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Nível de preparo dos europeus surpreendeu postulantes brasileiros à F-1

Nasr deve ser único representante do Brasil na próxima temporada -  Mark Thompson/Getty Images
Nasr deve ser único representante do Brasil na próxima temporada Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Cingapura

21/09/2016 06h00

No final da década de 1990 e início dos 2000, o Brasil não parava de exportar jovens talentos no automobilismo, que frequentemente chegavam à Fórmula 1. Até 2010, o país tinha quatro representantes na categoria máxima do esporte, número semelhante ao de outras potências da modalidade atualmente, como Grã-Bretanha e Alemanha.

De lá para cá, contudo, o número de brasileiros disputando categorias importantes na Europa diminuiu consideravelmente. E hoje em dia é difícil antever quem pode ser o próximo piloto do país a despontar na F-1.

Para Amir Nasr, que foi o mentor da carreira do sobrinho, Felipe, e tem larga experiência na formação de pilotos, ao mesmo tempo em que as categorias nacionais, como a Fórmula 3, perderam representatividade, os pilotos europeus começaram a se preparar mais cedo, tirando uma vantagem que os brasileiros tinham no passado.

“O grande choque foi a preparação que eles têm desde muito cedo, o que nós não temos no momento. É aí que nós fomos pegos de surpresa porque tínhamos uma base muito boa para nossos pilotos. Eles chegaram na Europa com uma bagagem muito além do que os europeus tinham”, disse em entrevista exclusiva para o UOL Esporte.

“A idade mínima para a Fórmula 1 era mais alta e isso também ajudou. Depois, acho que até inspirados pelo que fazíamos no Brasil, eles melhoraram o nível na Europa. Começaram a dar mais atenção à parte de nutrição, ao acompanhamento psicológico - e enquanto o brasileiro aprendeu tudo isso dando cabeçada, na Europa eles tinham uma escola para dar o caminho.”

Há 10 ou 15 anos, casos como o de Fernando Alonso, que chegou à Fórmula 1 antes dos 20 anos, eram raros. Hoje, é difícil ver um estreante acima desta idade, indicando que todo o processo está acelerado.

Isso significa, para Nasr, ou que os brasileiros têm de ir muito cedo para a Europa, o que poucas famílias têm como bancar, ou que a estrutura dentro do país tem de ser fortalecida.

“Acho que é preciso uma estratégia, uma política para o esporte se fortalecer de novo. O vôlei, por exemplo, só conseguiu evoluir mesmo depois que começaram a trabalhar na base e foram buscar gente em todo o Brasil. A nova política precisa focar mais no desenvolvimento dos jovens talentos, com uma atualização nos procedimentos. Nós temos profissionais bons, mas eles estão espalhados porque não existe estratégia”, defende.

“O brasileiro continua tendo um talento natural para o automobilismo. É como no futebol. Nós temos muitos e eles estão lá. É besteira dizer que isso acabou. Só é preciso dar oportunidade para eles se desenvolverem.”

Com a confirmação de que Felipe Massa está fazendo sua última temporada na Fórmula 1, Felipe Nasr deve ser o único representante do país no próximo ano. O brasiliense, contudo, espera as próximas semanas para anunciar um novo contrato.

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