Topo

Fórmula 1

Vitória cedida por ordem e briga com Mansell. Conheça 10 histórias de Senna

Do UOL, em São Paulo

20/10/2015 14h00

Ayrton Senna, GP do Japão, McLaren. Acrescente à combinação o mês de outubro e torne a receita quase infalível. Foi dessa forma que o tricampeão de Fórmula 1 garantiu todos os seus títulos na categoria. O terceiro, por exemplo, foi conquistado há exatos 24 anos, no circuito de Suzuka, após uma batalha com o inglês Nigel Mansell.

Já o bicampeonato mundial de Senna virou realidade em um 21 de outubro, em 1990. Completará, portanto, 25 anos nesta quarta-feira. Senna alcançou o primeiro título no dia 30 de outubro de 1988.

Para relembrar as datas, o UOL Esporte reuniu dez histórias quase desconhecidas do piloto brasileiro, de 1984, ano em que Senna estreou na Fórmula 1, a 1993, última temporada completa do tricampeão na principal categoria do automobilismo.

  • 1) Melhor volta com atalho pelos boxes

    Senna fez história ao ultrapassar quatro pilotos na primeira volta do GP do Europa, em 1993, em Donington Park. O piloto brasileiro ainda protagonizou um fato incomum ao cravar a melhor volta da corrida passando pelos boxes.

    O fato ocorreu na volta 57, quando Senna já estava quase 90 segundos à frente do segundo colocado, o inglês Damon Hill. A manobra enganou até Galvão Bueno. "A impressão que a gente tem é que a equipe não estava pronta", disse o narrador na transmissão da Rede Globo.

    Senna planejou fazer isso antes mesmo da corrida, ao perceber que o trajeto pelos boxes era mais curto -- a curva de acesso à reta principal era mais longa. Além disso, não havia à época limite de velocidade na área dos boxes.

  • 2) Primeira comemoração com a bandeira do Brasil

    A seleção brasileira foi eliminada da Copa do Mundo do México, em 1986, nas quartas de final, diante da França, nos pênaltis, em 21 de junho. No dia seguinte, Senna conquistou a quarta vitória na Fórmula 1.

    Após receber a bandeira quadriculada no GP dos Estados Unidos, o piloto brasileiro parou a Lotus na pista e pediu uma bandeira do Brasil. Em seguida, desfilou com ela à mostra pelas ruas de Detroit.

    Por coincidência, Senna levou a melhor sobre dois pilotos franceses: Jacques Laffite, da Ligier, e Alain Prost, da McLaren, que chegaram nas segunda e na terceira posições, respectivamente.

  • 3) Mansell esganou Senna após uma colisão na pista

    Nigel Mansell e Ayrton Senna dividiram uma curva durante o GP da Bélgica, em 1987, colidiram e saíram da pista. Na ocasião, Senna liderava a prova em Spa Francorchamps e, segundo o piloto inglês, foi o culpado pelo acidente.

    Após a corrida, Mansell foi até os boxes da Lotus para tirar satisfação. O piloto chegou a dar um soco no braço de Senna, depois de agarrá-lo pelo pescoço. Mecânicos presentes no local colocaram ponto final da briga.

    Nelson Piquet, que disputava o título com Mansell, criticou o ato do inglês. "Ele se equivocou querendo ficar logo na ponta. Espero que ele aprenda a não se arriscar inutilmente, principalmente com um osso duro como o Senna", disse.

  • 4) Acidente em Angra do Reis antes de um susto no México

    Senna descansava em Angra dos Reis após o GP do Canadá, em junho de 1991, quando sofreu um acidente com um jet ski. Após bater a cabeça no cais da sua casa, o piloto levou alguns pontos na cabeça.

    Dias depois, Senna garantiu que o fato não o tiraria da corrida do México, no fim de semana seguinte. O tricampeão disse que usaria um capacete maior, para evitar pressão no curativo.

    Por azar, nos treinos livres, Senna voltou a sofrer um acidente ao escapar na curva Peralta do circuito Hermanos Rodríguez. Na ocasião, a McLaren do piloto chegou a capotar na área de escape. Apesar do segundo susto, Senna correu normalmente no domingo e chegou na terceira colocação.

  • 5) Senna cedeu vitória após ordem de Ron Dennis via rádio

    Senna e Mansell chegaram ao GP do Japão, em 1991, com chances de título. Para conquistar o tricampeonato, o brasileiro precisava somar apenas cinco pontos nas últimas duas etapas da temporada.

    Ainda assim, Senna garantiria o título caso Mansell não terminasse a corrida. Foi exatamente o que aconteceu: o inglês saiu da pista na 9ª volta. Senna, por sua vez, ultrapassou Berger, seu companheiro de equipe, na 18ª volta e assumiu a liderança da prova.

    Nas últimas voltas, o chefe da McLaren, Ron Dennis, disse para Senna abrir passagem ao companheiro de equipe. O brasileiro, depois de pensar muito, cedeu a posição apenas na última curva. "Existe melhor forma do que ganhar a corrida e o campeonato? Por isso, foi difícil (ceder). Doeu bastante, posso garantir que doeu mesmo", disse o tricampeão.

  • 6) Senna se envolveu em um acidente de trânsito em SP

    Campeão mundial pela primeira vez em outubro de 1988, Senna se envolveu em um acidente de trânsito quase três meses depois, em uma avenida da zona norte de São Paulo, durante as férias.

    A colisão entre a Mercedes de Senna e um Corcel ocorreu no dia 18 de janeiro de 1989, por volta das 17h, em um cruzamento da avenida Engenheiro Caetano Álvares. Segundo informações do estafe do piloto, Senna freou pouco para dar mais espaço ao carro que vinha atrás e, por isso, não conseguiu evitar o choque.

    Após a batida, Senna distribuiu autógrafos às pessoas que o reconheceram e chegou a trocar o pneu dianteiro do seu carro. De acordo com os presentes ao local, Senna foi bastante gentil com o outro motorista.

  • 7) Sistema de descartes ajudou Senna na temporada de 1988

    O regulamento da Fórmula 1 entre 1985 e 1990 previa o descarte dos cinco piores resultados. Isso ajudou Senna na campanha do primeiro título na Fórmula 1. Se sistema de descartes de pontos não existisse, Senna perderia o campeonato de 1988.

    Somados apenas os 11 melhores resultados da temporada, Senna venceu Prost por 90 a 87. Nas 16 etapas, o francês somou 105 pontos, contra 94 de Senna. Isso porque o brasileiro não completou três provas -- Prost, duas. Em contrapartida, Senna venceu mais: oito contra sete do rival.

    Na temporada de 1990, Senna venceria o francês nos dois regulamentos. Em 1991, apenas os dois piores resultados foram descartados. E o brasileiro levantaria o troféu em qualquer situação.

  • 8) Desmaio dentro da Toleman após os primeiros pontos na F1

    Senna passou mal depois de chegar na sexta colocação no GP da África do Sul, na sua segunda corrida na Fórmula 1, em abril de 1984. O problema ocorreu devido ao esforço físico para levar a Toleman até o fim das 75 voltas.

    O brasileiro sofreu desidratação, endurecimento dos músculos e convulsões. Tal experiência, segundo o próprio Senna, só ocorreu novamente em março de 1991, no GP do Brasil, depois de o piloto vencer a prova com apenas a sexta marcha.

    Ainda em 1984, Senna passou a trabalhar com o professor Nuno Cobra. Com isso, o tricampeão tornou-se um exemplo na preparação física dos pilotos de Fórmula 1 durante o fim da década de 1980 e o começo da década de 1990.

  • 9) Pole histórica, com o mesmo equipamento de Prost

    Senna e Prost lutavam ponto a ponto pelo titulo mundial em 1989. Para continuar com chances do bicampeonato, o brasileiro precisava vencer a corrida no Japão. E mostrou, logo nos primeiros dias, que faria de tudo para alcançá-la.

    Nos treinos oficiais do GP, o penúltimo da temporada, o brasileiro deu um show na pista de Suzuka. Senna conquistou a pole position com 1,73 segundo de vantagem sobre Prost (1min38s041 contra 1min39s771).

    Na ocasião, ambos os pilotos foram para a pista com o mesmo equipamento, o MP4/5, equipado pelo motor Honda. Na corrida, Senna venceu, mas não levou, pois foi desclassificado após uma manobra considerada ilegal.

  • 10) Senna admitiu que se vingou da batida causada por Prost

    Senna perdeu a chance de continuar na luta pelo título de 1989 após Prost fechar a porta e forçar uma colisão entre os dois -- àquela altura, o brasileiro fazia a ultrapassagem rumo à liderança da prova (o tricampeão chegou a voltar à pista, mas foi desclassificado após o fim da da corrida).

    No ano seguinte, uma nova batida entre os dois em Suzuka selou o destino do campeão da temporada: Senna acabou levando o título após os pilotos abandonarem a prova na primeira curva.

    Em 1991, após conquistar o tri, Senna admitiu que estava decidido a não deixar Prost "virar a curva antes" dele no GP do Japão de 1990. "Não me importava de a gente batesse. Eu estava decidido em chegar à curva em primeiro. Eu fui à luta. Ele arriscou e nós batemos", disse Senna, irritado com a mudança de posição da pole position -- naquele ano, o primeiro colocado largou do lado sujo a pista.

Fórmula 1