábado, quando se preparava para enfrentar o gaúcho Eduardo Milder, 34, pelo cinturão sul-americano da categoria meio-médio ligeiro, em Fortaleza, aconteceu a briga entre Leal e o assaltante. A luta teve de ser adiada.
Naquela tarde, quando retornava de um evento, o pugilista encontrou o assaltante dentro de seu apartamento. No interior do imóvel estavam a mulher e seus dois filhos, uma menina de 15 anos e um garoto de 2 meses.
Ao perceber que o homem estava sozinho, o pugilista entrou em luta corporal contra ele. Leal conta que bateu muito, mas acabou sofrendo ferimentos em seu braço esquerdo. "A faca penetrou no meu braço, quebrou no meio do meu braço. Por conta da cirurgia eu não posso dar aula porque eu estou machucado", diz ele. "O meu braço esquerdo está todo ferido. Tem seis perfurações. Levei também dois pontos no peito. Por sorte a faca quebrou e ele ficou só com o cabo e a lâmina", diz ele.
Leal ainda saiu do embate com uma fratura no antebraço. Ao fim de toda a confusão, filmou todo o sangue espalhado pela casa e o assaltante, caído na calçada, à espera de socorro médico. "O pessoal que estava na rua ficou revoltado e bateu nele também", disse. O assaltante foi medicado no Instituto Dr. José Frota (IJF).
O pugilista conta que está procurando outro lugar para morar, com receio de ser alvo de criminosos. Além disso, a sua família não quer voltar ao imóvel alugado, por ter ficado traumatizada com o que aconteceu.
"Tive de sair da casa porque ela está cheia de sangue, inclusive nos móveis todos. Minha família está toda desestruturada. Estamos morando de favor na casa de um aluno", disse ele. "É minha mulher chorando, minha filha chorando. Estou muito chateado com o que aconteceu. E fiquei mais chateado ainda ao saber que o mau elemento saiu pela porta da frente do hospital como se nada tivesse acontecido com ele", disse.
O boxeador afirma que apesar de tudo não ficou trauma nenhum. "As mulheres tem um trauma maior. Três ou cinco minutos podem representar 30 horas na vida de uma pessoa. Eu não. Eu entro lá, vejo o sangue e não estou nem aí. Para as crianças, as mulheres é meio complicado".
Segundo o Leal, houve o rompimento de uma artéria de seu braço e um ligamento foi afetado. "Eu tive calma. Achei que ele estivesse com outra pessoa. Entrei e vi que era só ele. Ele apertou minha filha. Puxei o braço da minha filha, ele correu para cima do berço com meu filho de dois meses. Aí começou a briga", resume.
A Polícia Civil pretende colher o depoimento dos dois nesta quinta-feira para o inquérito que foi aberto. A princípio, o assaltante deverá responder por tentativa de roubo. A vítima, por ter agido em legítima defesa, não deverá sofrer sanções.
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