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Fórmula 1

Hamilton vai do desastre de 2007 ao esperado sucesso este ano na China

Livio Oricchio

Do UOL, em Xangai (China)

17/04/2014 06h00

O vencedor das duas últimas etapas do campeonato e para muitos o maior candidato ao título este ano, Lewis Hamilton, da Mercedes, pode viver no fim de semana, no circuito de Xangai, emoções opostas às experimentadas no mesmo autódromo em 2007, quando, pela McLaren, desperdiçou grande chance de conquistar o título mundial na sua temporada de estreia na F1, ao cometer erro primário na entrada dos boxes. 

Diante de seu excepcional momento como piloto, hoje, e da supereficiência de sua equipe, Hamilton tem enormes possibilidades de domingo ganhar a terceira seguida e, dependendo do que acontecer com o companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, até mesmo assumir a liderança do campeonato. Rosberg está em primeiro com 61 pontos e Hamilton em segundo, 50.

Por mais que Hamilton afirme que o GP da China de 2007 faz parte do passado, parece ser pouco provável que aquele 7 de outubro de 2007 já lhe tenha saído da cabeça completamente. O presidente do grupo Daimler-Chrysler, da marca Mercedes, Dieter Zetsche, e parte de sua diretoria viajaram de Stuttgart, Alemanha, para Xangai. O motivo era um só: desejavam celebrar com Hamilton a conquista do primeiro título desde que sua empresa havia adquirido 40% da McLaren, em 2000.

A matemática estava totalmente ao lado do jovem piloto inglês, de apenas 22 anos, que tanto impressionara no seu primeiro ano na competição, com nove pódios nas nove primeiras etapas do ano. Com a vitória na prova anterior a da China, em Fuji, no Japão, Hamilton liderava o campeonato com 107 pontos, seguido pelo companheiro de McLaren, o então bicampeão Fernando Alonso, com 95, fora de si por estar perdendo a disputa para um novato, e o finlandês Kimi Raikkonen, da Ferrari, o azarão da disputa, com 90.

"Quando saí do carro estava arrasado", confessou Hamilton, depois do GP da China de 2007. "Eu não errei uma única vez no ano. E fui errar numa circunstância que não costumo errar", disse, abalado. Na 31.volta de um total de 56 naquela corrida Hamilton foi chamado pelo engenheiro para trocar os pneus, pois a chuva havia parado. 

Na curva lenta de acesso aos boxes o talentoso inglês surpreendentemente perdeu o controle da sua McLaren, com os pneus muito desgastados, indo parar na caixa de brita, onde ficou. Foi o primeiro abandono da carreira na F1, na sua 16.ª participação.

"Eu era muito jovem, não entendia direito as coisas", diz, hoje, Hamilton, rindo do ocorrido. O fato é que outro erro na etapa seguinte e decisiva, em Interlagos, lhe custou o Mundial. Contra todas as previsões, Raikkonen tirou uma desvantagem de 17 pontos em duas provas, China e Brasil, vencendo ambas, e ficou com o título. Naquela época o vencedor somava 10 pontos, o segundo colocado 8 e o terceiro, 6.

Bem mais maduro

Este ano Hamilton tem vantagem técnica bem maior que em 2007, já que a Mercedes sugere não ter rivais, enquanto a McLaren, naquele ano, competia contra a Ferrari, pelo menos. E Hamilton conta com seis temporadas a mais de experiência em relação a 2007, sendo que em 2008 venceu o campeonato, ainda pela McLaren.

O histórico das três provas disputadas este ano indica que, a não ser Rosberg, nenhum outro piloto pode, em condições normais, desafiar Hamilton na luta pela vitória domingo. Há no traçado de 16 curvas e 5.451 metros do Shanghai International Circuit a maior reta do calendário, com 1.170 metros de extensão e dentre outras vantagens dos carro equipados com motor Mercedes está o fato de registrarem as velocidades mais elevadas nas retas.

Há possibilidade de chuva no fim de semana, o que muda bastante o cenário, diante da imponderabilidade de uma corrida no molhado, com bem mais variáveis capazes de interferir no resultado. Mas com pista seca os próprios concorrentes da Mercedes reconhecem que não há como ganhar de Hamilton e Rosberg. "Eles são mais de um segundo mais rápidos por volta", afirmou em Bahrein o tetracampeão Sebastian Vettel, da Red Bull.

"Nossos adversários estão apressando o programa de desenvolvimento de seus carros", diz Hamilton, sempre desconfortável quando lhe perguntam sobre a hegemonia da Mercedes no início da temporada. Sobre o evento do fim de semana comentou: "Foi bom dar uma parada (duas semanas entre a etapa de Bahrein e a de Xangai), mas não vejo a hora de voltar a sentar no carro. Esse circuito favorece bastante meu estilo de pilotar". Falou mais: "Só fiquei duas vezes fora do pódio nessa pista". 

Hamilton já disputou sete edições do GP da China. Em 2007 abandonou por causa do equívoco comprometedor. A seguir, contudo, sua história na prova foi outra. Em 2008 e 2011, venceu. Em 2010, terminou em segundo e em 2012, terceiro, sempre com McLaren-Mercedes. No ano passado, já pela Mercedes, também chegou no pódio, em terceiro.

O primeiro treino livre do GP da China começa hoje, às 23 horas. A classificação, sábado, será às 3 horas enquanto a corrida, domingo, às 4 horas, sempre horário de Brasília, 11 horas a menos que em Xangai.

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