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Fórmula 1

Opinião: Medo de incidente na 1ª curva dá vantagem ao pole Hamilton

Livio Oricchio

Do UOL, em Monza (Itália)

06/09/2014 14h51

Apesar de Nico Rosberg ter dito que o ocorrido na última prova, na Bélgica, não irá interferir no seu comportamento amanhã no GP da Itália, quem pode acreditar que no caso de Lewis Hamilton, o pole position, não largar tão bem, Rosberg, segundo no grid, disputará a posição com o inglês na freada da primeira chicane, a Variante del Rettifilo?

É pouco provável que o alemão vai expor a sua equipe a riscos semelhantes ao de Spa-Francorchamps, dia 24, quando ao disputar a liderança com Hamilton acabou tocando-o, o que impediu provável dobradinha da Mercedes. Venceu Daniel Ricciardo, da Red Bull-Renault, com Rosberg em segundo e Hamilton fora da corrida.

Ocasião favorável para Hamilton

Assim, Hamilton tem grande chance de iniciar liderando a 13.ª etapa do campeonato e reduzir a diferença de 29 pontos que o separa de Rosberg, 220 a 191, na classificação do Mundial. Depois do GP da Itália restarão apenas mais seis etapas. Mas, como disse Hamilton, até isso acontecer, em Monza, há 53 desgastantes voltas pela frente na pista de 5.793 metros.

A maioria das equipes pensa, em condições normais, em realizar apenas um pit stop. Isso quer dizer que para os dez primeiros, os que vão iniciar a corrida com pneus médios da Pirelli, terão de estender sua permanência na pista preferencialmente até a volta 20, para que depois, com os duros, completem as 33 voltas restantes.

Mas faz calor em Monza. Na hora da classificação, neste sábado, a temperatura ambiente era de 27 graus e a do asfalto, 46. Pode ser que nem todos consigam levar adiante a estratégia de apenas um pit stop, mudando bastante o cenário da competição. Não há indícios de que será fácil.

Grande surpresa, pouco provável

Poucos acreditam que Hamilton ou Rosberg possam ser ameaçados nas duas primeiras colocações da corrida, diante da superioridade do modelo W05 hybrid da Mercedes. Mas, como lembrou Felipe Massa, apesar do seu favoritismo, as diferenças registradas foram até menores das esperadas. Por exemplo: entre Rosberg, segundo neste sábado, e Valtteri Bottas, companheiro de Massa, a diferença foi de 314 milésimos, pequena para um traçado longo como Monza.

Faz sentido o fã da F1 acreditar que Hamilton e Rosberg só não fazem primeiro e segundo em Monza se algo de anormal acontecer, mas desta vez parece provável que não devam ser tão mais eficientes como em outras corridas, onde as diferenças impostas foram preocupantes para os adversários. 

Não é o cenário que os treinos livres e a classificação em Monza propõem para as 53 voltas da prova. Na simulação de sexta-feira, tanto Bottas com os pneus médios quanto Massa, com os duros, a Williams mostrou-se eficiente e não distante do que fizeram Hamilton e Rosberg.

Seria espetacular para o GP da Itália se Bottas ou Massa ultrapassasse um dos pilotos da Mercedes na largada. A Williams também dispõe de elevada velocidade final nas retas. Não seria fácil o piloto da Mercedes ultrapassá-los. Tornaria, com certeza, a disputa mais emocionante e menos previsível.

Massa comentou não poder subestimar as equipes que estão atrás da Williams no grid de Monza. Depois da primeira fila com a dupla da Mercedes e a segunda, a da Williams, vêm os pilotos da McLaren, equipada também com unidade motriz Mercedes, o arrojado Kevin Magnussen, em quinto, e Jenson Button, sexto. Não é obra do acaso que os seis primeiros no grid competem com unidade motriz Mercedes.

A Williams demonstrou sexta-feira até poder sonhar em acompanhar a Mercedes mais de perto em Monza. Está mais para essa realidade do que ter de se defender do ataque de McLaren e os demais logo atrás no grid, Fernando Alonso, Ferrari, sétimo, e a dupla da Red Bull-Renault a seguir, Sebastian Vettel, oitavo, e Daniel Ricciardo, nono. 

Mas até que os carros estejam na pista, em condição de corrida, com a nova variável da temperatura mais elevada, e outras não identificadas, ainda,  é melhor considerar McLaren, Ferrari e Red Bull como concorrentes do que vir a se surpreender na hora. Mas a simulação de sexta-feira da Williams foi bem superior a desses três times.

Consumo elevado de gasolina

Dentre os fatores novos que possam surgir em Monza está a necessidade de os pilotos terem de administrar seu ritmo de corrida em razão de o consumo de combustível ser talvez o mais elevado da temporada. Vale lembrar que o regulamento, este ano, estabelece o limite de 100 quilos de gasolina, cerca de 120 litros, para os cerca de 305 quilômetros da prova.

Massa não pode falhar

Se não acontecer nada de extraordinário na largada, Massa completar a primeira volta dentre os primeiros colocados, como se espera, por largar em quarto, faz sentido a direção da Williams cobrar que traga importantes pontos para casa. De novo, ao menos na simulação a Williams nunca esteve tão perto da Mercedes como em Monza. 

Portanto, é provável que o modelo FW36-Mercedes permita a Massa e Bottas a possibilidade de lutar por um grande resultado, caso confirme os dotes de velocidade evidenciados. Do finlandês é possível esperar que corresponda, pois obteve quatro pódios nas cinco últimas etapas, enquanto o mesmo não se pode dizer de Massa. Desta vez tem de aproveitar a oportunidade. 

Se falhar por erro próprio, seja de qual natureza for, sedimentará de vez a impressão de muita gente de que entrou na fase descendente da carreira. Em velocidade numa volta lançada está provado não ser o caso, até pelo tempo deste sábado em Monza e a pole position no GP da Áustria. 

Mas sua inconstância nas corridas, avaliações equivocadas e o envolvimento em alguns acidentes evitáveis já levantam a preocupante suspeita em profissionais da competição. Uma grande performance em Monza, possível diante do equipamento que dispõe, ajudaria muito a rever as ideias pejorativas que começam a se formar a seu respeito. 

Evitar um eventual choque com o talentoso mas ainda franco atirador Magnussen, na primeira freada, por exemplo,  comprometendo sua corrida, seria importante para Massa. Por vezes recuar numa disputa representa, na realidade, andar para a frente. É bem provável que ao longo das 53 voltas a Williams se mostre mais eficiente que a McLaren, dando a Massa a oportunidade de ganhar a posição novamente, sem maiores riscos.

Enfim, o GP da Itália, apesar do inegável favoritismo de Hamilton, com Rosberg logo atrás, pode garantir mais emoções do que o torcedor imagina diante da esperada divisão de forças, onde na frente estaria a Mercedes, um pouco atrás a Williams, e a seguir McLaren, Ferrari e Red Bull, sem esquecer a Force India, também equipada com unidade motriz Mercedes.

A largada será às 9 horas, horário de Brasília.

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