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Fórmula 1

Diretor de engenharia da Williams está entusiasmado com avanço da equipe

Livio Oricchio

Do UOL, em Xangai (China)

19/04/2014 09h31

O engenheiro inglês Rob Smedley, hoje diretor de engenharia da Williams, era o integrante da equipe mais satisfeito, hoje, depois da sessão que definiu o grid do GP da China. A exemplo de Felipe Massa, destacou aspectos do resultado que geram elevadas esperanças de o time crescer bastante este ano.

O sexto lugar de Felipe Massa e o sétimo de Valtteri Bottas devem ser vistos de uma forma mais ampla que simples boas colocações no grid, comentou Smedley. "Mostramos que entre a classificação na Austrália e na Malásia, ambas sob chuva e desastrosas para nós, conseguimos reagir, sem inércia, e entregar a nossos pilotos um carro muito melhor", afirmou com exclusividade ao UOL Esporte.

Smedley traz consigo os sete anos de experiência de Ferrari, quando desde 2006 era o engenheiro de pista de Massa. "Cheguei aqui e, claro, vi o quanto há por ser feito para a Williams voltar a poder vencer, mas o entusiasmo, a gana e o número de pessoas capazes no grupo me impressionaram. Esse resultado nos dará a confiança necessária para seguir com o desenvolvimento do carro."

Na etapa de abertura do Mundial, em Melbourne, Massa largou em nono e Bottas, 15.º. Na Malásia, 13.º e 18.º. Colocações que ninguém na equipe esperava depois de uma muito boa pré-temporada, sempre no seco.

"Minha função aqui na Williams é permitir que toda essa gente possa transformar seu potencial em resultado e hoje já demos um passo nesse sentido, daí a minha satisfação", comentou o engenheiro. Sobre se haverá recursos financeiros para investir no desenvolvimento do modelo FW36-Mercedes, afirmou: "Ninguém chegou para mim e disse que não poderíamos pesquisar isso ou aquilo, não temos restrições". 

É uma resposta surpreendente. Nos últimos anos a Williams não dispôs de um grande orçamento. O seu se assemelhava a de outros times médios da F1. Smedley sabe que o êxito de uma equipe no campeonato está diretamente relacionado a sua capacidade de investir e melhorar seu carro ao longo do ano. A meta de lutar no fim do ano com a McLaren pelo quarto lugar no Mundial de Construtores, depois de Mercedes, Red Bull e Ferrari, exigirá muito trabalho e competência dos técnicos coordenados por Smedley.

Massa é amigo do sempre acessível engenheiro de 40 anos. A relação entre ambos não é apenas profissional. Nas reuniões na Williams, procura reforçar sempre esse aspecto destacado pelo engenheiro: "Bato na mesma tecla, precisamos investir no desenvolvimento do carro, de forma repetitiva." Como Smedley, Massa estava feliz por ter tido a prova de que o FW36 melhorou no seu ponto fraco, a geração de pressão aerodinâmica. "Na chuva isso aparece logo e fomos bem na classificação."

Dava para ser quinto no grid

Não fosse seu engenheiro, Andrew Murdoch, ter tomado uma decisão questionável no Q3, última parte da definição do grid, Massa acredita que talvez desse para largar em quinto, na frente de Fernando Alonso, da Ferrari. "Eu sugeri sair com os pneus intermediários no início do Q3 e eles disseram que os de chuva forte seriam os mais indicados", contou Massa. "Logo que deixei os boxes um carro me passou fácil com os pneus intermediários e vimos que, de fato, estavam mais rápidos."

O piloto teve de regressar aos boxes. "Mas instalaram um jogo de pneus do tipo intermediário novo. Isso fez com que na minha última tentativa, quando a pista estava melhor, eu tivesse de usar um jogo de pneus usados, por não ter mais novos. Com eles no fim, na hora certa, teria sido mais rápido." 

Massa precisaria ser bem mais veloz para ganhar a posição de Alonso, já que o espanhol da Ferrari foi 510 milésimos melhor, ou pouco mais de meio segundo. "Talvez com pneus novos desse."

Há um fator que pode gerar grandes surpresas no GP da China, lembrou Massa. A previsão meteorológica para amanhã de tarde em Xangai, hora da corrida, é de tempo seco. E apesar de nas duas sessões livres de sexta-feira também não ter chovido, a condição do asfalto naquele dia era bem diferente da que provavelmente os pilotos vão enfrentar amanhã. 

"A chuva lavou a pista, não tem borracha, será bem menos aderente. O consumo de pneus deverá ser maior", explicou o piloto da Williams. "O carro que trabalhar melhor os pneus terá importante vantagem. O desgaste vai ser elevado, em especial dos dianteiros." A Pirelli distribuiu em Xangai os pneus médios e os macios.

Será outra prova de fogo para a equipe Williams. O modelo FW36, por conta da pouca pressão aerodinâmica gerada, causava degradação dos pneus mais rapidamente, como ficou evidente na última etapa, em Bahrein. "Vamos ver como nos saímos agora que o carro evoluiu", falou Massa.

A largada do GP da China, quarto do calendário, será amanhã às 4 horas, horário de Brasília, 15 horas em Xangai. Serão 56 voltas no seletivo circuito chinês concebido pelo arquiteto alemão Herman Tilke, com 16 curvas e 5.451 metros de extensão.

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