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Fórmula 1

Massa, sobre maré de azar e maus resultados: 'Não depende de mim'

Livio Oricchio

Do UOL, em Hockenheim

20/07/2014 16h49

Três horas depois de encerrada a corrida, Felipe Massa explicou nos três idiomas que fala, português, inglês e italiano, a sua visão do acidente na largada do GP da Alemanha, neste domingo, em Hockenheim. Mas o mais importante, disse, é tentar entender o que se passa, "ter tanto azar".

Há duas semanas, em Silverstone, também abandonou a corrida na primeira volta por a Ferrari de Kimi Raikkonen bater com violência no guardrail e, na volta à pista, aparecer na frente da sua Williams-Mercedes. O choque foi inevitável. Na Austrália, na largada foi atingido por trás pelo japonês Kamui Kobayashi, da Caterham, e se retirou da prova.

Parecendo reflexivo, Massa comentou hoje: "Não depende de mim. Quando depende de você, que você não está no ritmo, está devagar, precisa melhorar, é mais complicado. Mas na minha situação, não tem o que fazer. Entrei na primeira curva até cauteloso para que nada acontecesse e aconteceu, não dependia de mim".

A sequência de acidentes, este ano, é obra do acaso, para Massa. O repórter do UOL Esporte perguntou se o acaso é responsável por tudo o que tem experimentado. "Por quê? Você acha que eu tive culpa no que aconteceu hoje? Eu tive culpa em Silverstone? Eu tive culpa na Austrália?"

É uma fase e, como toda fase, vai acabar. "É difícil achar a resposta, mas sem dúvida isso vai virar. Nunca aconteceu comigo. Tenho de continuar com o meu trabalho. Se eu estivesse lento é uma coisa. Essa falta de sorte não é minha culpa."

O companheiro de Williams, Valtteri Bottas, terminou o GP da Alemanha, décimo do calendário, em excelente segundo lugar e obteve o terceiro pódio seguido. Soma 91 pontos, quinto colocado, diante de 97 de Fernando Alonso, da Ferrari, quinto em Hockenheim, quarto colocado no Mundial. Disputa uma temporada brilhante.

Já Massa, com todas as dificuldades, onde não há também como não lhe atribuir responsabilidade, soma 30 pontos, é o décimo no campeonato. Massa disse respeitar bastante Bottas, mas essa diferença de desempenho não o incomoda.

"Ele é um competidor duro, mas não o temo, de jeito nenhum, sei daquilo que sou capaz, o que posso fazer para a equipe, conheço a minha velocidade", disse Massa.

E não hesitou em afirmar: "Posso fazer tanto quanto ele vem fazendo nas últimas corridas ou melhor, não estou nem um pouco preocupado com isso. Fico feliz pelo trabalho dele, ele merece o resultado que teve". Os dois têm muito boa relação profissional.

Se não fosse a série de inconvenientes este ano, a situação da Williams no Mundial de Construtores seria ainda melhor, falou Massa. "Estou feliz porque conseguimos passar uma equipe no campeonato. É uma pena ter acontecido tudo isso comigo, incluindo a primeira corrida. Se não fosse o caso poderíamos estar na frente também da Red Bull."

Apesar de Massa não ter marcado pontos nas duas últimas etapas, Grã-Bretanha e hoje na Alemanha, Bottas foi segundo nas duas além de terceiro na anterior, Áustria. Com isso, a Williams ultrapassou a Ferrari para assumir o terceiro lugar entre as equipes.

A Mercedes, com a nona vitória em dez provas este ano, hoje com Nico Rosberg, lidera o Mundial de Construtores com 366 pontos, seguida pela Red Bull, 188. A Williams, terceira colocada, atingiu 121, enquanto a Ferrari, 116.

Sobre o acidente, Massa foi menos contumaz na crítica ao dinamarquês Kevin Magnussen, da McLaren-Mercedes, mas não o isentou de culpa. "Três carros não cabem na primeira curva, eu nem sabia que tinha um carro ali, não tinha visibilidade para ver. A diferença é que ele sabia que eu estava lá e eu não sabia que ele estava ali."

O toque do jovem piloto na roda traseira direita da Williams fez Massa capotar. Ele não se feriu. "Ali no carro eu não estava preocupado comigo, não sofri nenhum impacto forte. Estava muito chateado por mais uma vez não marcar pontos dispondo de um bom carro."

A próxima etapa do calendário, 11.ª, será já no próximo fim de semana, no Circuito Hungaroring, em Budapeste. "Pode ser uma pista não tão boa para nós. As retas são curtas, o que favorece os nossos adversários com um motor não tão forte como o nosso. E esses acidentes podem fazer com que eu não tenha peças sobressalentes lá." A Williams levará novos componentes para a Hungria.

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