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Do motor ao chefe: os 5 motivos para levar a sério a melhora da Ferrari

Com Vettel, a Ferrari voltou a vencer depois de quase dois anos - MOHD RASFAN/AFP
Com Vettel, a Ferrari voltou a vencer depois de quase dois anos Imagem: MOHD RASFAN/AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

30/03/2015 15h00

Mesmo que a vitória de Sebastian Vettel no GP da Malásia tenha surpreendido até a própria equipe, ninguém duvida que a Ferrari é o time que mais evoluiu em relação ao ano passado na Fórmula 1.

Quando o ano começou, o chefe da equipe, Maurizio Arrivabene previa ganhar duas corridas em 2015. Menos de um mês depois do início da temporada, contudo, os poderosos da Mercedes já tratam os italianos como uma ameaça real.

“Se eu quiser ser otimista diria que a Malásia já tinha sido difícil para nós ano passado e que as temperaturas estavam muito altas e nos prejudicaram”, avaliou o chefe da Mercedes, Toto Wolff, “mas isso seria ingênuo. Acho que eles fizeram um grande trabalho, têm um grande carro, um bom motor e ótimos pilotos.”

Mas, afinal, o que fez a Ferrari passar de quarta colocada no mundial do ano passado para principal rival da Mercedes? Confira cinco motivos que explicam essa virada:

1. Motor mais potente
Ano passado, não era raro ver a Ferrari perdendo 15km/h nas retas em relação às Mercedes. Na Malásia, contudo, o jogo virou: os carros vermelhos atingiram 4km/h a mais que os alemães.

A evolução da unidade de potência italiana também é a principal explicação para a melhora da performance da Sauber, que não pontuou por todo o ano passado e já tem 10 pontos na atual temporada.

Além de aumentar a cavalagem, o time também melhorou a parte híbrida, aplicando mudanças que só poderiam ser feitas, devido a restrições do regulamento, de uma temporada para a outra. “Uma fraqueza grande do carro do ano passado era a quantidade de energia elétrica que conseguíamos recuperar do turbo, que não produzia níveis competitivos durante a corrida”, explicou o chefe do departamento de motor da Scuderia, Mattia Binotto. “Tentamos mudar a arquitetura do motor para criar um melhor comprometimento entre a classificação e a corrida.”

2. Carro mais forte
O SF15-T é o primeiro modelo totalmente desenvolvido sob a tutela do diretor técnico James Allison, o mesmo que produziu grandes carros da Lotus em 2012 e 2013. O britânico foi contratado pela Ferrari em meados de 2013.

Uma das áreas em que o engenheiro trabalhou foi na capacidade do carro se resfriar sem que isso atrapalhasse o rendimento aerodinâmico. E isso foi importante especialmente no calor da Malásia. “Muito do crédito tem que ir para a equipe que fez esse projeto no túnel de vento e também para os desenhistas, porque temos um pacote bastante inovador neste carro”, disse Allison.

3. Túnel de vento
Allison também teve uma importante ferramenta para trabalhar: depois de anos sofrendo com problemas de calibragem, a Ferrari diz ter acertado a mão com seu túnel de vento. Depois de gerar vários resultados que não eram confirmados na pista, atrapalhando o desenvolvimento dos carros da Scuderia, a estrutura foi fechada para uma grande reforma em 2012, sendo reaberta apenas em novembro de 2013. Isso faz com que o carro de 2015 seja o primeiro a ter o projeto inteiro feito no túnel de vento renovado.

4. A calma do chefe
Foi o próprio Maurizio Arrivabene quem disse: um dos fatores para o sucesso da Scuderia é ele mesmo. O italiano chegou em dezembro do ano passado, após uma temporada de instabilidade política na equipe.

Para Arrivabene, sua calma no comando tem sido importante. “Quando você está focado nos seus objetivos você fica calmo, e o grande objetivo é tentar transmitir isso para a equipe. Então se eu começasse a gritar ou tremer durante a corrida, o time começaria a gritar e tremer. Não quero mais ver esse tipo de coisa.”

5. Influência de Vettel
Se na era Alonso costumava-se dizer que a única coisa que não faltava à Ferrari era piloto, muitas vezes o modo de cobrar a equipe do espanhol criava tensões internas. Ainda não se sabe como Sebastian Vettel irá reagir caso as coisas comecem a ir mal, mas a lua-de-mel inicial parece ter feito bem ao clima da Scuderia.

Além disso, Vettel traz a experiência do que funcionou em seu tetracampeonato pela Red Bull, como observou seu ex-companheiro, Mark Webber. “Vi a maneira como a equipe está operando e posso dizer que ele já está tendo uma influência”, testemunhou.

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