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Fórmula 1

McLaren passa pela maior crise desde a chegada de Ron Dennis, em 1980

Livio Oricchio

Do UOL, em Xangai (China)

20/04/2014 12h19

Depois de a McLaren disputar, no ano passado, a pior temporada da sua história, sem que seus pilotos, Jenson Button e Sergio Perez, conquistassem uma única colocação no pódio, Ron Dennis, sócio e principal dirigente da equipe, deixou de lado suas obrigações na indústria de carro de alta performance do grupo McLaren para voltar a se concentrar na F1. 

Mas hoje, no GP da China, mais uma vez o supervencedor time inglês, com 12 títulos de pilotos e 8 de construtores, sequer marcou pontos, a exemplo da etapa anterior do campeonato, em Bahrein, apesar de dispôr da melhor unidade motriz (motor e sistemas de recuperação de energia) no momento, Mercedes. A McLaren vive a maior crise desde a chegada de Dennis, em 1980. 

"Um resultado desses dói", afirmou Jenson Button, 11.º colocado, com uma volta a menos do vencedor, Lewis Hamilton, da Mercedes. O outro piloto da McLaren, o novato Kevin Magnussen, ficou no 13.º lugar. O UOL Esporte acompanhou a entrevista dos pilotos. "Nós não temos velocidade, somos lentos", falou Button, campeão do mundo de 2009, não muito resignado com a situação.

Um dos problemas da McLaren foi a perda de técnicos importantes, como Paddy Lowe, atual diretor técnico da Mercedes, time que domina a temporada. Dennis assumiu o time e fez uma oferta irrecusável para o segundo engenheiro especializado em aerodinâmica da Red Bull, logo abaixo do diretor-técnico, Adrian Newey, o jovem capaz Dan Fallow. 

Mas a Red Bull lhe ofereceu uma promoção ainda mais vantajosa e Fallow permaneceu lá. Os advogados de Dennis e Christian Horner, este da Red Bull, estão lutando agora na justiça.

Outra providência de Dennis foi dispensar seu diretor geral, Martin Whitmarsh, e contratar como diretor esportivo o francês Eric Boullier, autor de um eficiente trabalho na Lotus nos últimos três anos. 

Pilotos dizem que carro é muito lento

Button explicou logo depois da corrida de hoje em Xangai que a maior dificuldade do modelo MP4/29-Mercedes é fazer os pneus dianteiros trabalharem corretamente. A Pirelli levou para a China os pneus médios e os macios. No carro da McLaren eles logo apresentam o chamado graining, que são granulações de borracha que se formam na banda de rodagem, alterando a área de contato do pneu com o asfalto, gerando redução da aderência.

Para Magnussen, outro problema é a falta de pressão aerodinâmica. O curioso no seu caso é que na abertura do campeonato, na Austrália, sua estreia na F1, o jovenm dinamarquês terminou num brilhante terceiro lugar e depois ascendeu para segundo com a desclassificação de Daniel Ricciardo, da Red Bull.

Dennis conversou com os ingleses e afirmou que "tudo não passa de uma fase". Lembrou que apesar de a McLaren ter iniciado sua participação na F1 em 1966, com seu fundador, Bruce McLaren, o time só tem menos vitórias da Ferrari, 182 a 221.

"A McLaren existe para vencer. E é isso o que irá ocorrer em breve", garantiu Dennis, sem explicar como fará o milagre. Como todos os times, o grupo de técnicos coordenado por Tim Goss, responsável pelo MP4/29-Mercedes, vai apresentar no GP da Espanha, dia 11 de maio, um conjunto de mudanças estudado a partir dos ensinamentos das quatro provas já realizadas. 

Apesar de Dennis jamais admitir, seu orçamento, hoje, não é o mesmo de Mercedes, Red Bull e Ferrari. A McLaren não tem, por exemplo, um patrocinador principal e tem feito contrato com grandes empresas para expor suas marcas corrida a corrida. No GP de Bahrein foi a Esso, na China, SAP.

A partir de 2015 a McLaren vai de novo rever a histórica e muito bem sucedida associação com a Honda, como fornecedora da unidade motriz e tecnologia. Ayrton Senna venceu seus três títulos mundiais com McLaren-Honda, em 1988, 1990 e 1991.

Entre os construtores, este ano, a McLaren é a quinta colocada, com 43 pontos. A Mercedes lidera com 154.

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