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Bianchi fez corrida histórica em Mônaco. Agora amigos torcem por milagre

Bianchi está em coma desde outubro do ano passado - Mark Thompson/Getty Images
Bianchi está em coma desde outubro do ano passado Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Monte Carlo (MON)

21/05/2015 06h52

Em Mônaco, pilotos e equipes preparam-se para uma das provas mais difíceis da temporada, e celebridades se preocupam em ver e serem vistas. Cerca de 30 minutos dali, em Nice, uma das estrelas da corrida do ano passado segue em coma mais de seis meses depois de sofrer o acidente mais grave que a Fórmula 1 viveu desde a morte de Ayrton Senna, há 21 anos.

Jules Bianchi, contudo, segue nos pensamentos de todos, especialmente daqueles que eram seus amigos mais próximos no grid: o brasileiro Felipe Massa, o espanhol Fernando Alonso, o venezuelano Pastor Maldonado e o também francês Romain Grosjean.

“Voltar para cá e não tê-lo aqui é muito triste”, afirma Alonso. “Pensamos nele todo final de semana de corrida, mas ao chegar aqui fica ainda mais difícil de entender o que aconteceu.”

Bianchi sofreu sérias lesões cerebrais quando sua Marussia colidiu com um trator que fazia a remoção de outro carro, na caixa de brita, sob forte chuva no GP do Japão do ano passado, em outubro. Desde então, sua condição é estável, mas o piloto segue em coma e sem previsão de melhora.

O acidente segue intrigando os pilotos. O relatório que investigou as causas colocou a culpa no próprio piloto, que estaria demasiadamente rápido em um setor com bandeira amarelas, e aliviou a responsabilidade de outros parâmetros de segurança. “Não fiquei nem um pouco satisfeito com a causa apontada e nem pelas circunstâncias do acidente. Para mim, não foi erro nenhum do Jules. Foi sim do acontecimento da corrida, como eu critiquei várias vezes durante a corrida. Para mim, era uma corrida muito perigosa”, atacou Massa.

O brasileiro reconhece que sente falta do amigo. “Além dele ser uma pessoa muito bacana, ele era um piloto extraordinário. Ele nunca teve a chance de correr em um carro competitivo, mas pelo que ele mostrou com um carro lento, como o que ele fez aqui com a Marussia no ano passado foi maravilhoso. Ele faz falta, especialmente para mim que sou um grande amigo, uma pessoa com quem eu passava muito tempo no final de semana das corridas. Espero o melhor para ele, que está aqui perto, e o melhor para a família dele também.”

Em 2014, Bianchi conquistou o nono lugar, mesmo depois de ser punido em duas oportunidades durante a prova. Assim, conquistou os únicos pontos da história da equipe que hoje chama Manor.

Grosjean, por sua vez, salientou que os pensamentos em Jules têm sido uma constante desde o acidente - e nada muda em Monte Carlo. “Acho que todos lembram de Jules aqui pela grande performance que ele teve ano passado, mas ele está na minha cabeça desde as últimas corridas do ano passado. Em toda a corrida a que vou, ele está comigo, nos meus pensamentos, não apenas aqui.”

Maldonado, que vive em Mônaco, revelou que faz visitas regulares ao amigo - e demonstra emoção ao falar de Bianchi. “Estou 100% com sua família. Nós éramos… nos fomos muito próximos - não apenas na Fórmula 1, mas desde as categorias de base. Temos o mesmo empresário, treinamos muitos anos juntos na Itália. Eu era muito amigo dele. Eu sou muito amigo dele. Tenho visitado-o no hospital, junto de seu pai. Certamente, temos sentido a falta dele”, diz o venezuelano. “É muito triste voltar aqui sem vê-lo aqui especialmente porque ele viveu seu melhor momento em Mônaco ano passado. Ele fez uma corrida incrível e estamos todos rezando por ele, esperando que aconteça um milagre para que ele possa voltar.”

Alonso também relembrou a corrida que o francês fez em Mônaco em 2014. “Quando você senta em um carro que não é competitivo e faz isso é quase um milagre”. E, se milagres realmente acontecem, é isso que o mundo da Fórmula 1 espera no caso Bianchi.

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