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Escola distante, coma e insultos 'criaram' o maior ciclista da Colômbia

Nairo Quintana pedalava 34 km por dia para ir e voltar da escola na Colômbia - Bryn Lennon - Velo/Getty Images
Nairo Quintana pedalava 34 km por dia para ir e voltar da escola na Colômbia Imagem: Bryn Lennon - Velo/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

16/07/2015 06h00

Para economizar dinheiro, os pais de Nairo Quintana pararam de pagar o ônibus que levava o garoto até a escola. Em troca, deram uma bicicleta velha. Quando fizeram isso, eles não podiam imaginar que estavam criando o melhor ciclista da história da Colômbia. E a denominação não é exagerada. Aos 25 anos, Quintana conquistou feitos inéditos não só para seu país, mas também para a América Latina.

Ele surpreendeu ao ser vice-campeão da tradicional Volta da França de 2013. No ano seguinte, foi campeão da Volta da Itália. Ou seja, em alguns meses, obteve resultados expressivos em duas das três provas mais importantes do ciclismo de estrada. Nenhum latino-americano havia conseguido isso antes.

Quintana, no entanto, descobriu seu talento por acaso. A ida para a escola de bicicleta foi fundamental. Ele descia 17 km de sua casa até a escola. Na volta, subia os 17 km, cuja inclinação chegava até a 8%. Ao encontrar ciclistas treinando no caminho e ter um desempenho parecido, viu que tinha futuro. Detalhe: fazia tudo isso numa bicicleta velha e pesada, usando botas, equilibrando os livros. Os demais estavam perfeitamente equipados.

Mas o caminho até o sucesso ainda tinha outros obstáculos. O primeiro foi um acidente. Um táxi atropelou o pequeno Nairo Quintana. Segundo o diário El Confidencial, o garoto ficou em coma durante cinco dias. Superou o problema, assim como, ainda bebê, deixou para trás uma doença rara que quase lhe custou a vida.

Quintana, então, entrou para sua primeira equipe de ciclismo. No primeiro teste básico de potência, o resultado fez os técnicos acharem que o equipamento estava quebrado. Não estava. A força do garoto baixinho era muito acima da média.

Começaram as corridas locais, depois as internacionais. Especialista em subidas, Quintana, com seus 1,67m de altura e sua aparência humilde, foi alvo de muitas provocações por parte dos outros ciclistas. Xingamentos e cusparadas estavam no repertório dos adversários. “Maldito indiano”, falavam.

O colombiano não deu importância a isso. Acertou com uma equipe importante em 2011, e os resultados logo apareceram. Com o dinheiro que passou a ganhar, ajudou os pais que ainda trabalhavam no campo a melhorarem a casa. Na atual edição da Volta da França, Quintana subiu para a terceira colocação no geral assim que começaram as etapas de montanha e segue nessa posição após a 12ª etapa. Os adversários que se cuidem.