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Herói em Mônaco e vilão em acidente trágico, francês Beltoise morre aos 77

Beltoise em 1974; sua única vitória na F1 foi no GP de Mônaco de 1972 - Allsport UK /Allsport/Getty Images
Beltoise em 1974; sua única vitória na F1 foi no GP de Mônaco de 1972 Imagem: Allsport UK /Allsport/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

05/01/2015 12h40

Protagonista de uma das mais famosas performances na chuva em um GP de Mônaco, o ex-piloto francês Jean-Pierre Beltoise morreu nesta segunda-feira (5) aos 77 anos. Ele sofreu dois acidentes vasculares cerebrais, em 31 de dezembro e 1º de janeiro, segundo informações do jornal “L’Equipe”, enquanto passava o feriado em Dacar, no Senegal.

Com 87 GPs no currículo (largou em 84), Beltoise correu na Fórmula 1 entre 1967 e 1974. Promessa francesa nas motos e nos carros, ele conseguiu uma vaga na Matra no início de carreira, chegando à elite do automobilismo ao mesmo tempo em que ganhava o título da F2, principal categoria abaixo da F1 na época, em 1968.

Com seis pódios em cinco anos pela Matra, tendo conquistado um quinto lugar no Mundial de Pilotos de 1969 como melhor resultado, Beltoise seguiu em 1972 para a BRM, equipe que já havia sido campeã da F1 dez anos antes e enfrentava uma decadência constante.

Nesta temporada, o francês não era exatamente o piloto mais popular em meio a astros como Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, François Cevert e os veteranos Graham Hill e Denny Hulme. Não apenas pela qualidade e pelo carisma dos outros, mas também por carregar uma mancha no currículo, em uma época que Stewart, Fittipaldi e companhia lutavam para aumentar a segurança nas pistas de corrida.

Em janeiro de 1971, durante a prova de endurance 1.000 km de Buenos Aires, Beltoise protagonizou um acidente que vitimou o italiano Ignazio Giunti, da Ferrari.

Sem combustível em sua Matra, Beltoise saiu do carro para empurrá-lo aos boxes durante a corrida, o que não era permitido pelo regulamento. Giunti não conseguiu desviar, acertou a traseira do francês - que conseguiu se esquivar - e sua Ferrari ficou em chamas, causando a morte do italiano. Responsabilizado pelo acidente, Beltoise teve sua licença de piloto cassada temporariamente.

Redenção em Mônaco

Era a quarta corrida de 1972, a terceira com a participação de Beltoise, que ainda não havia pontuado no ano. No campeonato que seria marcado pelo duelo entre Fittipaldi e Stewart, com vantagem final do brasileiro, Beltoise era um neri coadjuvante.

Largando em quarto nas ruas encharcadas de Monte Carlo, ele logo deixou para trás Clay Regazzoni, Jacky Ickx e o pole Emerson, tomando a liderança ainda na largada. Liderança que não perdeu mais, levando a BRM ao lugar mais alto do pódio com uma vantagem de 38 segundos sobre Ickx, e uma volta à frente de Fittipaldi, terceiro colocado. Mesmo deslizando na pista escorregadia, que fez com que seis pilotos abandonassem em acidentes, Beltoise não teve rivais naquele domingo.

Foi sua primeira e única vitória na F1. Não voltou a pontuar naquele ano, e só subiu ao pódio mais uma vez, dois anos depois, na África do Sul. Deixou a categoria e se aventurou por campeonatos de rali e endurance, sempre com a marca de ter sido um dos reis de Monte Carlo. Ele deixa os filhos Anthony e Julien, que também se tornaram pilotos.

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