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BBC elege Senna como maior de todos os tempos, mas cita seu "psicológico obscuro"

Ayrton Senna é fotografado antes do GP de Ímola de 94, no qual ele morreu de acidente - AFP PHOTO/JEAN-LOUP GAUTREAU
Ayrton Senna é fotografado antes do GP de Ímola de 94, no qual ele morreu de acidente Imagem: AFP PHOTO/JEAN-LOUP GAUTREAU

Do UOL, em São Paulo

20/11/2012 14h27

Desde o começo deste ano, o site da emissora britânica BBC tem listado os 20 maiores pilotos de Fórmula 1 de todos os tempos. A série começou em março, com Jochen Rindt, e teve os brasileiros Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi em 16º e 17º, respectivamente. O especial chegou a fim nesta terça-feira, com o número 1: Ayrton Senna.

O brasileiro tricampeão superou Juan Manuel Fangio, segundo colocado da lista, e Jim Clark, terceiro. Michael Schumacher ficou em quarto, e Alain Prost em quinto. Coube ao redator-chefe de Fórmula 1 da BBC, Andrew Benson, traçar um perfil de Ayrton Senna e justificar a sua escolha como o maior de todos os tempos, sem esquecer de citar os mistérios da personalidade do piloto e a sua intrigante coragem de buscar sempre o limite.

“A grandeza do homem e sua pilotagem brilhante são fáceis de serem lembradas, mas a ocasional obscuridade de seu psicológico, talvez não”, escreve Benson, que descreveu Senna como um “semideus” no Brasil, além de um piloto admirado em todo o mundo pelo seu carisma e romantismo.

OS MAIORES PILOTOS PARA A BBC

1. Ayrton Senna11. Alberto Ascari
2. Juan Manuel Fangio12. Gilles Villeneuve
3. Jim Clark13. Nigel Mansell
4. Michael Schumacher14. Mika Hakkinen
5. Alain Prost15. Lewis Hamilton
6. Stirling Moss16. Nelson Piquet
7. Jackie Stewart17. Emerson Fittipaldi
8. Sebastian Vettel18. Jack Brabham
9. Niki Lauda19. Graham Hill
10. Fernando Alonso20. Jochen Rindt

“Senna era uma força da natureza, uma poderosa combinação de espetacular talento bruto com uma determinação assustadora. Mas, com toda essa determinação, e com seu próprio conhecimento de o quanto talentoso ele era, veio um senso de justiça menos atraente que o levava a colocar sua própria vida – e a dos seus oponentes – sob risco”, criticou o texto da BBC.

O perfil enumera as principais passagens da carreira do piloto, como quando venceu no Brasil apenas com a sexta marcha. “Provavelmente, nenhum piloto na história da Fórmula 1 se dedicou tanto ao esporte”, diz o texto.

A rivalidade com Alain Prost também ganha destaque, bem como a batida proposital no Japão que deu o título de 1990 ao brasileiro, um ano depois de ter sido prejudicado por uma decisão do presidente da FIA, Jean-Marie Ballestre, que favoreceu o francês.

“Ele tinha a boa aparência de um herói romântico, um carisma que poderia aquietar qualquer recinto, a eloquência de um poeta e a espiritualidade com a qual milhões puderam se identificar. Seus olhos escuros eram janelas de uma alma complexa e volátil”, resumiu o artigo.

Para ilustrar a personalidade obscura de Senna, o perfil lembra uma frase de Prost criticando o piloto brasileiro por seu estilo agressivo de pilotagem: “Ayrton tem um pequeno problema. Ele acha que não pode morrer, porque acredita em Deus, o que é muito perigoso”.

Por sua vez, Senna deixou frases filosóficas, e uma delas é citada pelo texto: “Ao mesmo tempo em que você é visto como o melhor, o mais rápido e alguém que não pode ser alcançado, você é enormemente frágil. Porque, em uma fração de segundo, está acabado”.

Por fim, Andrew Benson encerra explicando por que Senna elevou o esporte a um novo patamar: “Ele pregou a moralidade, mas estava preparado para abandoná-la pela sua ambição e seu próprio senso de justiça. Ele falou eloquentemente sobre sua própria mortalidade, mas testou seus limites quase sempre no carro. Tudo isso, aliado ao seu humanismo, caráter e inteligência, deu a ele e ao esporte o apelo de milhões”. 

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