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Fórmula 1

Garoto do taca-le pau teve aula por Skype e turbinou sotaque em vídeo da F1

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

17/09/2014 06h00

Astro-mirim da internet, Leandro Beninca, de 9 anos, ganhou novo fôlego em sua crescente fama ao gravar um vídeo promocional do GP do Brasil de Fórmula 1. Nele, seu “taca-le pau” foi remodelado e incluiu astros da categoria, com direito ao seu curioso sotaque transformando Hamilton em um “Rrramilton” de dar inveja a Galvão Bueno. O comercial surgiu quando a agência de publicidade Neogama/BBH resolveu ousar e criar algo fora do padrão e ele foi lançado dia 10 na internet e nesta semana na TV.

Em um papo rápido com o UOL Esporte, o protagonista Leandro contou com seu jeito tímido e monossilábico que costuma assistir à Fórmula 1 com a família, mas que não torce para ninguém em específico. Sobre ouvir sua voz num anúncio de nível nacional, definiu: "foi legal!".

O curioso é que, para a ideia do comercial dar certo, toda uma operação foi montada. Leandro e o primo Marcos, o “Marco Véio” que pilota o carrinho, são de Taió, em Santa Catarina. O lugar é simples, então eles foram deslocados para um estúdio de rádio em Santa Terezinha e instruídos via Skype no momento da gravação.

“Entre a criação e o filme no ar, demoramos cerca de um mês. Pedimos para eles irem a uma cidade vizinha, agendamos numa rádio local e fomos passando as instruções via Skype. Eles no Sul e a gente em São Paulo, só passando os detalhes do que a gente queria”, explicou Fernando Saú, diretor de arte de 33 anos.

O trabalho foi fácil, e perceber no sotaque de Leandro a chance de exagerar algumas letras “R” pareceu uma chance de diferenciar ainda mais o trabalho.

“Eles são super simples e foi tranquilo, deixamos ele bem à vontade. O Leandro já tem o ‘texto’ pronto, fala isso desde que o vídeo começou a bombar. Meio do nada, uma hora ele soltou um R mais puxado e falamos: ‘legal!’. Então, pedimos para dar uma puxada, para ficar diferente”, afirmou Saú. Nasceu o "Rrramilton", do garoto.

“Ele já tinha gravado alguns comerciais na nossa região, mas de grande porte, nacional, foi o primeiro”, afirmou a mãe, Jiovana. “A gravação foi bem legal, ele não fica incomodado, fica tranquilo. Ele não gosta muito é de tirar foto, conversar muito, mas como era só gravar as frases, foi tranquilo”.

O diretor de arte Fernando Saú explica que o comercial tem uma razão para ser um pouco “tosco”, fugir do padrão dos vídeos que se vê na TV. Isso já partiu da ideia inicial buscada pela agência, para atender ao pedido do GP do Brasil.

“Ficamos ligados no que está bombando na internet, e este vídeo é genial do garoto com o primo. A gente quis fazer uma coisa que fosse totalmente diferente de todos os comerciais que já se fez de F-1. Foi pegar uma coisa bombando na internet e causar uma estranheza em quem fosse ver na televisão. Se destacar no meio dos breaks (intervalos)”, contou ele, que acrescentou. “E foi demais o cliente apostar na ideia, não é qualquer um que apostaria em um hit da internet. Então, o cliente foi mente aberta, aprovou e deu certo.”

Com quase 800 mil visualizações em uma semana, a agência já fala em concorrer a prêmios, confiante de que o sucesso da campanha pode render outros frutos.

Rotina e poupança

A história de Leandro e o seu "taca-le pau" se iniciou em um período de férias escolares, quando ele filmou com um tablet o irmão Marcos descendo o morro de um sítio da avó deles, Salvelina. O vídeo foi para o Facebook, mas bombou de fato quando foi passado e repassado milhares de vezes no Whatsapp.

O carrinho, feito pelo pai, é simples, mas garante a diversão dos garotos. Agora, garante também a chance de poupar um dinheirinho para o futuro. "Vamos poupar para uma faculdade, já abri uma conta para ele. Tudo que está entrando, estou guardando para ele", contou a mãe, sobre Leandro - o único que lucrou com o comercial do GP do Brasil, já que foi quem virou astro do novo vídeo.

Jiovana está tendo de se virar com o trabalho. Ela é professora, e passou a viver também em função dos convites para gravações, seja na publicidade ou na TV. A família sabe que é algo momentâneo, logo um novo viral via surgir, e o "taca-le pau" será trocado por outra mania.

“Mudou bastante a rotina. Eu sou professora, trabalho fora. Um pouco atrapalha, se disser que não, estaria mentindo. Eu tenho que conseguir conciliar o trabalho com tudo isso. Mas estou conseguindo e estamos tentando aproveitar o que está vindo. Até por saber que é passageiro, estamos procurando aproveitar todos os momentos. Sabemos que os meninos não tem nenhum talento, não sabem cantar ou algo assim. Foi algo sem querer. Então, o que surge a gente aproveita, porque nossas famílias sabem que vai passar”, concluiu.

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