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Como a Red Bull foi de queridinha à equipe mais "reclamona" da F-1

Greg BAKER/AFP
Imagem: Greg BAKER/AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

06/10/2015 06h00

A Red Bull apareceu como construtora na Fórmula 1 em 2005 prometendo mudar a cara dos sisudos times da competição. Desde o clima descontraído de seu motorhome, com direito a piscina em Mônaco, até ações promocionais como a que levou David Coulthard a usar uma capa do Super-Homem no pódio, tudo era diferente e divertido na ex-Jaguar e Stewart.

Isso, até a equipe começar a ganhar. Da primeira vitória, em 2009, para cá, uma série de declarações e atos dos dirigentes do time fez com que sua imagem mudasse a ponto de, hoje, muitos questionarem se a posição isolada em que os tetracampeões se encontram não é fruto de seu próprio veneno.

Descontente com a impossibilidade de lutar contra o domínio da Mercedes com regras que dão grande importância ao motor e sem contar com uma unidade de potência competitiva, a Red Bull dispensou a Renault e, a menos de cinco meses para o início da pré-temporada de 2016, ainda não achou uma substituta, tornando séria a ameaça de deixar a Fórmula 1 com suas duas equipes, Red Bull e Toro Rosso.

As críticas abertas da empresa aos rumos da F-1 atual se intensificaram nos últimos dois anos, após a adoção dos motores turbo V6 híbridos e do início do domínio da Mercedes, mas não são de hoje.

Confira em 5 ‘capítulos’, como a diferente Red Bull se tornou alvo de críticas.

1.  Ordens de equipe
A Red Bull sempre se mostrou contra as ordens de equipe e garantiu que jamais as utilizaria. Quando Felipe Massa deu a vitória do GP da Alemanha de 2010 a Fernando Alonso, o chefe do time, Christian Horner, disse que aquilo era “errado para o esporte”.

Um ano depois, o então piloto da equipe Mark Webber revelou ter recebido ordens para não atacar Sebastian Vettel no GP da Grã-Bretanha. Em 2013, na Malásia, foi Vettel quem recebeu a instrução de deixar Webber vencer - e não cumpriu.

2. Reclamações sobre os pneus
Quando Fernando Alonso venceu o GP da Espanha de 2013 com uma estratégia de quatro paradas nos boxes, o dono da Red Bull criticou duramente a fornecedora de pneus, a Pirelli. “Isso não tem mais nada de corrida de carros. É uma competição de administração de pneus. As corridas de verdade são diferentes. Nestas circunstâncias, não conseguimos tirar o máximo de nossos carros”, reclamou Dietrich Mateschitz. Por questões de segurança após estouros no GP da Grã-Bretanha, a Pirelli mudou os pneus no meio da temporada - e a Red Bull venceu 10 das 11 provas disputadas até o fim do campeonato.

3. Críticas públicas à parceira Renault
As broncas começaram ainda em 2014. Antes da metade da temporada, o consultor Helmut Marko já falava em “procurar alternativas caso não consigamos ficar no nível das Mercedes”. As críticas se intensificaram na última temporada até o anúncio da quebra de contrato em setembro. As críticas não caíram bem entre os franceses: “Quando você vence, ninguém nota seu motor, e quando você perde, você é criticado”, afirmou o presidente da Renault, Carlos Ghosn.

4. Ou regras mudam, ou saímos da F-1
Depois de chamar o motor Renault de “inguiável” logo na primeira corrida de 2015, Christian Horner se disse preocupado com o futuro da F-1 e pediu que as regras fossem alteradas para acabar com o domínio da Mercedes. Foi nessa época que começaram as ameaças mais fortes de deixar a categoria. “Quando nós estávamos ganhando - e nunca tivemos a vantagem que a Mercedes tem - os difusores duplos foram banidos, os escapamentos foram modificados, as asas flexíveis foram banidas, o mapeamento de motor foi mudado - tudo foi feito para nos parar”, comparou o dirigente.

5. Ferrari está ‘de brincadeira’
Tentando encontrar uma nova fornecedora para 2016, a Red Bull poderia contar com a Mercedes ou a Ferrari. A primeira demonstrou desconforto com a maneira como a Renault havia sido tratada e não ofereceu seu equipamento, como deu a entender Toto Wolff. E a segunda ofereceu motores com um ano de defasagem de tecnologia. “Eles estão de brincadeira conosco. Mas não queremos brincar. É atrevido nos oferecer um motor de 2015 quando, ao mesmo tempo, Sauber e Haas vão usar os novos”, reclamou Marko. Definitivamente, não é a melhor forma de iniciar uma parceria.

Uma decisão sobre o futuro da Red Bull e da Toro Rosso é esperada para os próximos dias. As equipes estarão na Rússia, onde a F-1 disputa a 15ª etapa da temporada com classificação às 9h do sábado e corrida às 8h pelo horário de Brasília. Os treinos livres estão marcados para as 4h e 8h da sexta e 6h do sábado.

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