Topo

Fórmula 1

Duelo Hamilton-Rosberg começou com "kart" no Bahrein e terminou em racha

Rosberg e Hamilton se cumprimentam após disputa acirrada no Bahrein; relação azedaria ao longo do ano - THAIER AL-SUDANI/Reuters
Rosberg e Hamilton se cumprimentam após disputa acirrada no Bahrein; relação azedaria ao longo do ano Imagem: THAIER AL-SUDANI/Reuters

Do UOL, em São Paulo

21/11/2014 12h00

"Durante as dez últimas voltas dei meu máximo. Nico e eu não tínhamos uma luta assim desde que estávamos no kart." Foi dessa forma que Lewis Hamilton resumiu o GP do Bahrein de Fórmula 1, a terceira etapa do ano, que já escancarava o tamanho do favoritismo da Mercedes na temporada de 2014.

A F1 chegou ao Bahrein após vitórias de Rosberg na Austrália, onde Hamilton abandonou, e do britânico na Malásia, que marcou a primeira dobradinha da Mercedes no ano. Mas o duelo em Sakhir foi o primeiro onde Hamilton e Rosberg protagonizaram disputas intensas e polarizaram a atenção do público e da própria equipe.

Apesar da alternância de ultrapassagens e da agressividade dos dois, terminando com vitória de Hamilton, ambos deixaram a pista satisfeitos com o show e trocando elogios, lembrando até da amizade que cultivavam desde os tempos de kart. E que não duraria muito tempo depois dessa corrida.

Na sexta etapa, em Mônaco, em maio, um incidente no treino classificatório mostrou que a camaradagem era sensível à disputa pela taça. Rosberg fez a melhor volta e, no giro seguinte, saiu da pista, o que causou uma bandeira amarela nos instantes finais da classificação. Hamilton vinha em volta rápida para tentar roubar a pole position, mas foi impedido pela bandeira amarela.

O alemão foi investigado sobre a possibilidade de ter saído da pista de forma deliberada, mas não houve punições. Na prova, se aproveitou da dificuldade de ultrapassagens em Mônaco e liderou a dobradinha. Hamilton, insatisfeito desde o sábado, resumiu o sentimento em uma frase após a corrida: “não somos amigos, somos colegas.”

Dois meses depois, na Hungria, novo atrito. Rosberg, então líder do Mundial, saiu da pole e viu Hamilton, com problemas, largando dos boxes. Só que as circunstâncias da corrida fizeram os dois se encontrar nas voltas finais, com o britânico na frente.

A Mercedes pediu que ele cedesse o terceiro lugar a Rosberg, que estava mais rápido; Hamilton não cumpriu, o alemão reclamou pelo rádio e a equipe teve que se explicar aos dois após a prova. O inglês novamente não mediu palavras ao comentar o caso: “fiquei chocado com a equipe me pedir isso.

A briga esquentou de vez no GP da Bélgica, 12ª prova do ano. Rosberg saiu na pole, mas foi ultrapassado por Hamilton; ao tentar retomar a posição na segunda volta, tocou no carro do inglês, que teve um pneu furado e abandonou.

O alemão foi segundo colocado, aumentou a vantagem na liderança do Mundial e causou ira no companheiro de equipe, que o acusou de ter batido de propósito. Dessa vez, no entanto, a Mercedes considerou o alemão culpado pelo acidente e Rosberg, que chegou a ser vaiado no pódio por causa da manobra, admitiu ter cometido um “erro de julgamento”.

Após o GP de Spa-Francorchamps, o campeonato mudou de rumo. Na corrida seguinte, na Itália, Hamilton venceu em uma prova marcada por dois erros do alemão, sendo que um deles custou o primeiro lugar. Foram cinco vitórias seguidas do inglês - a última delas nos Estados Unidos, com uma inesperada (e certeira) ultrapassagem sobre Rosberg.

O alemão venceu o GP do Brasil, no último dia 9, e se manteve na luta pelo título em Abu Dhabi, mas a superioridade de Hamilton na reta final do Mundial colocou o britânico em situação confortável para levar a taça - basta um segundo lugar na corrida para ele ser bicampeão, mesmo com vitória do companheiro de equipe.

De qualquer forma, a Mercedes já se preocupa com 2015. Para o chefe de equipe Toto Wolff, o passo seguinte à disputa será motivar o eventual vice-campeão e diminuir o clima de hostilidade entre os dois visando à próxima temporada.

Fórmula 1