Topo

Fórmula 1

Dez anos após 1º título e há 16 meses sem vencer, Alonso mantém respeito

Do UOL, em São Paulo

25/09/2015 06h00

Há 10 anos, Fernando Alonso cruzava a linha de chegada do GP do Brasil em terceiro lugar para se tornar campeão do mundo pela primeira vez. O piloto, então na Renault, transformou um esporte que sequer era transmitido ao vivo na Espanha alguns anos antes em mania nacional. Em um país de 41 milhões de pessoas, calcula-se que aquela prova em Interlagos tenha sido acompanhada ao vivo por um a cada quatro compatriotas.

Na ocasião, Alonso quebrou um recorde que já durava 33 anos e pertencia ao brasileiro Emerson Fitipaldi, tornando-se o campeão mais jovem da história da F-1, aos 24 anos. Poucas temporadas depois, contudo, a marca seria batida primeiramente por Lewis Hamilton e, em seguida, por Sebastian Vettel - ambos com 23.

Naquela época, Alonso já demonstrava ao mesmo tempo o talento e o caráter lutador - que lhe ajudaria na mesma medida que o atrapalharia nos anos seguintes. Na primeira entrevista após sair do carro, deu uma declaração polêmica. “Eu vim de um país sem tradição na F-1, lutei sozinho porque não tinha ajuda de ninguém por toda a minha carreira. Cheguei à F-1 graças aos resultados e meus patrocinadores e agora acho que este título é o máximo que posso atingir na vida, na carreira, e isso é graças a três ou quatro pessoas, não mais do que isso.”

Em 2005, Alonso começou o ano dominando, aproveitando-se de uma mudança de regras que enfraquecera a Ferrari - que vinha de um pentacampeonato com Schumacher. Venceu três das quatro primeiras provas e, quando a McLaren começou a demonstrar que seria a maior ameaça a seu título, passou a administrar a vantagem. Quebras do carro de Kimi Raikkonen ajudaram o campeonato a ser decidido com duas etapas para o final, com um terceiro lugar em uma corrida complicada pela chuva no Brasil.

No total, foram sete vitórias no ano, sendo a mais memorável em San Marino, após forte duelo com Michael Schumacher nas voltas finais.

Na ‘fila’ desde 2006, piloto ainda é reverenciado

Alonso viria a conquistar o bicampeonato em 2006 com a Renault, desta vez batendo um renascido Schumacher. No ano seguinte, foi para a McLaren e teve problemas de relacionamento dentro da equipe, quebrando o contrato após apenas uma temporada, na qual ficou em terceiro lugar, empatado em pontos com o então companheiro Lewis Hamilton e a um do campeão Kimi Raikkonen.

Alonso, então, voltou à Renault por dois anos, convicto de que precisava correr pela Ferrari para ser campeão. Chegou à Scuderia em 2010 e levou a decisão do título por duas vezes à última etapa do ano, mas não conseguiu mais do que três vices. No final de 2014, seu pior ano em Maranello, na qual foi apenas sexto, trocou o time pela McLaren.

Mesmo sofrendo com a pouca competitividade do conjunto McLaren-Honda e vivendo seu pior ano desde que estreou na F-1, pela Minardi, em 2001 e tendo marcado apenas 11 pontos em 13 etapas, Alonso segue respeitado. No início do ano, Lewis Hamilton disse esperar que “ele volte a lutar pelas primeiras posições o mais rápido possível, porque esse é o lugar dele. Disse várias vezes que o considero meu rival mais rápido e mais talentoso - acho que ele é um dos melhores pilotos que a F-1 já viu.”

O espanhol também faz sucesso entre os mais jovens. Max Verstappen, que tinha 7 anos em 2005, elegeu Alonso como o melhor do grid. "Eu sempre gostei muito dele", afirmou com exclusividade ao UOL Esporte. "É claro que agora ele está passando por um momento difícil, mas quando ele estava pilotando com  um carro que não era capaz de vencer um campeonato, ele sempre conseguiu fazer grandes coisas e obter grandes resultados. Ele é o melhor."

Praticamente uma 'cria' de Alonso, que o apoiou desde o início da carreira, o também espanhol Carlos Sainz, de 21 anos, faz uma longa pausa e reflete antes de responder quem considera o melhor da atualidade. E diz com firmeza: "Fernando Alonso. Sem nenhuma dúvida. Porque ele é o mais completo."

Nos últimos cinco anos, Alonso foi escolhido como o melhor piloto em eleição feita entre os chefes de equipe da Fórmula 1 em 2010 e 2012, ficando em segundo lugar nos últimos dois anos.

Mesmo sem vencer uma prova sequer desde maio de 2013, o espanhol também segue como figura mais rentável da F-1, com 89.66 pontos na escala apresentada pela Repucom no início deste ano e é reconhecido por 98.4% dos espanhóis.O piloto ainda aparece como o mais bem pago no grid, com ganhos na casa dos 39 milhões de dólares anuais, segundo o Business Book.

Fórmula 1