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Campo Livre: Efeito Dorival revive o Flamengo no Brasileiro

Marcello Zambrana/AGIF
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
Renato Maurício Prado

08/10/2018 11h36

“Passou do meio-campo, não volta. É bola pra frente. Na direção do gol”. Essa foi uma das principais e mais insistentes instruções de Dorival Jr. nos treinos do Flamengo, na semana passada, no Ninho do Urubu – a primeira oportunidade em que ele pode treinar a equipe desde que assumiu.

Sábias palavras que, ao menos na vitória por 3 a 0, sobre o Corinthians, transforaram aquele time “arame liso” de Maurício Barbieri (cercava, cercava e não machucava ninguém) numa equipe muito mais contundente e capaz de fazer os gols que o esquema de jogo de seu antecessor não conseguia produzir mais.

Quem acompanha de perto os jogos do rubro-negro notou logo a diferença. Aquela improdutiva e irritante mania de ficar tocando a bola pros lados e pra trás acabou. Nos tempos de Barbieri era comum ver jogadas de ataque do Fla ir regredindo, regredindo, regredindo a ponto de acabar em bolas atrasadas para o goleiro. Não, uma, nem, duas vezes. Muitas.

O estilo recebe, domina, dá um rodopio e só depois dá prosseguimento ao lance, também foi abandonado. Talvez porque Diego, o maior expoente dessa forma de jogo, estivesse fora, o que gera, de imediato, uma dúvida: quando estiver recuperado da contusão muscular que o afastou, voltará a ser titular? Muita gente acha que não.

Fato é que Lucas Paquetá, autor de dois gols e melhor em campo, contra o Corinthians, jogou muito na posição do camisa dez. Embora, no profissional, já tenha trafegado por todas as posições do meio-campo para frente, a verdade é que essa posição de Diego é a que Paquetá sempre jogou, nas divisões de base. E, após a chegada de Dorival, com quem teve longas conversas, durante a semana que passou, seu rendimento voltou a ser aquele que o levou a ser convocado. Detalhe: depois da convocação, vinha caindo, jogo após jogo.

Outro que melhorou consideravelmente, após a chegada de Dorival Jr. foi Vitinho. Como Paquetá, ele teve as orelhas alugadas por um bom tempo pelo novo treinador nos dias que antecederam ao último jogo. E, pela primeira vez com a camisa rubro-negra, voltou a jogar um futebol minimamente parecido com aquele que praticava, quando surgiu no Botafogo e fez o Flamengo pagar uma fortuna para contratá-lo.

Everton Ribeiro foi mais um que cresceu, com a chegada do novo técnico. Já era um dos melhores, nos tempos de Barbieri, mas de vez em quando se perdia também nos corrupios e nos passes para trás. Igualmente instruído para trocar o excesso de toques na bola pela objetividade, cresceu.

Todas essas evoluções, naturalmente, precisarão ser comprovadas nas rodadas que faltam – a começar pelo Fla-Flu, no próximo sábado. Com os últimos resultados dos times que estão nas primeiras posições, o Flamengo voltou a ter o direito de sonhar com o título – algo que já parecia impossível com Barbieri.

Se Dorival conseguirá fazer com que seu time siga evoluindo é a questão de um milhão de dólares. Mas que a esperança voltou a existir no coração dos rubro-negros, voltou. Já é um alento.

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