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Fórmula 1

Após nova polêmica, Rosberg e Hamilton obedecerão ordens da Mercedes

Livio Oricchio

Do UOL, em Spa (Bélgica)

24/08/2014 12h55

Acabou a festa na Mercedes. A partir de agora seus pilotos, Nico Rosberg, líder do Mundial, com 220 pontos, e Lewis Hamilton, segundo, 191, vão obedecer ordens de equipe. 

O acidente entre Rosberg, o segundo colocado do GP da Bélgica, neste domingo, no Circuito Spa-Francorchamps, e Hamilton, que abandonou a prova, já provocou ações imediatas de Toto Wolff e Niki Lauda, sócios e diretores do time. 

O vencedor da 12.ª etapa do campeonato foi o extraordinário Daniel Ricciardo, da Red Bull, pela terceira vez na temporada, seguido por Rosberg e a outra revelação do ano, Valtteri Bottas, da Williams-Mercedes.

Ainda neste domingo Wolff, Lauda, Rosberg e Hamilton vão se reunir e estabelecer o que é permitido e proibido fazer na pista em termos da disputa entre ambos. Até agora estavam livres para lutar.

Na segunda volta da corrida, neste domingo, Rosberg tentou ultrapassar Hamilton na curva Les Combes, para reassumir a liderança perdida na largada, e o aerofólio dianteiro do seu carro tocou no pneu traseiro esquerdo de Hamilton.

O aerofólio foi danificado enquanto Hamilton teve o pneu furado, obrigando-o a percorrer a maior parte dos 7.004 metros da pista lentamente até regressar aos boxes. Na 38.ª volta de um total de 44 decidiu encostar o carro nos boxes, por já estar fora dos pontos. 

Lauda foi objetivo na sua análise so ocorrido. "É muito simples. É completamente inaceitável que ainda na segunda volta Nico bata em Lewis. Faremos uma reunião reservada hoje ainda, às 16h45. Se acontecesse no fim da prova, quando estavam lutando pela vitória, mas na segunda volta, para entregar a vitória para a Red Bull?"

O ex-campeão do mundo de 1975, 1977 e 1984 falou, ainda: "Achei que eles eram inteligentes o suficiente para entender isso, mas obviamente não são".

A dupla responsável pelo gerenciamento da Mercedes fez uma conta elementar. Com os 25 pontos somados por Riccardo, o jovem australiano tem, agora, 156. Hamilton, sem acrescentar nada na Bélgica, ficou com 191. A diferença entre ambos é de 35 pontos. 

Confira a classificação da prova na Bélgica e a pontuação completa da F-1 na temporada.

Se essa diferença se mantiver até a última etapa, Abu Dabi, quando os pontos serão somados em dobro, a Mercedes poderia perder o segundo lugar entre os pilotos. Isso tendo um carro que foi, ontem na classificação em Spa, mais de dois segundos mais rápido que o terceiro colocado, Sebastian Vettel, da Red Bull, apenas o quinto neste domingo.

A derrota seria, portanto, de quem administra a equipe, não do grupo de engenharia. Por essa razão Lauda e Wolff estabelecerão regras claras de como Rosberg e Hamilton vão ter de agir na pista a fim de evitar uma surpresa bastante desagradável no Circuito Yas Marina.

Wolff falou com a imprensa: "É absolutamente inaceitável que ainda na segunda volta dois companheiros de equipe se choquem. Discutimos essa questão frequentemente e hoje aconteceu", disse o austríaco.

"Você não pode ultrapassar com a faca entre os dentes e danificar os dois carros. Lewis está realmente se sentindo mal com o ocorrido. Nós o mantivemos na pista com um carro danificado. Mas ele voltará logo ao seu estado normal porque nós vamos agir", complementou Wolff.

Hamilton não poupou Rosberg, assim como a torcida, que o vaiou duramente no pódio. "Eu segui a minha trajetória normal na curva, como deveria fazê-lo, a preferência era minha, e não sei por qual razão ele bateu em mim." O inglês foi contundente: "Tenho certeza de que ele sairá daqui feliz, hoje".

Em Mônaco, Hamilton acusou Rosberg de provocar um acidente na classificação com o objetivo de gerar a bandeira amarela, proibindo, assim, de os concorrentes melhorarem o seu tempo, garantindo ao companheiro de Mercedes a pole position, decisiva para depois vencer a corrida.

"Não vou dizer que hoje foi pior de Mônaco por não ser possível", afirmou, ainda, Hamilton. "A minha situação no campeonato não é boa, novamente, são 30 pontos de diferença (29, na realidade). Demorou tanto para eu tirar essa diferença anteriormente."

A direção de prova não passou imune a Hamilton. "Os comissários não fizeram nada e eu estou aqui, agora, de novo 30 pontos atrás, tendo de lutar até o inferno."

O próximo GP será o da Itália, em Monza, dia 7 de setembro, onde a vantagem da Mercedes poder ser ainda maior que na Bélgica. E lá, tudo indica, os seus pilotos vão seguir fielmente a orientação de Lauda e Wolff. O duelo livre acabou neste domingo. E esse era um dos espetáculos da F1 este ano.

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