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Expectativa do GP do Bahrein tem plano de evacuação e promessa de "3 dias de fúria"

Povo do Bahrein protesta contra a realização do GP local de Fórmula 1 - Mazen Mahdi/EFE
Povo do Bahrein protesta contra a realização do GP local de Fórmula 1 Imagem: Mazen Mahdi/EFE

Do UOL, em São Paulo

17/04/2012 11h16

Cancelado no ano passado durante o auge da revolta civil liderada por manifestantes xiitas contra o governo sunita do país, o GP do Bahrein está confirmado para este ano. E a situação por lá não mudou muito. Mas, com mais de R$ 700 milhões como projeção de retorno financeiro ao país, as autoridades estão dispostas a ignorar a ameaça de “três dias de fúria” feita pelos rebeldes e tendo como alvo o circo da Fórmula 1. 

REBELDES PROMETEM "FÚRIA" E PEDEM BOICOTE AO GP

"Parem de correr sobre o nosso sangue" é o slogan dos bareinitas que se posicionam contra a realização do GP durante o período de instabilidade política. Por enquanto, as manifestações se concentram nas vilas. Mas o grupo radical "Revolução de 14 de fevereiro" já anunciou "três dias de fúria" para coincidir com as datas da corrida. Todos querem se aproveitar da visibilidade proporcionada pela Fórmula 1, seja para promover protestos armados ou pacíficos. Por outro lado, os mais moderados acreditam que atrapalhar a realização do GP pode prejudicar a própria causa.

EQUIPES CHEGAM SEM PROBLEMAS, MAS CLIMA É DE PREOCUPAÇÃO

As manifestações diárias no Bahrein não chegaram a afetar a chegada das equipes e jornalistas. Alguns profissionais da mídia tiveram que se transformar em repórteres de guerra, como Ian Parkes, da Press Association, que relatou em seu blog a cobertura de um incidente nos arredores de Manama, com direito a "cheiro de coquetel Molotov e gás lacrimogêneo". Na capital, a vida segue normalmente. Red Bull, HRT e Williams já desembarcaram sem problemas. Mas, segundo o jornal As, alguns times têm planos de evacuação específicos para a prova. E um dos cozinheiros da Williams se negou a ir ao Bahrein por motivos morais.

FIA AVISA JORNALISTAS: NÃO DEIXEM PERTENCES EM LUGARES SUSPEITOS

Não só as equipes que têm planos de evacuação. A Formula One Management (FOM), responsável pela organização das provas, também tem essa precaução para o espaço destinado aos jornalistas no circuito de Sakhir. Em um comunicado enviado aos profissionais da mídia, a FOM pediu que ninguém largue pertences perdidos em lugares suspeitos: "Pedimos gentilmente que não deixem bagagens e equipamentos desacompanhados, principalmente no paddock. A segurança irá remover e destruir qualquer item suspeito imediatamente. Qualquer coisa abandonada irá resultar em uma área sendo evacuada".

AUTORIDADES DEFENDEM GP: PRESIDENTE DA FIA CITA TORNEIO DE GOLFE

Chefe comercial da Fórmula 1, Bernie Ecclestone chegou a se irritar com uma pergunta sobre o Bahrein durante o GP da China e questionou: "Você acha que se cancelarmos a corrida os problemas vão desaparecer?". Com outro tom, o presidente da FIA, Jean Todt (foto), falou pela primeira vez sobre o assunto à TV alemã RTL: "Só estamos interessados no esporte, não na política. Nossa responsabilidade é fazer com que haja segurança, e esse vai ser o caso. Fizemos uma extensa análise e está claro que o GP pode acontecer. No momento, um grande torneio de golfe está sendo realizado no Bahrein".

ANISTIA INTERNACIONAL LEMBRA QUE AINDA HÁ TORTURA NO BAHREIN

Se o interesse da FIA é somente o esporte, para a Anistia Internacional a realização do GP não condiz com a situação grave em que se encontra o Bahrein. A entidade que luta pelos direitos humanos divulgou um relatório nesta terça-feira, que diz: "Com os olhos do mundo no Bahrein, que se prepara para receber um GP, ninguém deveria se iludir achando que a crise de direitos humanos acabou. As autoridades estão tentando retratar um país no caminho da reforma, mas continuamos a receber relatos de tortura e uso de força excessiva contra manifestantes".

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