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Com estreia dos sonhos, equipe Haas causa 'ciúme'. E promete mudar a F-1

Peter Fox/Getty Images
Imagem: Peter Fox/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

11/04/2016 06h00

Um sexto lugar logo na prova de estreia na Fórmula 1 poderia ser colocado na conta da sorte. Mas o quinto posto na corrida seguinte, após passar todo o final de semana entre os 10 primeiros, já não pode ser tratado como coincidência. Primeira equipe totalmente nova na categoria desde 2010, a Haas já causa ciúme no paddock. E promete mudar a forma das equipes se organizarem.

O grande segredo do time do norte-americano Gene Haas, que possui experiência vitoriosa na Nascar, é um antigo conhecido do mundo da indústria: terceirização. O projeto da equipe utiliza todas as brechas que o regulamento permite para utilizar peças da Ferrari, time com o qual formou uma estreita parceria ainda em 2014.

“É o sonho americano”, exclamou Romain Grosjean após o quinto lugar no GP do Bahrein. Porém, o sucesso repentino tem explicações mais realistas. ALém de ter unidade de potência e transmissão fornecidas pela Ferrari, a Haas se beneficiou do túnel de vento do time italiano, usado para desenvolver seu chassi - que também é terceirizado, construído pela Dallara.

A ampla utilização do túnel de vento, que não teve a necessidade de atender aos limites de horário estabelecidos pelo regulamento pelo fato da equipe não estar inscrita no campeonato de 2015, foi bastante questionada pelos rivais ano passado - e está proibida daqui em diante.

Apesar de não ter infringido o regulamento, a Haas está sendo alvo de críticas por abrir o caminho para as chamadas equipes-clientes, espécie de versão B, algo que vai contra o DNA da F-1, nascida como um campeonato de construtores.

“Acho que o que o Haas fez é bom para ele, mas não sei se é o melhor caminho para a F-1”, questionou o diretor técnico da Williams, Pat Symonds. “É totalmente legal, mas é o que a F-1 quer? Não tenho certeza. Eu prefiro que a Fórmula 1 seja mais baseada em construtores.”

Durante a transmissão do GP do Bahrein, o ex-piloto e comentarista espanhol Pedro de la Rosa, também questionou a permissividade dos dirigentes com o time norte-americano, o primeiro do país a correr na F-1 em três décadas.

“O que me surpreende é que na Hispania, com toda nossa humildade, tentamos usar superfícies aerodinâmicas da McLaren da temporada anterior e não deixaram. O que me estranha é eles terem conseguido. Eu apoio equipes clientes, desde que valha para todo mundo.”

Para o chefe da Haas, Guenther Steiner, tais questionamentos só mostram que o time está no caminho certo. “Não sei o que eles estão pensando. Cada um tem de cuidar do seu antes de criticar os demais. As regras são as mesmas para todos”, defendeu.

“Não fazemos nada diferente dos demais, fico tranquilo quanto a isso. Muitos não esperavam [ter resultados abaixo do que esperavam], mas eles têm que superar isso. Não tivemos nenhuma vantagem, então não deveríamos ser criticados.”

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