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Título de construtores da Mercedes vem 59 anos depois de 1º domínio na F-1

Juan Manuel Fangio corre pela Mercedes, em 1955 - Reuters
Juan Manuel Fangio corre pela Mercedes, em 1955 Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

13/10/2014 11h00

Com a dobradinha de Lewis Hamilton e Nico Rosberg no último domingo, no GP da Rússia, a Mercedes conquistou seu primeiro Mundial de construtores na Fórmula 1. A equipe, porém, já poderia ter conquistado o título em 1955, quando também dominou a categoria, só que este tipo de disputa entre equipes ainda não existia. 

A primeira incursão da montadora alemã na Fórmula 1 teve apenas dois anos. A estreia aconteceu no GP da França de 54, terceira etapa do campeonato (considerando as 500 Milhas de Indianápolis, que fazia parte do calendário apesar de ser ignorada por times e pilotos europeus). A equipe contratou como seu principal piloto Juan Manuel Fangio, que já tinha vencido os GPs da Argentina e Bélgica pela Maserati naquele mesmo ano. 
 
E logo na primeira prova, o argentino já levou a vitória em Reims com o famoso modelo W196 e suas rodas cobertas, com o alemão Karl Kling completando a dobradinha do time. Fangio venceria mais três corridas naquela temporada até levar o título, o seu segundo, batendo seu compatriota José Froilán González e Mike Hawthorn, ambos da Ferrari. O escuderia italiana, por sinal, ainda teria o terceiro colocado do campeonato, Maurice Trintignant. 
 
Competindo desde o início, a Mercedes dominou amplamente em 55. Fangio conquistou seu tricampeonato, com o companheiro de equipe Stirling Moss como vice. Os dois venceram cinco das seis corridas do campeonato (descontando, desta vez, Indianápolis), e só perderam o GP de Mônaco, em que a Ferrari triunfou com Trintignant. 
 
Desta forma, somando os pontos de todos o pilotos da equipe, a Mercedes marcou 69 pontos contra 48,99 dos que competiram pela Ferrari durante a temporada. Só que o campeonato de construtores só seria instituído três anos mais tarde. 
 
O problema é que naquele mesmo ano, um acontecimento em outra competição mudaria os planos da fábrica. Um dos carros da marca se envolveu em um grave acidente nas 24 Horas de Le Mans, em que 84 espectadores morreram ao serem acertados por peças que voaram da batida, no que é conecido até hoje como uma das maiores tragédias da história do automobilismo. Com isso, a empresa resolveu se retirar das competições esportivas em geral. 
 
Levou um longo tempo para a Mercedes reconsiderar a decisão. A partir de  1979, a companhia entrou com algumas participações tímidas, contribuindo com equipes privadas, especialmente no rali. 
 
No final da década de 80, a sua particpação de sucesso no Mundial de Marcas (atual Mundial de Endurance), inlcuindo uma dobradinha justamente em Le Mans, sempre em parceria com a Sauber, levou definitivamente o gosto pelo automobilismo de volta a Stuttgart. Assim, começou-se a trabalhar em um novo projeto para a Fórmula 1. 
 
O início foi apenas como uma patrocinadora da equipe de Peter Sauber, que entrou na categoria em 1993 com um time próprio e motores fabricados pela Ilmor, que foram rebatizados de Sauber. No final do ano, a Mercedes resolveu comprar parte da fabricante de propulsores e o time suíço correu em 94 equipado com um V10 da montadora alemã. Na temporada seguinte, a fábrica trocou o pequeno time pela McLaren, com quem conquistou os títulos de pilotos de 1998, 99 e 2008. Durante esse tempo, a marca também passou a investir em diversas outras categorias de protótipos, turismo e até na Indy. 
 
Ao final da temporada de 2009, a empresa resolveu que era hora de um projeto ainda mais audacioso: voltar com uma equipe própria. Ela comprou a campeã daquele ano, a Brawn GP, aproveitando assim uma estrutura já montada na Inglaterra, e trouxe de volta da aposentadoria Michael Schumacher, piloto com mais títulos na história, para correr ao lado de outro alemão, o promissor Nico Rosberg. 
 
O começo foi difícil. A primeira vitória veio apenas em 2012. Mesmo assim, em nenhum momento o time entrou na briga por qualquer título. Schumacher se retirou novamente em 2012 para dar lugar a Hamilton. Paralelamente, a Mercedes investiu forte na contratação de importantes engenheiros para sua parte técnica e no desenvolvimento do novo motor V6, que entraria em vigor em 2014. 
 
As apostas, enfim, trouxeram os resultados esperados. Na atual temporada, Rosberg e Hamilton vêm dominando a temporada com 13 vitórias em 16 corridas até o momento, o que levou a Mercedes a conquistar seu primeiro mundial de construtores com três corridas de antecipação. 
 
Agora, ela apenas espera seus dois pilotos resolverem nas próximas etapas quem será o responsável pelo terceiro Mundial de pilotos da marca, quase seis décadas depois dos primeiros triunfos com Fangio. 
 

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