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Fórmula 1

Ex-patrocinador de Senna vê apenas Cristiano Ronaldo com o mesmo potencial

Bruno Thadeu

Do UOL, em São Paulo

03/05/2014 06h00

Ayrton Senna usou o inseparável boné azul e branco durante praticamente toda sua trajetória na Fórmula 1. A parceria com o Banco Nacional, iniciada meses depois do piloto ingressar na categoria, em 1984, é até hoje um dos maiores cases de sucesso no marketing esportivo do país.

Ex-profissional de marketing do Banco Nacional nos tempos de Senna e hoje diretor da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem do Ministério do Esporte, Marco Aurelio Klein acredita que apenas um esportista conseguiria fazer frente à imagem do piloto morto em 1994: Cristiano Ronaldo, estrela do Real Madrid e da seleção portuguesa.

Presente na vida de Senna de 1988 até o fatídico 1º maio de 1994, Klein frisa que tanto Senna quanto Cristiano aliam talento, garra, carisma e perfil vencedor.  

“É impossível ter alguém mais perfeito do que o Ayrton em termos de marketing. Não tem. Vejo o Cristiano Ronaldo como o único esportista que poderia se aproximar à imagem do Ayrton. O Cristiano é carismático, altamente competitivo, batalhador, brilhante e vencedor. O Messi também é vencedor, mas o Cristiano é superior”, opina o ex-marqueteiro ligado a Senna, em entrevista ao UOL Esporte.   

Após o trágico acidente na Tamburello, há vinte anos, o Banco Nacional não viu ninguém à altura para substituir Senna. Até foi cogitado buscar novo garoto-propaganda, mas a ideia não foi levada adiante pela instituição. Afundado em dívidas, o banco faliu em 1995, sendo parte dele adquirido pelo Unibanco, hoje parte do Itaú.

A relação duradoura entre Senna-Banco Nacional nasceu após análise de um currículo do então novato na Fórmula 1. Inicialmente, a diretoria não se interessou por Senna.

O livro “Ayrton – O Heroi Revelado”, de Ernesto Rodrigues, descreve a seguinte passagem: uma folha de xerox foi levada à mesa do vice-presidente do banco, Oscar Pedroso Horta Filho.

Nela, constava os espaços onde poderiam ser inseridos patrocínios no macacão de Senna. A cúpula considerou muito pretensioso o então jovem piloto, pois já apresentava os preços aos interessados.

Mas a ideia foi levada adiante após consultas ao locutor Luciano do Valle e o então diretor de esportes da TV Globo, Ciro José. Ambos disseram se tratar de uma boa aposta em Senna. O interesse do Bradesco em 1984 apressou o Nacional a fechar acordo com Senna.

Sennamania

A associação da imagem de Senna com a do banco era impressionante. Bonés do Banco Nacional (que vinham com a assinatura do piloto) eram vendidos em massa, fazendo frente a acessórios de clubes brasileiros.

Senna estrelou comerciais do Banco Nacional em um período de mega inflação, dívida externa e planos econômicos frustrantes.

“Em 1993, presenciamos nos arredores de Interlagos torcedores comprando bonés do Nacional que vinham em várias cores. Tinha Nacional em vermelho, em amarelo, em verde. Alguns diretores falaram: ‘vamos mandar prender’, ‘não pode isso’. Mas isso só mostrava o tamanho da identificação do povo com o banco. Tudo por causa do Ayrton”, destacou Klein.

Tricampeão mundial e com propostas muito maiores de empresas atuantes no país, Senna mantinha o vínculo o Banco Nacional, mesmo com a instituição enfrentando grave crise financeira.

Senna seguiu o contrato com o banco nos anos 90 por gratidão. As renovações do vínculo eram feitas pelo pai do piloto, Milton.

“O que a gente pagava não podia ser comparado a uma corporação internacional. Os valores que as empresas ofereciam eram muito maiores do que o banco pagava. Mas o Senna era grato pelo fato do Nacional ter entrado em sua vida quando ele estava sem patrocinador, na Fórmula 3. Ele entendia que seguiria conosco até o fim por tudo que representamos em seu início na F1. Por isso recusou propostas maiores”, afirmou Klein

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