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Fórmula 1

Em crise, Fórmula 1 corre sério risco de ter grid 'fantasma' novamente

Do UOL, em São Paulo

22/03/2015 06h00

Foram motivos diferentes – e atípicos – que levaram a largada da primeira corrida do ano da Fórmula 1 a ter apenas 15 carros na largada. Mas será que isso poderia se tornar cena comum nas próximas provas?

Na Austrália, aconteceu um pouco de tudo. As Manor sequer entraram na pista por todo o final de semana, pois não tinham o software necessário para ligar seus carros. Na verdade, só viajaram à Austrália para ter direito ao dinheiro vindo dos direitos comerciais. Valtteri Bottas, da Williams, sentiu uma lesão nas costas durante a classificação e foi vetado pelos médicos. E Kevin Magnussen, da McLaren, e Daniil Kvyat, da Red Bull, sofreram quebras antes mesmo de alinhar no grid.

Contudo, além da dúvida se a Manor tem, de fato, condições de participar do campeonato, depois de entrar em falência e ser resgatada a poucas semanas do início da temporada, há outras equipes com dificuldades financeiras e que correm risco.

Desde o ano passado, Sauber, Force India e Lotus estão ameaçadas. A equipe de Felipe Nasr está respirando com o dinheiro trazido pelo brasileiro e seu companheiro, Marcus Ericsson, mas não se sabe qual sua real situação.

Já a Force India teve dificuldades para pagar seus fornecedores e acabou atrasando o lançamento do carro de 2015, conseguindo participar apenas dos últimos três dias de testes de pré-temporada. A Lotus, por sua vez, depende do dinheiro trazido pelo venezuelano Pastor Maldonado.

A queixa é sempre a mesma: a má distribuição do dinheiro obtido com a venda dos direitos comerciais: “Perdi a conta das vezes que nos reunimos com Bernie Ecclestone e as equipes. No último ano, nada mudou um centímetro em termos das mudanças que consideramos importantes, não apenas para nós, como também para o esporte”, reclamou Federico Gastaldi, chefe da Lotus.

O dinheiro é dividido levando em consideração a posição de cada equipe no mundial de construtores, mas há quantias adicionais negociadas unilateralmente pelo promotor da F-1, Ecclestone. A Ferrari, por exemplo, ganha 100 milhões de dólares apenas por seu valor histórico para a categoria.

O próprio Ecclestone reconhece que há problemas. “Há muito dinheiro sendo mal distribuído”, afirmou. “E isso é provavelmente culpa minha. Temos de decidir qual a melhor maneira de resolver isso. Francamente, sei o que está errado, mas não sei como resolver.”

Enquanto isso, a categoria viu a equipe Caterham falir e esteve perto de perder também a Manor (ex-Marussia). Com a ameaça da Red Bull deixar o grid, outras duas equipes – a própria Red Bull e seu time satélite, a Toro Rosso, poderiam desaparecer.

Grid de 15 carros é raridade
Desde 1966, a Fórmula 1 não tinha um grid com menos de 17 carros na primeira corrida do ano. Com 15 ou menos, apenas nos primórdios da categoria, na década de 1950. O menor grid da história para uma prova de abertura foi o do GP da Argentina, em 1958, e contou com apenas dez carros.

Nas corridas em geral, o menor grid foi o GP dos Estados Unidos de 2005, quando problemas de segurança com os pneus Michelin e uma relutância da outra fornecedora, a Bridgestone, em colocar uma chicane na pista fez com que apenas seis carros largassem. Os demais foram para os boxes ao final da volta de apresentação.
Outro episódio que esvaziou o grid ocorreu no GP de San Marino de 1982, em meio a uma disputa política pelo controle da categoria, que gerou um boicote e fez com que 14 carros alinhassem.

Com o grid enxuto, apenas 11 carros cruzassem a linha de chegada, o menor número desde o GP da Austrália de 2008, quando foram oito os classificados e seis os que viram a bandeirada.

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