Topo

Fórmula 1

Ricciardo, Alonso e Hamilton ganham nota 10 no GP da Hungria

Livio Oricchio

Do UOL, em São Paulo

29/07/2014 11h54

Antes de sair de férias, pilotos e demais integrantes das equipe de F1 ofereceram um grande espetáculo no Circuito Hungaroring, em Budapeste, domingo. Aqui a avaliação dos dez primeiros colocados por seu trabalho no fim de semana e um passeio pelo que alguns dos pilotos representam para a F1.

Daniel Ricciardo - 10

1. º colocado

Na quinta volta, de um total de 70, Ricciardo, da Red Bull-Renault, era o sexto colocado, 14 segundos atrás do líder, Nico Rosberg, Mercedes. Havia largado em quarto, mas Fernando Alonso, Ferrari, e Jenson Button, McLaren-Mercedes, o ultrapassaram na largada.

Na oitava volta, Marcus Ericsson, da Caterham-Renault, bateu forte na saída da curva 3 e o safety car entrou na pista. Quando foi acionado, os quatro primeiros já haviam passado pela entrada dos boxes, estavam na reta. Rosberg era o líder, Valtteri Bottas, Williams-Mercedes, segundo, Sebastian Vettel, Red Bull-Renault, terceiro, e Alonso, quarto.

Os que estavam atrás dos quatro encontraram o sinal verde na entrada dos boxes e imediatamente foram substituir os pneus intermediários pelos de pista seca, pois uma trilha se formou no asfalto. Todos tinham começado a prova com intermediário. O primeiro desse segundo grupo era Button, o segundo, Ricciardo.

Com o tempo perdido pelos quatro primeiros, quando regressaram à pista depois de parar na volta seguinte, o líder era Ricciardo, seguido por Button. Mas o inglês surpreendentemente voltou para a pista com intermediários novos, erro impressionante da McLaren, o que o obrigaria trocá-los seis voltas depois.

O prejuízo para os quatro primeiros que não puderam parar foi grande. Rosberg voltou em quarto, Bottas, 11.º, Vettel, sétimo, e Alonso, oitavo. Além de Ricciardo, que pulou de sexto para primeiro, Felipe Massa, Williams-Mercedes, também foi muito favorecido, pois era oitavo e na nona volta, terceiro.

Mas será que apenas essa circunstância favorável para Ricciardo explica sua vitória na Hungria, a segunda na temporada (a outra foi no GP do Canadá)? Acreditar que sim seria ignorar todo o restante de extraordinário que fez a partir daí na corrida.

Por exemplo: Ricciardo aproveitou o segundo safety car, na 22.ª volta, provocado pelo acidente de Sergio Perez, Force India, na reta dos boxes, e realizou o segundo pit stop na 23.ª volta, junto de Massa e Bottas. Alonso, que era o terceiro, não parou e assumiu o primeiro lugar, seguido por Jean Eric Vergne, Toro Rosso-Renault, Rosberg, Vettel e Hamilton. Com o pit stop, Ricciardo caiu para sexto, Massa para sétimo, e Bottas, 13.º.

Pois o australiano percorreu nada menos de 31 voltas com aquele jogo de pneus macios novos. Foi fazer o terceiro pit stop apenas na 54.ª volta, e mantendo sempre o ritmo dos mais velozes, num asfalto verde, sem borracha, levada pela água da chuva, o que aumenta o desgaste dos pneus.

Quando voltou à pista depois da terceira parada, Ricciardo já era o quarto, mas Rosberg realizou o terceiro pit stop duas voltas depois e o australiano ficou com o caminho livre para nas 16 voltas restantes, com pneus macios novos, impor ritmo de classificação até a bandeirada.

A caça aos dois primeiros começou. Hamilton estava 5 segundos e 6 décimos à sua frente e Alonso, 9 segundos e 4 décimos. Na 60.ª volta, a dez da bandeirada, os três primeiros, Alonso, Hamilton e Ricciardo já estavam separados por décimos de segundo. Três pilotos, três equipes distintas, três unidades motrizes (motor e os dois sistemas de recuperação de energia) diferentes.

Hamilton pilota como só ele nos 4.381 metros do circuito húngaro. Ricciardo não conseguia vencê-lo. O australiano então ousou na 67.ª volta: realizou a ultrapassagem por fora, na curva 2, de forma espetacular, e já encostou em Alonso para, no fim da reta dos boxes, na volta seguinte, a 68.º, uma e meia antes da bandeirada, deixar o espanhol para trás na freada da curva 1.

Um texto imenso só para descrever o desenvolvimento de Ricciardo na prova, mas vale a pena. Em condições onde o mais fácil era cometer um erro a acertar o tempo todo, esse jovem de 25 anos, apenas, estreante num time vencedor, esteve irrepreensível, está impressionando mais e mais a todos a cada etapa.

Havia já a suspeita de que era um bom piloto, depois de dois anos na Toro Rosso. Mas com certeza nem seu mentor, Helmut Marko, homem-forte da Red Bull, podia esperar tanto. Não existe a menor dúvida, Ricciardo no time certo, na hora certa, será campeão do mundo. É muito veloz, raramente comete um erro, tem visão de corrida, gana, e recebe elogios de todos a respeito de como trabalha com o grupo.

Fernando Alonso - 10

2.º colocado, a 5 segundos e 225 milésimos de Ricciardo

Qual piloto, dentre os 22 do grid, seria capaz de somar com o modelo F14T da Ferrari, depois de 11 provas, 115 pontos? Mais: não falhar em nenhum GP, marcar pontos em todos. Único a fazê-lo este ano.

Ninguém questiona que o espanhol tem uma personalidade bastante particular, nem sempre leal a certos princípios da boa convivência humana, mas na hora que senta no cockpit e abaixa a viseira é, como bem definiu Toto Wolff, sócio e diretor da equipe Mercedes, "um monstro".

Kimi Raikkonen é um grande piloto? Sem dúvida. Nas duas temporadas na Lotus-Renault, 2013 e 2012, teve méritos para ser campeão. Acelerou mais que o carro. E o que tem feito, este ano, com o modelo F14T? Depois de 11 etapas, os números têm representatividade: somou 27 pontos diante de 115 de Alonso.

Esse dado atesta o quão eficiente é o espanhol. As sessões de classificação não são o seu ponto mais forte, ainda que seja bastante rápido. Seus muitos predicados se manifestam mais nas corridas.

E a maior de todas as características de Alonso é conseguir ser veloz mesmo com um carro limitado. Adapta seu estilo ao comportamento do monoposto e o torna rápido. Raikkonen não consegue essa proeza. Se o modelo F14T da Ferrari fosse mais equilibrado, a diferença entre Alonso e Raikkonen seria bem menor.

Ter Alonso na escuderia é saber, de antemão, que dispondo um carro bom ou ruim ele lá vai estar tirando o máximo o tempo todo e em qualquer condição. Representa para a equipe um investimento com elevada garantia de retorno.

Será que é apenas obra do acaso o fato de em incontáveis situações Alonso reagir com a resposta mais apropriada à variação nas condições da corrida e tirar grande proveito disso, como no GP da Hungria? Ou será que essas respostas oportunas, qualificadas por alguns como "sorte", na realidade são o resultado de quem tem o complexo quadro da competição na mente e, por isso mesmo, são mais precisas, compatíveis com o que está sendo exigido?

Alonso largou em quinto, já passou para terceiro, ao deixar para trás Vettel e Ricciardo. Foi muito prejudicado por ter passado a entrada dos boxes quando o primeiro safety car entrou na pista na oitava volta, e caiu para oitavo.

Ultrapassou Vettel na 14.ª volta e com os pit stops forçados de Button e Kevin Magnussen (estavam ainda com pneus intermediários) passou para primeiro quando Ricciardo e Massa fizeram o segundo pit stop, na 23.ª volta, no segundo safety car.

Alonso arriscou ao manter-se na pista entre a volta 9 e 38, com pneus macios usados, e depois da 39.ª à bandeirada, 31 voltas mais tarde, com macios novos. Sempre com tempos muito bons, caso contrário não avançaria tanto na classificação.

Hamilton, com o eficiente carro da Mercedes, tentou ultrapassá-lo para tornar-se líder várias vezes, como na 62.ª e 64.ª voltas, mas o espanhol sabe se defender com maestria.

Já com relação ao ataque de Ricciardo não haveria como Alonso contê-lo por ser o primeiro colocado e não estar a 1 segundo atrás de ninguém, o que lhe dava o direito de também usar o DRS (flap móvel), como fez o australiano para lhe ultrapassar. Mas o segundo lugar representou bem mais do potencial da Ferrari F14T no GP da Hungria.


Lewis Hamilton - 10

3.º colocado, a 632 milésimos de Alonso e a 5 segundos e 857 milésimos de Ricciardo.

Numa volta lançada, é possível afirmar, hoje, que esse inglês de 29 anos é o piloto mais rápido da F1. Mas Hamilton representa muito mais que isso. Largou dos boxes, domingo, e, com freios e pneus frios, quase bate na curva 2. Começou a entender as condições da corrida. E o que fez a seguir representa a arte da condução no mais elevado nível. 

Se Alonso é o protótipo do piloto reflexivo, Hamilton é o líder do ranking dos pilotos reativos. Dá sempre show, como no Circuito Hungaroring. Age por instintos, essencialmente. Não por acaso já ganhou a prova quatro vezes, e não importa o carro. No ano passado foi com Mercedes e em 2012, 2009 e 2007, McLaren-Mercedes.

No fim da primeira volta, Hamilton era o 21.º colocado. Daniil Kvyat, Toro Rosso-Renault, ficou no grid na volta de apresentação. Na terceira, Hamilton ocupava o 19.º lugar. Mas na 32.ª, antes da metade da corrida (70 voltas), Hamilton já estava lutando pelo pódio, pois era o terceiro.

Hamilton é o mais latinos dos britânicos que passou pela F1. Expressa, sem esconder, o que sente, ainda que não o diga. Importante: não está contente na Mercedes. Sábado, na classificação, foi a quarta vez, no ano, que enfrentou problemas com o equipamento. Bem lá no fundo está se perguntando se não há preferência para o alemão Rosberg na equipe.

O contrato de Hamilton com a Mercedes termina no fim de 2015 e se não se sentir confortável nos próximos meses ou, pior, Rosberg conquistar o título, é bem pouco provável que renove com a montadora alemã. E todos o irão querer por ser um piloto que, a exemplo de Alonso, agrega sobremaneira à organização. É também uma garantia de obter resultados. Ron Dennis e a Honda lhe pagariam ainda mais que a Mercedes, facilmente. Estima-se que ganha 22 milhões de euros (R$ 75 milhões) por ano.

O advogado de Hamilton no time é Niki Lauda. O ex-piloto austríaco diz abertamente: "Quando soube que o compromisso de Lewis estava por terminar com a McLaren e ele disse estar aberto a deixar a equipe, o procurei e apresentei os nossos planos para começar a vencer na F1". Em resumo, foi Lauda quem o convenceu a trocar a McLaren pela Mercedes no fim de 2012.

Domingo, cercado pelo mesmo grupo de jornalistas que sempre fala com ele depois da corrida, o UOL Esporte estava lá, Lauda defendeu Hamilton e criticou sua própria escuderia. Na 39.ª volta, o inglês fez sua segunda e última parada e voltou na frente de Rosberg, em quinto lugar. Como o alemão faria ainda um terceiro pit stop, o time pediu pelo rádio a Hamilton para deixar Rosberg passar.

Hamilton, chocado com a ordem, como afirmou depois, não atendeu. Rosberg ficou atrás dele até a volta 56, ou seja 17 voltas depois, quando entrou nos boxes para a última parada. Lauda disse que a Mercedes não tinha de pedir nada a Hamilton. O que é certo, não há dúvida, é que o campeão do mundo de 2008 está se sentindo preterido no grupo.

As dúvidas quanto ao tratamento na Mercedes não impediram Hamilton de oferecer um espetáculo grandioso domingo. Como de hábito.

Nico Rosberg - 8

4.º colocado, a 504 milésimos de Hamilton e a 6 segundos e 361 milésimos de Ricciardo

Era o líder quando safety car entrou na pista e caiu para para quarto. E se tivesse ultrapassado Hamilton, na volta 46, por exemplo, dez antes do seu terceiro pit stop, é bem provável que terminasse em segundo, pois, com pneus macios novos, diante dos médios e já desgastados de Hamilton, Rosberg era cerca de três segundos mais rápido no fim. É bem provável que passasse Hamilton e Alonso, para ficar atrás apenas de Ricciardo.

Rosberg fez questão de esclarecer que não pediu nada a Mercedes quando ficou atrás de Hamilton. Explicou que seu engenheiro lhe comunicou haver ordem da escuderia para Hamilton deixar passá-lo. O alemão comentou, ainda, não ter se surpreendido com o fato de Hamilton não acatar a ordem. Mas não escondeu que perder tanto tempo atrás dele, da 39.ª a 56.ª volta, comprometeu suas chances de lutar quem sabe até pela vitória.

Curiosamente, Rosberg deu a entender na conversa com os jornalistas não esperar a iniciativa da Mercedes. Mesmo com ele na estratégia de três pit stops diante de dois do adversário na luta pelo título. Dentro de si, sabia que teria de ganhar a posição de Hamilton na pista. Enganam-se os que pensam que Rosberg faz pressão dentro da organização alemã para ter mais atenção.

Felipe Massa - 7

5.º colocado, a 23 segundos e 480 milésimos de Rosberg e a 29 segundos e 841 milésimos de Ricciardo

Fez o que tinha de fazer. Terminar a corrida na zona dos pontos. Era de extrema importância para si dentro da Williams-Mercedes, depois de não completar a primeira volta nas duas últimas etapas, Silverstone e Hockenheim. A sua explicação quanto ao ocorrido na largada do GP da Alemanha, quando colidiu com Kevin Magnussen, da McLaren, na primeira curva, não foi bem aceita dentro da Williams.

Em entrevista ao UOL Esporte, o diretor técnico do time inglês, Pat Symonds, elogiou Massa, por estar sendo importante na reestruturação da Williams, mas afirmou sobre suas desculpas: "Não acredito em azar".

Um bom sinal de que passou a planejar sua participação na corrida, nem de longe o forte de Massa, por ser um piloto essencialmente reativo e não reflexivo, pôde ser sentida horas antes da largada. A assessora de imprensa da Williams distribuiu comunicado para informar que Massa não falaria com os jornalistas, só depois da prova.

Massa foi bastante favorecido pelo safety car na volta 8. Ascendeu de oitavo para terceiro. Foi prejudicado em várias ocasiões e não necessariamente por responsabilidade sua, portanto, ser ajudado, desta vez, faz absolutamente parte do jogo.

Seu problema foi ter permanecido quase que a prova toda com os pneus médios, a exemplo do companheiro, Bottas. Como os macios acabavam depois de 15, 16 voltas na simulação de Bottas, na sexta-feira, e os dois pilotos teriam de completar mais voltas, a escolha natural foi mantê-los com os médios, bem mais lentos que os macios, usados pela maioria.

O que poucos entenderam é a Williams não arriscar em nenhum momento liberar seus pilotos com os macios. Foram seis pit stops, três de Massa e três de Bottas. E havia um fator fundamental para dar os "estrategistas" da Williams no mínimo repensarem se o dado de sexta-feira limitava mesmo tanto o uso dos pneus médios: domingo a temperatura do asfalto, quando secou, era de 37 graus. E na sexta-feira, 57.

Mais: outros pilotos permaneceram na prova usando os macios por até mais de 30 voltas, como Ricciardo e Alonso. Deveria existir algum fato novo que explicasse essa autonomia bem maior da esperada. E era a temperatura 20 graus a menos do primeiro dia. Mesmo assim os estrategistas da Williams não conseguiram enxergar. Todos os demais, sem exceção, sim.

Já na largada, com o piso molhado, foi possível ver um Massa cauteloso, mais prudente. Embora fizesse questão de dizer: "Não fiz nada de diferente do que sempre faço". Saiu da sexta colocação no grid e ao final da primeira volta era o oitavo. Button e Nico Hulkenberg, Force India, o ultrapassaram.

Mas manteve-se constante o tempo todo, até a bandeirada. Resignado com a menor velocidade do modelo FW36-Mercedes da Williams com os pneus médios, obteve os pontos que eram possíveis, no melhor momento possível. É isso que a Williams e qualquer equipe quer de seus pilotos. Era imprescindível para Massa não se envolver em outra manobra polêmica, como a de Hockenheim. Ele foi analisado pelo acidente, não Magnussen.

Fez bem para Massa terminar na frente de Bottas, o oitavo.

Com o resultado do GP da Hungria, em que Alonso somou 18 pontos e Raikkonen 8 para a Ferrari, e Massa 10 e Bottas 4 para a Williams, a Ferrari voltou para o terceiro lugar entre os construtores, com 142 pontos, deixando a Williams em quarto, com 135. A meta da Williams é ser vice. A Red Bull está em segundo, agora mais distante, com 219.

As segundas metades de temporada de Massa costumam ser melhores que as primeiras. Se demonstrar o mesmo equilíbrio do GP da Hungria, pode ratificar sua característica de marcar bem mais pontos já a partir do GP da Bélgica, o próximo, dia 24 de agosto.

Kimi Raikkonen - 6

6.º colocado, a 1 segundo e 650 milésimos de Massa e a 31 segundos e 491 milésimos de Ricciardo.

Desde o primeiro treino livre, sexta-feira, se mostrou um piloto bem mais interessado pela competição que nas etapas anteriores. Seus tempos estiveram mais próximos dos de Alonso. E mudou o discurso também. Na quinta-feira, no sábado e depois da corrida fez questão de se incluir nos planos da Ferrari para 2015. E demonstrou até estar esperançoso de disputar um Mundial bem melhor.

Criticou duramente a Ferrari, sábado, quando afirmou ter pedido para se manter na pista, no fim do Q1, na classificação, e a equipe lhe dizer não ser necessário sair mais porque o tempo obtido já lhe garantia passar para o Q2. Não foi o caso. Raikkonen teve de largar em 16.º.

Disputou boa prova. Fez ultrapassagens, resistiu ao ataque de adversários, enfim, mostrou estar vivo, já um avanço este ano. Quando percebe que o carro não corresponde, Raikkonen não faz o menor esforço para tentar torná-lo veloz, como procura fazer Alonso.

Sebastian Vettel - 6

7.º colocado, a 9 segundos e 473 milésimos de Raikkonen e a 40 segundos e 964 milésimos de Ricciardo.

Já não esconde as críticas à equipe. E não para justificar o fato de ter se classificado em sétimo e o companheiro, Ricciardo, vencer a corrida. Recebeu orientação equivocada sobre como ajustar a unidade motriz depois do primeiro safety car e perdeu muita potência e duas posições, além das duas por ter passado já a entrada dos boxes quando o safety car entrou na pista.

Como ele mesmo disse, perdeu o contato com o bloco da frente. Da terceira colocação ao fim da primeira volta caiu para a oitava, na 14.ª. E Vettel lamentou, ainda, a estratégia ineficiente. Enquanto Ricciardo fez três pit stops (voltas 8, 23 e 54), colocando pneus macios usados, macios novos e macios novos, Vettel realizou dois (voltas 9 e 33) e voltou para a pista com pneus macios usados e médios novos. "Não iria funcionar mesmo."

Um dado para ilustrar como Vettel estava lento: sua melhor volta ocorreu na 52.ª passagem, com 1min28s746, nona da prova, enquanto a de Ricciardo, a 58.ª, 1min26s608, segunda. Diferença entre as duas: 2 segundos e 138 milésimos. Vettel pode ser três décimos de segundo, no máximo, mais lento que Ricciardo com o modelo atual, mas jamais 2 segundos.
 
Por mais que lide bem com o fato de Ricciardo, estreante na Red Bull, somar depois de 11 etapas 131 pontos, ser o terceiro no Mundial, e ele, 88, sexto, não há como não se sentir pelo menos incomodado. E ainda que afirme não dar importância para que muitos estão dizendo, que suas super conquistas aconteceram por causa da maior eficiência dos carros da Red Bull, também deve lhe gerar desconforto.

Mas Vettel é um piloto excepcional. Parece haver alguma semelhança entre o que se passa com Raikkonen e Vettel quando o carro não é dos mais equilibrados. Sugerem não serem dos mais capazes de tirar velocidade dele.

E para a inconveniência de ambos, Alonso e, agora, Ricciardo, os seus companheiros de equipe, têm como principal característica exatamente a capacidade de ser até certo ponto veloz com um equipamento limitado, como são os modelo F14T da Ferrari e RB10-Renault da Red Bull este ano.

Valtteri Bottas - 7

8.º colocado, a 380 milésimos de Vettel e a 41 segundos e 344 milésimos de Ricciardo.

Outra vítima do primeiro safety car. Foi o maior prejudicado. Despencou de segundo para 11.º. Por si só já tornaria sua trajetória na corrida difícil. Mas se tivesse um carro rápido poderia avançar bastante, como fez Hamilton, por exemplo. Não foi o caso, com os pneus médios, Bottas e Massa tinham ritmo muito aquém dos que estavam com pneus macios.

Seu talento desta vez não foi correspondido pela eficiência do carro. A estratégia errada da Williams, como de hábito, comprometeu qualquer possibilidade de Bottas fazer mais. Correu como Massa, para somar pontos, o possível domingo.

Jean Eric Vergne - 7

9.º colocado, a 17 segundos e 183 milésimos de Bottas e a 58 segundos e 527 milésimos de Ricciardo.

Se o francês disputasse todas as corridas como na Hungria, Helmut Marko, homem forte da Red Bull, não estariam pensando, hoje, se o espanhol Carlos Sainz Junior já está pronto para substituí-lo na Toro Rosso em 2015. Carlos é filho do grande campeão de rali Carlos Sainz, tem 19 anos, patrocínio da Red Bull, faz parte do programa de pilotos da empresa, e lidera a Fórmula Renault 3.5 World Series, com 157 pontos, diante de 118 de outro espanhol, Roberto Merhi. A categoria é similar a GP2.

Vergne se classificou bem, sábado, oitavo, e teve uma primeira parte de corrida excelente, quando ficou entre os primeiros. Da 16.ª volta a 23.ª ocupou o quarto lugar. Austrália (oitavo), Canadá (oitavo)  e Hungria, nono, foram seus melhores GPs este ano. Terá de correr assim, nas oito etapas que restam para tentar se manter na Toro Rosso em 2015.

Jenson Button - 7

10.º colocado, a 8 segundos e 753 milésimos de Vergne e a 67 segundos e 280 milésimos de Ricciardo.

Nunca critica a equipe. É um piloto que realmente trabalha em grupo. Ganha e perde com seus técnicos e mecânicos. Mas em Budapeste não suportou tamanha aberração estratégica. Todos pararam para trocar os pneus intermediários pelos lisos, para asfalto seco, por a chuva ter parado e já haver uma trilha na pista, na oitava e nona volta, a do primeiro safety car.

Até então quinto colocado, depois de boa classificação, sábado, sétimo, voltou à pista com intermediários ainda, mas novos. O seu companheiro, Kevin Magnussen, não fez pit stop no primeiro safety car, permaneceu com os intermediários. Eric Boullier, chefe da McLaren, explicou, depois, que o radar do time indicava nova pancada de chuva a seguir. Só a McLaren tinha essa previsão.

Resultado, Button perdeu boa chance de marcar importantes pontos no GP da Hungria. Precisou voltar aos boxes seis voltas depois do primeiro pit stop. Teve de se contentar com apenas 1 ponto, do décimo lugar. Quando a organização de Ron Dennis consegue ter um carro minimamente competitivo, como no Circuito Hungaroring, eis que os responsáveis pela estratégia se deixam levar por uma informação profundamente duvidosa e comprometem os esforços de mais de 500 integrantes da escuderia, bem como o elevado investimento necessário.

De qualquer maneira, Button foi aguerrido no fim de semana, na definição do grid e nas primeiras voltas da corrida. Claramente a crítica de Dennis, em Silverstone, mexeu com o campeão do mundo de 2009, pela Brawn GP, desejoso de se manter na F1, depois de 15 temporadas e 258 GPs. 

Fórmula 1