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Fórmula 1

Senna foi herói em 1ª vitória no Brasil. Mas ninguém sabia o real motivo

Do UOL, em São Paulo

24/03/2015 05h00

Nesta terça-feira (24) completam 24 anos da primeira vitória de Ayrton Senna em Interlagos, no Grande Prêmio do Brasil de 1991. A corrida teve ares de heroísmo do brasileiro: debaixo de chuva, Senna conseguiu cruzar a linha de chegada em primeiro com apenas a sexta marcha funcionando.

Só que a situação dramática que o tricampeão mundial vivia dentro de sua McLaren, porém, passou praticamente despercebida durante a transmissão da corrida. A informação de que Senna estava com sérios problemas no câmbio do seu carro só foi revelada depois da corrida.
 
De acordo com o relato da Folha de S. Paulo da época, apenas o ex-piloto Patrick Tambay, então comentarista da TV francesa "La Cinq", reparou que Senna não estava mais mudando as marchas durante a prova.
 
Mas a situação era dramática: primeiro, o brasileiro ficou sem a quarta marcha, faltando 20 voltas para o fim da corrida. Depois a quinta marcha ruiu. E faltando sete voltas para o final, ele só tinha duas opções: ou correr com um marcha só ou abandonar a prova. Os pneus da McLaren também estavam perto do limite. A chuva começava a apertar.
 
Diante de tantos problemas, ele escolheu vencer a qualquer custo. Senna já era bicampeão mundial, mas nunca havia vencido no Brasil: em 1988, um problema de câmbio o tirou da prova. Em 1989, ele bateu na largada e em 1990 bateu em Satoru Nakajima.
 
Depois da corrida, o carro de Senna parou no meio da pista e o piloto ficou dentro do carro. Poucos notaram o que havia acontecido. Os fiscais de prova comemoraram efusivamente enquanto empurravam o carro para uma zona um pouco mais segura. Nem Galvão Bueno, que narrou aquele GP, conseguiu decifrar o que estava acontecendo.
 
"O carro de Senna não consegue chegar aos boxes. Talvez a emoção seja tão forte que por ali ele queira ficar. Um piloto que é todo coração", disse o principal narrador da Globo, mesmo com uma equipe médica ao lado da McLaren do brasileiro. "Senna está emocionado dentro do carro, ele é um feixe de nervos", completou, sem ressaltar o feito incrível que havia acabado de acontecer.
 
Cada problema da McLaren precisava ser compensada pelo esforço físico de Senna. Enquanto isso, o italiano Riccardo Patrese (que terminou em segundo) sonhava com a vitória: a diferença entre os dois chegou a ser de 34s820 e terminou em apenas 2s991.
 
"Tive que mudar a maneira de dirigir. Nas curvas em sexta (marcha), o motor empurrava o carro para fora e eu achei que não ia dar. Mas depois, quanto mais as coisas pioravam, eu procurava em Deus a força para acreditar que a vitória ia se concretizar", disse Senna.
 
"Dói muito, dói tudo", reclamava o piloto depois de cruzar a linha de chegada. "Nas últimas voltas, achei que não iria ganhar", completou o piloto, para a Folha de S. Paulo.
 
No pódio, a situação física precária de Senna ficou visível. Erguer a bandeira do Brasil exigiu um esforço tremendo e, na primeira tentativa de erguer o troféu, quase o prêmio caiu no chão.
 
Resultado final do GP do Brasil em 1991:
 
1. Ayrton Senna (McLaren) - 1h38min28s128
2. Riccardo Patrese (Williams) +0s383
3. Gerhard Berger (McLaren) +5s416
4. Alain Prost (Ferrari) +18s369
5. Nelson Piquet (Benetton) +21s960
6. Jean Alesi (Ferrari) +23s641
7. Roberto Moreno (Benetton) +1 volta
8. Gianni Morbidelli (Minardi) +2 voltas
9. Mika Häkkinen (Lotus) +3 voltas
10. Thierry Boutsen (Ligier) +3 voltas
11. Emanuele Pirro (Dallara) +3 voltas
12. Martin Brundle (Brabham) +4 voltas
 
Demais carros tiveram problemas e abandonaram a corrida.

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