Topo

Fórmula 1

"Campeão tem de agir assim", diz Lauda sobre briga de Hamilton e Rosberg

Livio Oricchio

Do UOL, em Mônaco

25/05/2014 16h37

Quando o grupo de jornalistas é pequeno e Niki Lauda conhece todos, a entrevista se transforma num gostoso bate papo, onde ele também faz perguntas. Hoje, em Mônaco, depois de ver seus dois pilotos, Nico Rosberg e Lewis Hamilton, comemorarem no pódio a quinta dobradinha seguida, em seis etapas, falou sobre o clima de alta tensão que se instalou na sua equipe, a Mercedes.

"Se você quiser ser campeão tem de agir assim, ser duro, lutar, tentar de todas as formas vencer. Os campeões dão sempre 110% para conquistar o título e alguns quando não conseguem pelos meios tradicionais recorrem a outros", disse, arrancando risos dos jornalistas.

Lauda é sócio e diretor da equipe. Agora terá grande importância, junto de Toto Wolff, também sócio e diretor, para acalmar os ânimos entre Hamilton e Rosberg. Sua liderança e bagagem são respeitadas. O inglês está inconformado com o fato de Rosberg ter, para ele, provocado o acidente na classificação, sábado, que o permitiu largar hoje na pole position e vencer o GP de Mônaco.

"Espero que Lewis descanse alguns dias, durma bem, não vá a festas com Nicole", disse Lauda. A cantora norte-americana Nicole Scherzinger é esposa de Hamilton. "Acredito que deverá resolver tudo o que o está incomodando agora. Tenho certeza que daqui a alguns dias ele vai me ligar e vamos conversar. Se não me telefonar eu o chamo", falou Lauda.

Como sempre, Lauda abre completamente o coração para conversar com quem confia. "Considero Lewis um ou dois décimos de segundo mais rápido que Nico no giro seco, na volta lançada. Mas Nico tem tamanha dedicação ao trabalho, relação tão próxima com seus técnicos que o faz conquistar os mesmos resultados." 

Sua análise prossegue: "Para nós, como equipe, é a combinação perfeita, desde que respeitem certos limites e entendam os direitos do time. Coloco a disposição dos dois toda a minha experiência. Eu também enfrentei situações bem desgastantes". Lauda competiu na F1 de 1971 a 1985, disputou 171 GPs e foi campeão com a Ferrari em 1975 e 1977, e pela McLaren-Porsche em 1984. Tem 25 vitórias e 24 pole positions.

O austríaco de 65 anos deu a dica e os jornalistas pediram para ele contar as histórias de lutas dentro das suas escuderias. "Tive problemas com Alain Prost, na McLaren (1984 e 1985). Ele era mais rápido que eu na classificação. Entendi e passei a trabalhar o carro para a corrida. Disse a meus engenheiros e mecânicos para esconder todas as informações possíveis do francês."

Sua franqueza é única na F1: "Eu o odiava. Chegava de manhã no autódromo, o cumprimentava e depois escondia tudo o que era possível. Isolei meu grupo de trabalho. Sabe o que aconteceu? Voltei a vencer".

É essa experiência de saber contornar situações de conflito dentro da equipe que pretende repassar a Rosberg e Hamilton. Agora, se ensinar que ambos devam trabalhar para si, sem que um saiba o que está fazendo, pode ser que a bomba exploda de vez.

"No caso de Lewis e Nico o que faz com que a batalha seja tão apertada é o fato de disponibilizarmos exatamente o mesmo carro e oferecermos as mesmas condições." O ex-dono da Lauda Air e da Niki Air, companhias aéreas, explicou que isso mexe com os pilotos. "Quem ganhar de fato ganhou, não há interferências externas", afirmou.

"Se Lewis e Nico vierem para o trabalho e não se cumprimentarem, sequer, vou intervir. Por enquanto, apesar do aumento das tensões, temos a situação sob controle." De fato, em seis etapas, a Mercedes venceu todas e nenhum momento Rosberg e Hamilton se aniquilaram na pista. O próximo round dessa luta será em Montreal, dia 8.

Fórmula 1