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Renault inicia mudanças; Vettel 'joga toalha' e já pensa no próximo ano

Sebastian Vettel faz cara de poucos amigos após abandonar por problemas mecânicos no carro - AFP PHOTO / POOL / BORIS HORVAT
Sebastian Vettel faz cara de poucos amigos após abandonar por problemas mecânicos no carro Imagem: AFP PHOTO / POOL / BORIS HORVAT

Livio Oricchio

Do UOL, em Silverstone (Inglaterra)

03/07/2014 15h30

O GP da Grã-Bretanha, em Silverstone, é apenas o nono da temporada, restarão ainda 10 etapas, e o tetracampeão do mundo, Sebastian Vettel, da Red Bull-Renault, já pode ser penalizado com a perda de dez colocações no grid por exceder o limite de cinco unidades motrizes, ou seja, motor e os dois sistemas de recuperação de energia.

Christian Horner, diretor da Red Bull, e Helmut Marko, o homem forte da equipe, exigiram mudanças na Renault, fornecedora da unidade motriz, depois do fracasso na corrida de casa da escuderia, na Áustria, e a situação humilhante de Vettel, que provavelmente em breve começará a ser punido.

O conflito aberto entre os responsáveis pela Red Bull e a montadora francesa já fez a primeira vítima. O presidente da Renault Sports, Jean Michel Jalinier, caiu. Oficialmente, se retirou da função. A pressão sobre a empresa é enorme. A Red Bull foi campeã nos quatro últimos anos com a Renault e agora a acusa de ser responsável pelos fracos resultados.

A Mercedes lidera entre os construtores, com 301 pontos, enquanto a Red Bull-Renault está em segundo, com menos da metade, 143.

Nesta quinta-feira no circuito inglês, onde sexta às 6 horas, horário de Brasília, começam os treinos livres do GP da Grã-Bretanha, logo no início da conversa com os jornalistas Vettel falou da Copa do Mundo, já que Alemanha e França se enfrentam nas quartas de final, e aproveitou para atingir a Renault. "Desejo sempre que a Alemanha vença, mas sob o ponto de vista da nossa equipe, o melhor a fazer é torcer para a França, assim os franceses ficam felizes e passem a nos dar motores com mais potência".

O novo presidente da Renault Sports é Jerome Stoll e seu diretor será o ex-diretor da equipe Caterham, Cyril Abiteboul. O malaio Tony Fernandes vendeu a Caterham para o grupo dirigido por Kolin Colles, ex-chefe da Midland/Spyker e HRT. Abiteboul saiu da Caterham e já trabalha na Renault. A missão dele e de Stoll é aproveitar a liberdade que o regulamento oferece de reprojetar a unidade motriz para 2015 e produzir uma nova, muito mais eficiente, como fará a Ferrari também.

A Red Bull vai continuar competindo com a unidade motriz da Renault na próxima temporada. Jalinier não dava perspectiva de maiores investimentos para rever quase tudo na sua unidade motriz. E exigia que os parceiros, quem adquire as unidades, bancassem o seu desenvolvimento. Além da Red Bull competem com Renault a Toro Rosso, Lotus e Caterham.

O preço da unidade motriz, desde que respeitadas as cinco unidades por ano, é de aproximadamente 20 milhões de euros (68 milhões). O diretor técnico da Renault é o inglês Rob White, que não esconde ter as mãos amarradas pela política de Jalinier de a Renault Sports se auto-sustentar. A sua substituição sugere uma mudança na política da própria montadora com relação ao programa de F1, até pela necessidade de resgatar a reputação de eficiência construída com os títulos obtidos.

"Nossos clientes não têm como estar satisfeitos,  nós gostaríamos de ter feito as coisas de forma diferente e conquistado outros resultados", disse White, sem poder abrir muito o jogo. Horner foi duro: "A Renault está seis meses atrasada em relação a Mercedes, seus motores respondem com 80, 90 cavalos a menos".

O problema para Vettel agora é mais imediato, largar atrás no grid, pois está no quinto motor, quinta turbina, quinto sistema de recuperação de energia cinética, alimentada pelos freios traseiros (MGU-K) e quinta central eletrônica de gerenciamento. Qualquer substituição lhe renderá a punição. E, como já foi mencionado, restarão depois do GP da Grã-Bretanha dez GPs.

A revolta maior da Red Bull foi ter feito um grande trabalho de desenvolvimento do seu carro, o veloz e equilibrado modelo RB10, visando grande desempenho na volta do GP da Áustria ao calendário, e a unidade motriz da Renault ter levado Vettel ao abandono, logo no começo da prova, e permitido a Daniel Ricciardo, seu outro piloto, receber a bandeirada apenas no oitavo lugar, 43 segundos depois do vencedor, Nico Rosberg, da Mercedes.

Vettel parecia resignado com a questão, depois da reação de explosão ao dizer que era melhor os franceses ganharem da Alemanha na Copa. "Este ano é preciso ser realista, não há o que fazer. A Mercedes pode conquistar o primeiro e o segundo lugar em todas as provas, exceto se acontecer alguma coisa com eles. Temos é de pensar já no ano que vem".

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