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Fórmula 1

Neurologistas dizem que lesão pode deixar Bianchi em estado vegetativo

Fábio Aleixo e Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

07/10/2014 13h43

Com a lesão axonal difusa (LAD) sofrida por Jules Bianchi no grave acidente do Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, o piloto pode ficar em estado vegetativo para o resto da vida. É o que indicam neurologistas consultados pelo UOL Esporte após a divulgação do novo boletim médico. A lesão, normalmente causada por desaceleração brusca, é considerada traumática e de risco extremo, já que ela afeta a ligação entre os neurônios.

Os médicos que conversaram com a reportagem acreditam que ainda é cedo para dar um prognóstico completo, mas que é muito provável que fiquem sequelas no francês, que está internado em estado crítico na UTI do Hospital Universitário de Mie, na cidade de Yokkaichi.

“Ele está em coma. É comum caso ele fique semanas ou meses desacordado. Quando ele abrir o olho vão ver o qual é a resposta dele. Se ele não fizer nada, ele estará em estado vegetativo persistente. É o grau máximo de sequela. É possível abrir os olhos e não executar uma ordem física, não reage com o ambiente. Há um risco razoável de isso acontecer. Às vezes a pessoa consegue se mexer. Chamamos de estado minimamente consciente”, explica Leandro Teles, neurologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“Não é uma lesão de operação. Não tem como conduzir, é manter o paciente em coma até ele acordar. É cuidar e esperar. Às vezes os pacientes saem do coma e acabam sequelados. Ou estado vegetativo, ou sequelado em alguma função motora”, continuou.

André Luiz Beer Furlan, neurocirurgião do Hospital Sírio Libanes de São Paulo, afirma que alguns exames de imagem podem ajudar a entender melhor a extensão da LAD, mas tudo depende de como Bianchi vai reagir nos próximos dias.

“Exames de imagem podem dar uma primeira ideia, mas é necessário o paciente acordar do coma”, disse.

 

Chance de recuperação 

Apesar da gravidade, ainda há esperança de que o piloto consiga se recuperar e voltar a ter uma vida normal. É o que explica o doutor Renato Anguinah, da Academia Brasileira de Neurologia. O fato de o francês ser jovem e atleta pode ser decisivo em uma possível recuperação.

“É comum os pacientes sobrevirem, mas não sabemos o nível de sequela. 1/3 dos pacientes têm sequela cognitiva e motora e 2/3 têm só cognitiva. Tem caso que pode ficar em estado vegetativo, mas outros podem até voltar a estudar e trabalhar. Tudo depende do tamanho da extensão da lesão. No primeiro momento é difícil quantificar. É muito cedo. Geralmente evolução não será de um dia para outro”, analisou.

“Ele tem a vantagem de ser jovem e atleta. Fisicamente é favorável. O mesmo quadro em um idoso, o prognóstico é muito pior. Como jovem e atleta tem mais chances. Se não tiver complicação clínica, passou de uma semana e dez dias, viabilidade de sobreviver vai ficando cada vez maior”, completou.

Na manhã desta terça-feira, a Marussia divulgou um comunicado, emitido pela família de Jules Bianchi e pela equipe médica, sobre o estado de saúde do piloto. De acordo com o boletim, a situação do francês permanece crítica, mas estável. Ele se chocou a aproximadamente 200 km/h com um guindaste que retirava o carro de Adrian Sutil na área de escape do circuito de Suzuka.

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