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Brasileira da patinação usará "Memórias de uma gueixa" e faz ioga no avião

Isadora Williams será a primeira atleta a representar o Brasil na história na patinação artística olímpica - AP Photo/Darko Bandic
Isadora Williams será a primeira atleta a representar o Brasil na história na patinação artística olímpica Imagem: AP Photo/Darko Bandic

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

06/02/2014 13h00

A música "Memórias de uma gueixa" vai embalar a estreia do Brasil na patinação artística em uma Olimpíada de Inverno. Isadora Williams escolheu a composição de John Williams para sua apresentação mais importante nos Jogos de Sochi, que começam oficialmente nesta sexta-feira. Mas, antes de chegar à Rússia, a estreante vai apelar às técnicas da ioga para driblar a tensão de voos longos.

Um dos pequenos incômodos de atletas que vão disputar a Olimpíada em Sochi é a longa viagem aérea até a cidade no sul da Rússia. Isadora Williams está neste grupo e admite que não se sente confortável com a falta de movimento que o confinamento no avião impõe. Por isso, diz que executará uma estratégia alternativa.

"Eu não gosto de ficar parada por muito tempo. A minha professora de ioga esta trabalhando comigo com exercícios de respiração para aliviar a ansiedade. Gosto muito de ler, escrever e de escutar uma boa música. Também fiz uma seleção de bons filmes. Isto vai me ajudar a passar o tempo", afirmou a patinadora brasileira em entrevista ao UOL Esporte

A brasileira compete na patinação artística em Sochi nos dias 19 e 20 de fevereiro. Antes de "Memoirs of a Geisha" (John Williams), no programa longo de 4 minutos, Isadora fará a exibição curta, de 2,5 minutos, com "Dark Eyes" (Devotchka). A meta da adolescente é estar nas finais, entre as 24 melhores.

ISADORA ESPERA INTERAÇÃO EM PORTUGUÊS COM ATLETAS BRASILEIROS

Nascida em Atlanta, Isadora vive com a família atualmente na região de Washington DC, nos Estados Unidos. Alexa, sua mãe brasileira, sempre foi o elo mais forte com o país que decidiu representar. Nos últimos meses a atleta batalhou para melhorar sua capacidade de se comunicar em português e conhecer melhor as referências de sua nação.

No último ano, quando visitou o país para uma exibição no Rio de Janeiro, Isadora ainda precisava recorrer à mãe para se fazer entender. Mas agora viaja para a Olimpíada bem mais à vontade com a língua.

"Sim, estou mais confortável agora com o português. Eu me cobrava muito, queria falar certinho, sem sotaque. Até que a minha professora Patrícia disse que não seria possível. Ela está fazendo um ótimo trabalho comigo. Nós vamos ao supermercado, às compras, cozinhamos juntas e só falamos em português. Quero passar mais tempo no Brasil, isto vai me ajudar muito a ser fluente", afirma a atleta.

"Mal posso esperar para conhecer todos os atletas brasileiros que irão para Sochi. Principalmente os meus companheiros de equipe da CBDG (esportes de gelo), também quero conhecer os atletas da CBDN (neve). O hino nacional brasileiro é lindo, todas as vezes que escuto eu me arrepio, as palavras são difíceis. Me perdoem se eu não conseguir cantar o hino todo", acrescenta, com bom humor.

A patinadora, que completa 18 anos na próxima semana, também festeja o tratamento que tem recebido dos compatriotas desde a confirmação da participação inédita em uma Olimpíada de Inverno nesta modalidade.

"A imprensa brasileira tem sido muito legal comigo. Eu não esperava esta repercussão, tive oportunidade de ir ao Brasil várias vezes este ano e foi muito bom saber que os brasileiros sentem orgulho de mim. Eu lutei muito para conseguir esta vaga, foram dias e dias de treino levantando às 5h45 da manha em pleno verão. Enquanto a maioria dos meus amigos da escola estava de férias, viajando, eu fiquei aqui e focalizei nos meus treinos. E valeu todo este esforço, eu conquistei a vaga olímpica para o Brasil. Sempre quis isto desde que era uma menininha que mal fazia os saltos duplos", declarou Isadora.

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