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Fórmula 1

Pilotos da Mercedes dizem que carro ficou menos equilibrado sem o Fric

Livio Oricchio

Do UOL, em Hockenheim (Alemanha)

18/07/2014 13h13

Apesar de Lewis Hamilton e Nico Rosberg terem estabelecido o primeiro e segundo tempo nos primeiros treinos livres do GP da Alemanha, nesta sexta-feira na tórrida Hockenheim, ambos disseram que a retirada do Fric afetou o comportamento do velocíssimo modelo W05 Hybrid.

O Fric é um sistema hidráulico que coneta a suspensão dianteira com a traseira. E tinha por objetivo, já que está proibido a partir deste fim de semana, variar o mínimo possível a altura do carro, para obter maior resposta aerodinâmica. A Mercedes era a equipe que melhor havia desenvolvido o sistema.

"Encontrar o acerto ideal é diferente agora", disse Hamilton, que registrou 1min18s341, sob 33 graus e asfalto a 58 graus. Rosberg comentou: "Está sendo um desafio acertar o carro, torná-lo como eu gosto".

Os dois pilotos falaram brevemente, no fim da sessão da tarde, atrás dos boxes, com as emissoras de TV, cinco minutos cada um e ao mesmo tempo, para se ter ideia do respeito com a imprensa. Essa é a mecânica de comunicação da escuderia, como faz também a Red Bull.

Mais: apenas os repórteres de TV têm acesso. Os jornalistas de imprensa escrita devem se contentar com a gravação dessas conversas dos dois pilotos com a TV enviadas por e-mail pelas assessoras.

Sobre se a reduzida diferença entre o seu tempo e o de Daniel Riccardo, da Red Bull, terceiro, 102 milésimos de segundo, tem a ver com a proibição do Fric, Hamilton falou: "Não sei, precisamos esperar amanhã". A partir das 14 horas (9 horas de Brasília) será disputada amanhã a sessão de classificação, quando todos vão estar na mesma condição de gasolina e pneus. A previsão é de que o calor excessivo se mantenha.

Toto Wolff, sócio e diretor da equipe Mercedes, comentou, no paddock: "Essas dificuldades são naturais porque os pilotos e os engenheiros estão repensando a forma de acertar o carro, mudou a referência. Mas vendo a forma como num único dia eles evoluíram o acerto, acredito que já na próxima etapa (GP da Hungria, dia 27) começaremos os primeiros treinos com uma base bem melhor do que aqui".

Sempre bastante político, Wolff não quis comentar se a proibição do Fric no meio da temporada visava a reduzir a força da Mercedes. "É o mesmo desafio para todos", limitou-se a dizer. Niki Lauda, ex-piloto e sócio do time, falou: "Precisaremos de um tempo para ajustar o carro, nossos pilotos sinalizaram que o comportamento piorou. Mas acredito que a queda de performance foi menor da esperada".

Para o ídolo local, Sebastian Vettel, da Red Bull, oitavo melhor do dia nesta sexta-feira, houve, sim, redução na diferença de desempenho para a Mercedes. "Mas Ferrari e McLaren também se aproximaram." Falou, ainda: "Parece que a retirada do Fric afetou mais outras equipes que a nossa". O que ajudaria a explicar o tempo impressionante do companheiro.

Ricciardo, por sua vez, conteve o otimismo. Lembrou que em outras ocasiões a Mercedes acertou o carro e no sábado demonstrou seu verdadeiro potencial, sendo muito mais veloz que todos os adversários. "Hoje eu tirei o máximo possível. Espero que tenha sido o caso dos pilotos da Mercedes também."

A Ferrari vai além da Mercedes e Red Bull, que reservam cinco minutos do tempo de seus pilotos, às sextas-feiras, para falar com as TVs. Os italianos simplesmente ignoram a imprensa de modo geral. E seus comunicados são sempre os últimos a serem distribuídos, já início de noite.

Raikkonen, provavelmente por conta da enorme pressão que começa a pesar nas suas costas, pois a direção da Ferrari deseja saber o que ele quer fazer da vida, acelerou para valer o modelo F14T e obteve o quarto tempo. Fernando Alonso, seu companheiro, trabalhou em outra direção no acerto do carro e não o tornou tão rápido quando Raikkonen. Ficou em nono.

"É bom retornar a Hockenheim", disse Alonso. Ele venceu com Ferrari as duas últimas edições da prova, em 2010 e 2012. "Nossa preocupação hoje foi acertar o carro para essa temperatura elevadíssima e entender o desgaste dos pneus." O desafio dos pilotos é ainda maior, na Alemanha, em razão de a Pirelli ter distribuído os seus pneus mais moles, macios e supermacios.

"A retirada do Fric não mudou demais o carro, mas tivemos de ajustar o nosso estilo de pilotar a suas reações", afirmou Alonso. Essa é uma das maiores características do espanhol, tirar mais do carro que a grande maioria, mesmo não estando muito equilibrado.

Ao fim das 67 voltas do GP da Alemanha, domingo, se não chover, será mais fácil compreender o quanto a ausência do Fric poderá afetar o comportamento dos carros. Mas, como lembrou Wolff, é questão de curto espaço de tempo até que os técnicos e os pilotos descubram como acertar o carro sem o recurso e as reações se assemelhem às de antes da nova casuística mudança do regulamento.

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